No decorrer dessas semanas, vimos que um herói da fé pode ser quase tudo: fraco, pecador, inexperiente, enfermo, pequeno, até mesmo um assassino, menos um covarde. De fato, a vida cristã é uma grande batalha, uma luta cotidiana contra o mundanismo, os apelos da carne e as insídias do maligno, na qual não há espaço para a pusilanimidade, portanto, entre quedas e soerguimentos, de combate em combate, é que vigorosamente são forjados os santos.
E onde nasce essa coragem heroica? Já aprendemos isso também: vem de Deus – o forte Guerreiro, o Valoroso nas batalhas, o Senhor dos exércitos, que socorre intrepidamente Seu povo eleito, como vemos no livro de Isaías: “Habitantes dos rochedos, aclamai; dos altos montes sobem gritos de alegria! Todos eles deem glória ao Senhor, e nas ilhas se proclame seu louvor. Eis o Senhor, como um herói que vai chegando, como um guerreiro com vontade de lutar, solta seu grito de batalha aterrador, como um valente que enfrenta os inimigos” (Is 42, 11b-13).
Dito isso, nos deparamos com a passagem do Evangelho de São Mateus que retrata bem o tipo de coragem que um herói da fé precisa ter: “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele” (Mt 11,12). Tal violência refere-se tanto à ação de lançar-se nos caminhos de Deus em um grande ato de abandono, fé e esperança, quanto à necessidade de, por vezes, fazer violência contra si mesmo, contrariando a própria vontade, a fim de configurar-se inteiramente aos planos divinos, pela força do Espírito Santo, através do exercício das vigorosas virtudes da fortaleza, longanimidade, perseverança e coragem.
Um herói da fé militar
Assim, desde os dias de João Batista, vem-se formando um poderoso exército de homens e mulheres santos, em prol da luta pelas almas do mundo. E por falar em exército, hoje vamos falar sobre os santos militares. Há muitos casos de cristãos ou pagãos que primeiro dedicaram suas vidas ao serviço militar e que acabaram chamados a servir exclusivamente ao Senhor ou mesmo a sofrer o martírio para não apostatar da fé.
Para citar alguns desses santos guerreiros ou santos atletas de Cristo (como também são conhecidos), temos: São Cristóvão, Santo Expedito, São Jorge, Santo Inácio de Loyola, Santo Eustáquio, São Martinho de Tours, Santa Joana D’Arc e o nosso herói da fé de hoje: São Sebastião. Nascido na cidade de Narbona, na França, no ano de 256 d.C., Sebastião mudou-se para Milão com sua família quando ainda era pequeno. Lá ingressou na carreira militar, a exemplo de seu pai, chegando à importante patente de Capitão da 1ª Guarda Pretoriana. Sua grande dedicação à carreira era conhecida, inclusive, pelo imperador Maximiano, que governava o Império Romano do Ocidente.
Porém, a origem cristã de Sebastião era desconhecida pelo imperador. Sebastião não tomava parte nos martírios dos fiéis e nos cultos pagãos da época, ao contrário, costumava visitar os cristãos presos e prestar socorro aos que estavam enfermos. O imperador, por sua vez, ao tomar conhecimento que havia cristãos servindo em seu exército, iniciou uma grande investigação a respeito desses soldados e acabou expulsando todos eles, exceto os que eram filhos de outros militares, como era o caso do nosso herói da fé.
Todavia, quando Maximiano descobriu que Sebastião também era cristão, exigiu que renunciasse à fé em Jesus Cristo, pois o imperador se sentia traído pela opção religiosa de um de seus melhores combatentes, porque, desde o governo de Caio Júlio César Otaviano (27 a.C. a 14 d.C.), os imperadores romanos recebiam o título de Augustus e eram considerados como deuses, aos quais os súditos deveriam prestar culto. Sebastião, no entanto, resistiu às investidas de Maximiano, e acabou sendo condenado à morte, para servir de exemplo aos outros soldados.
Uma morte cruenta e dolorosa
O imperador ordenou que o capitão tivesse uma morte cruenta e dolorosa, para aterrorizar os demais cristãos, assim, o jovem foi amarrado em um poste do Stadio Palatino, alvejado por várias flechas e abandonado para que sangrasse até morrer. Entretanto, horas depois, o jovem capitão foi resgatado por uma cristã chamada Irene, que o escondeu em sua casa e cuidou de seus ferimentos até que Sebastião se recuperasse totalmente. Curado, ele foi ao encontro de Maximiano, a fim de suplicar pelo fim da perseguição aos cristãos, porém, o imperador ordenou que Sebastião fosse açoitado até a morte e que seu corpo fosse jogado em uma fossa, para que nenhum cristão pudesse encontrá-lo.
Depois de morto, Sebastião apareceu em uma visão a Lucina, outra cristã romana, revelando-lhe a localização exata do seu corpo e pedindo que fosse enterrado nas catacumbas dos apóstolos. Todavia, muitos acreditam que ele foi sepultado no jardim da casa de Lucina, na Via Ápia, onde ergueu-se uma basílica em honra de sua memória. O culto a São Sebastião surgiu no século IV e difundiu-se rapidamente pelas Igrejas Católica e Ortodoxa, atingindo seu ápice entre os séculos XIV e XV.
Por fim, resta dizer que, pelo seu testemunho de fé, coragem e violência de coração, São Sebastião e tantos outros santos militares foram verdadeiros heróis da fé e puderam, concretamente, unir-se ao salmista que proclama a vitória dos fiéis na luta pelo Reino dos Céus: “Bendito seja o Senhor, meu Rochedo, que adestrou minhas mãos para a luta, e os meus dedos treinou para a guerra! Ele é meu amor, meu refúgio, libertador, fortaleza e abrigo. É meu escudo, é nele que espero” (Sl 143, 1-2).
São Sebastião, rogai por nós!
Como Cristão, foi morto por recusar-se a prestar culto a Maximiano; com todo o respeito acredito ser o certo nós fazermos o mesmo e não prestar-lhe culto.
Excelente colocação.
Não devemos ter ídolos.
Sebastião de Narbona é um gigante da fé, mas o único que roga por nós é o Espírito Santo do Senhor. Deus nos abençoe, irmãos