O anúncio da data de beatificação aguardada com grande expectativa pela Arquidiocese de Mariana foi confirmado em 22 de junho pelo postulador da Causa de Beatificação da Venerável, doutor Paolo Vilotta, em carta ao arcebispo metropolitano, dom Airton José dos Santos.
“Vamos trabalhar intensamente e adquirir experiência na preparação [da beatificação] daqueles que são colocados pela Igreja como modelos de vida e santidade para todo o Povo de Deus”. Ao destacar a alegria e a honra pela beatificação da Serva de Deus Isabel Cristina, a primeira da Arquidiocese de Mariana, o arcebispo pede a todos os fiéis que se empenhem e rezem para esse momento.
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“Recebemos com muita alegria e esperança essa confirmação de sua beatificação. Esperança porque se trata de uma jovem que deve inspirar tantos outros a viverem com coragem o testemunho da fé, da esperança e da caridade. Isabel Cristina soube viver em grau heroico as virtudes cristãs, sobretudo, o testemunho da sua fé pela vivência da caridade através de sua participação na Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). Destaco ainda a sua coragem na defesa da vida e do valor da castidade, enfrentando com esperança o sofrimento da qual ela foi vítima. Jovem de fé, cultivava seu amor a Maria, por isso, ela estava com terço em sua mão, em forma de anel, quando a encontraram morta em seu apartamento em Juiz de Fora”, comenta monsenhor Danival Milagres, pároco da paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena (MG).
Segundo o sacerdote, a beatificação da Serva de Deus se tornará bênção para toda a Arquidiocese de Mariana, especialmente para os jovens. “A santidade que nós reconhecemos na vida de Isabel Cristina se dá por tudo aquilo que ela viveu e recebeu da sua família. Portanto, é sinal de esperança também para as nossas famílias: cultivarem nos lares os valores da nossa fé para que a vivência da santidade se torne uma realidade na vida de cada um de nós. Que a Serva de Deus Isabel Cristina interceda a Deus pela nossa Igreja, pela nossa Arquidiocese de Mariana e pela cidade de Barbacena”.
Serva de Deus Isabel Cristina
Filha do casal católico José Mendes Campos e Helena Mrad Campos, Isabel nasceu em 29 de julho de 1962 em Barbacena e, segundo depoimentos divulgados pela arquidiocese de Mariana, era “sensível, sobretudo aos mais pobres, idosos e crianças, o que certamente aprendeu na família, que era vicentina”.
Assídua na Santa Missa e na recepção dos sacramentos, Isabel participou, quando adolescente, da Associação de Voluntariado das Conferências de São Vicente, de cujo conselho central em Barbacena o seu pai era presidente.
Em 1982, foi fazer um curso pré-vestibular em Juiz de Fora, esperando ser aprovada na faculdade de medicina: tinha o sonho de tornar-se pediatra para atender especialmente as crianças pobres. Na cidade, frequentava a igreja do Cenáculo, onde fazia adoração ao Santíssimo Sacramento solenemente exposto.
Morreu na luta pela castidade
No dia 1º de setembro do mesmo ano, um homem foi montar um guarda-roupa no pequeno apartamento para onde se mudara com seu irmão, Paulo Roberto, e tentou violentá-la. Encontrando resistência, deu-lhe uma cadeirada na cabeça, amarrou, amordaçou e rasgou suas roupas. Como continuou a resistir, foi morta com 15 facadas. Foi um crime cruel, com grande repercussão e que abalou muito a família e todos os que souberam do caso.
De acordo com a arquidiocese de Mariana, foram os fiéis que “tiveram a iniciativa de entrar com o pedido de um processo para sua beatificação”, o que se concretizou em 2001. Em 2020, o Papa Francisco reconheceu o martírio da serva de Deus. A beatificação, no entanto, precisou ser adiada devido à pandemia de covid-19.