Na quaresma deste ano, estive mais silencioso do que nos anos anteriores. Achei meio estranho, parecia que Deus queria me preparar para algo, mas não me prendi nisso e deixei tudo acontecer conforme ele quisesse.
Vivi os 40 dias me propondo a me abrir a vontade Dele para essa ressurreição, me decidi de fato, a passar pela Cruz junto do Cristo Ressuscitado e abraçar toda obra nova que Ele teria a realizar em minha vida nesse novo ano.
Em 2018, logo após as oitavas da páscoa, aconteceram diversas coisas em minha vida, um giro que deixou minha vida de ponta cabeça. Perdi contato com pessoas que nunca imaginava perder, me feri em alguns aspectos que não imaginava ser ainda uma ferida exposta. Me afastei da Comunidade, fiquei com medo de retornar por conta de possíveis olhares, comentários, enfim, todo aquele medo bobo quando esquecemos de olhar o essencial, como diz Santa Teresa, “Mira que te mira”.
Passada a semana das missas de compromisso da minha missão neste ano, onde tive a graça de participar das primeiras promessas e promessas definitivas, Deus falava comigo como nunca tinha falado antes.
28/04/2019 domingo da Divina Misericórdia, o dia que Deus não apenas falou, mas gritou, o dia que Ele rasgou meu coração me levando novamente a enxergar de fato a sua misericórdia em minha vida.
Depois de 01 ano de toda reviravolta que vivi, hoje o Senhor me mostra novamente que me escolheu, e vem ao meu encontro assim como o pai do filho pródigo fez. Hoje Ele me diz mais uma vez que sim, é possível eu olhar para Ele e voltar a dar passos junto Dele rumo à santidade.
Duas coisas nesse domingo da misericórdia me tocaram muito em uma oração. A primeira foi a passagem de Isaias 43, 1-7. Nessa passagem vemos claramente o Senhor dizer que Ele mesmo nos resgata de onde estamos, Ele nos chama pelo nome pois somos dele, as águas não nos submergirão e o fogo não nos queimará, pois Ele sempre estará ao nosso lado.
Outra coisa que me marcou foi o trecho do Diário de Santa Faustina descrito no Caderno 1, logo no início do diário:
“Quando olho para o futuro, o medo me inunda, mas por que aprofundar-me no futuro? Para mim, é precioso apenas o momento presente, pois o futuro talvez não venha à minha alma. O tempo que passou não está em meu poder! Algo mudar, consertar ou acrescentar, não o conseguiu nem o sábio, nem os profetas, portanto, fique com Deus o que o passado em si encerrou.” (Santa Faustina Kowalska)
Irmãos, tomemos coragem de levantar e ouvir a voz daquele que nos chama todos os dias, que nos tira de todo o lamaçal e com festa nos recebe de braços abertos. Deixemo-nos no passado o que é do passado e vivamos o hoje, vivamos a obra nova, deixando Deus podar aqueles galhos secos ainda presos em nós, e voltemos nosso olhar ao que é essencial. A misericórdia de Deus é infinita e Ele a derrama sobre nós a cada dia, em cada eucaristia e em cada confissão.
Hoje, certo da voz que me chama e da sua misericórdia que me alcança, eu tomo minha cruz e retomo o caminho que Deus trilhou para mim.
Por Alexsander Oliveira