O Papa Francisco presidiu Missa nesta quinta-feira (24), às 18h (horário de Roma) em ação de graças pela canonização de São José de Anchieta. A celebração aconteceu na Igreja de Santo Inácio de Loyola. Durante a homilia, ele ressaltou a juventude e a intrepidez do santo jesuíta, um dos maiores responsáveis pela consolidação da doutrina católica em terra brasileira.
Tendo chegado aos 19 anos ao Brasil, Anchieta não tinha muitos estudos, mas portava o que era necessário para a missão: a alegria de quem tinha recebido o olhar de Jesus Cristo. Diante da imagem de um Anchieta jovem, a escrever na areia de uma praia brasileira o nome “Maria”, Francisco afirmou que o jesuíta soube comunicar Cristo porque não teve medo da alegria:
“Ele, junto a Nóbrega, é o primeiro jesuíta que Inácio envia a América. Um menino de 19 anos… Era tal a alegria que tinha, tal era o gozo, que fundou uma nação, pôs o fundamento cultural de uma nação em Jesus Cristo. Não tinha estudado teologia, não tinha estudado filosofia, era um menino, mas que tinha sentido o olhar de Jesus Cristo, e se deixou alegrar, e optou pela luz. Esta foi e é sua santidade: Não teve medo da alegria”, afirmou. Para Francisco, o santo soube comunicar o que ele havia experimentado com o Senhor, o que havia visto e o que havia ouvido dele.
Na celebração, estavam presentes representantes políticos, como os senadores Renan Calheiros e Michel Temmer, representantes religiosos, de movimentos da Igreja e de novas comunidades. Membros da Comunidade Católica Shalom reunidos em Roma para participar da canonização de João Paulo II e João XXIII no próximo domingo (27) participaram da Missa. Alguns missionários do Shalom leram preces, cantaram e acolitaram. Os padres da Comunidade de Vida Silvio Scopel, Aristóteles Alencar e Francisco Almeida concelebraram.
O rito foi rezado em português, mas o Papa fez a homilia em espanhol, que também era a língua materna de São José de Anchieta. Ao final, o bispo de Aparecida e presidente da CNBB, cardeal dom Raymundo Damasceno agradeceu ao pontífice. O Papa rezou diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Mais uma vez, Francisco centra o discurso na “alegria”, tema que lhe rendeu também o título de sua primeira exortação apostólica “Evangelii Gaudium” (Alegria do Evangelho).
“É mais fácil ir a um cartomante, que te adivinha o futuro, do que confiar na esperança de um Cristo triunfante, de um Cristo que venceu a morte. É mais fácil uma ideia, uma imaginação, do que a docilidade a esse Senhor que ressurge da morte. Esse processo de relativizar tanto a fé termina nos distanciando do encontro, da carícia de Deus. É como se destilássemos a realidade do encontro com Jesus Cristo no alambique do medo, no alambique da excessiva segurança, de querer controlar nós mesmos o encontro. Os discípulos tinham medo da alegria. E nós também”, afirmou na Missa de hoje.
Para o Papa, a alegria do encontro com Jesus Cristo, essa que dá tanto medo de assumir, é contagiosa, e grita o anúncio: “A Igreja não cresce por proselitismo, mas pela atração testemunhal deste gozo que anuncia Jesus Cristo. Este testemunho que nasce da alegria assumida, logo transformada em anúncio, é a alegria fundante. Sem este gozo, sem esta alegria, não se pode fundar uma Igreja, não se pode fundar uma comunidade cristã”.
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Emanuele Sales