HOMILIA – MISSA DOS 15 ANOS MISSÃO SHALOM-JPA
ARQUIDIOCESE DA PARAÍBA
Pe. Marcelo Monte de Sousa
O Sol da Justiça que nasce primeiro nas vida dos últimos
“Eu procuro, Senhor a luz do vosso rosto”. (Sl 26) Esta alegre busca que nos sugestiona o salmo da liturgia da missa de hoje nos faz recordar o fato ordinário que nos cerca todas as manhãs na encantadora cidade de João Pessoa, “Aqui, em João Pessoa, aqui, na Paraíba, o sol nasce primeiro”. Que notícia repleta de sentido, e não somente um sentido da natureza das coisas, mas também nos informa um sentido de fé. O Sol da Justiça é Cristo, e é para Ele que devemos voltar nossa existência, mesmo quando nossa existência não corresponda à altura Dele; na verdade, isto nunca acontecerá nesta terra. Mas porque ter fé? Porque anunciar o Sol da Justiça, que nasce primeiro na vida dos últimos? Na Igreja Antiga, havia o costume de o Bispo ou o sacerdote, após a homilia, chamar os crentes exclamando: “Conversi ad Dominum – agora voltai-vos para o Senhor”. Isto é, fazê-los com que se virassem para o Oriente – na direção donde nasce o sol como sinal de Cristo que volta, saindo ao seu encontro na celebração da Eucaristia. E hoje, para onde devemos voltar nossa existência? Continua sendo para o Senhor. A simbologia da Missa é a melhor catequese para isso, basta observamos a disposição de cada objeto na Sagrada Liturgia: o altar que deve permanecer no centro, e junto com ele, a cruz do sacerdote e a cruz do povo. Não dois lugares distintos, mas, o povo e o sacerdote, todos juntos olhando para o Oriente, para o Senhor que está voltando!
Na ocasião dos 15 anos do Carisma Shalom na terra em que o Sol nasce primeiro, e nasce primeiro para os últimos, podemos meditar sobre o sentido, a qualidade da primazia da nossa vida. O profeta Elias, se cansou de caminhar, precisou ser alimentado pelo pão. Quanto vezes, quantas muitas vezes também nos cansamos, e mesmo sabendo que o Sol da Justiça vai nascer todas as manhãs, nos acostumamos com sua luz. E as palavras do salmista de hoje vão se esvaindo, a fé vai nos faltando, o louvor vai morrendo!
O que fazer? O segredo estará sempre na lógica do Evangelho, a lógica do sair de si. As palavras ditas ao profeta Elias também no cabem hoje: “Sai e permanece no monte à espera do Senhor, porque o Senhor vai passar” (1Rs 19,11). Na celebração destes 15 anos, o Senhor também nos pede essa saída missionária; e não devemos sair de qualquer forma, o movimento não deve ser o da falta de fé, mas olhando para Ele, o Oriente que se desponta apaixonadamente em todas as manhãs de nossa existência, buscar a face Dele. Buscar seu amor movido pela Misericórdia, misericórdia esta que foi forjada na Carne Bendita seu Filho na Cruz. (contar a antiga lenda judaica do óleo).
O Sol que nasce em João Pessoa, obviamente, não é mais forte que Sol da Justiça que chamou-nos para a eternidade, mas, podemos, usar esse elemento da vida comum para não nos esquecermos do nosso chamado à santidade: quando os raios do Sol de Cristo nos tocam, não podemos nos antepor ao seu movimento misericordioso, devemos assumir o nosso lugar de batizados no coração da Igreja. No Batismo, o Sol da Justiça, entra e penetra na vossa vida pela porta do coração. Já não estamos um ao lado do outro ou um contra o outro. Ele, o Ressuscitado que venceu nossa morte, atravessa todas estas portas, inclusive, as portas das resistências que apresentamos a Ele. A realidade do Batismo consiste nisto: Ele, o Ressuscitado, vem como Sol ao nosso encontro; vem até nós, até às nossas inúmeras quedas e une a sua Vida com a nossa conservando-nos dentro do fogo vivo do seu amor. É por isso, que não devemos nos cansar de anunciar esse Sol, Ele continuará nascendo primeiro, desde que nos coloquemos no último lugar, no lugar dos que até se cansam por causa da ocupação do apostolado, mas levantam-se, e alimentados pelo Pão da Eucaristia, anunciam que Ele está Vivo e Ressuscitado, e ilumina a todos, desde que estejamos olhando para Ele! Que Nossa Senhora, a Mãe do Sol da Justiça, nos alcance a graça de amar a Deus, em qualquer circunstância!