Após anos de pandemia tudo está voltando ao anormal. Sim você não leu errado, quis dizer anormal mesmo. Estudos comprovam que o vírus é capaz de deixar algumas sequelas no organismo e uma delas é a disfunção na memória dos infectados, mas ainda não é esse tipo de esquecimento que me refiro, mas sim do lapso da experiência com a morte a qual todos tivemos, se não foi de forma pessoal foi com pessoas próximas,
Essa experiência com a morte é dolorosa, mas ela faz aquilo que poucas coisas nessa vida são capazes de fazer por nós, que é tirar tudo aquilo que é desnecessário e que fomos agregando ao longo da nossa vida e pensávamos que não podíamos viver sem. Essas coisas e valores prescindíveis que adquirimos estão retomados novamente como se nunca tivéssemos notado a futilidade e com isso voltando a nossa anormalidade.
Um tempo novo e diferente
Durante todo esse tempo, não ouvi nenhuma história de alguém que no leito de morte pediu para fazer mais uma hora extra, ou querendo dar sua última volta em seu carro importado, ou preocupado com o que devem estar falando dele. Mas sei também de famílias que experimentaram do perdão que parecia ser impossível, de abraços nunca dados, de “te amo” nunca ditos, essas coisas foram como bálsamo nas feridas abertas e tudo isso devido ao confronto com a morte.
Todos pensam que foi a morte que abriu as feridas, mas na verdade elas já estavam abertas, a morte simplesmente favoreceu que o bálsamo fosse derramado e assim pudesse trazer o ser humano para aquilo que é essencial na vida. Se retornarmos a carregar todas aquelas coisas que durante a pandemia tínhamos despojado, adoecemos novamente, voltaremos para o “velho anormal de cada dia”.
A morte é algo natural da vida, mas e esse seu apego da autoimagem que o impede de pedir perdão, de amar e de consumir sua vida por algo que vale a pena, é algo que é natural da vida ou você criou para fugir da realidade onde a sua vida se encontra?!
Saymon Azevedo
Consagrado Comunidade Aliança – Missão Ponta Grossa
Psicoterapeuta