Formação

Maria, a mulher vestida de sol

Maria não é aliança, ela é arca; não é pão, ela é mesa; não é a luz, ela é o candelabro.

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Celebrar a festa da Assunção de Maria é levantar os olhos para o céu e, por alguns instantes, compreender que não somos feitos para a terra, mesmo que caminhemos mergulhados até o pescoço nos problemas e dramas humanos.O nosso caminho se faz mais luminoso, generoso e mais fácil quando nos deixamos invadir pela alegria de ter no Céu Maria, nossa Mãe, que intercede e roga por nós.
A assunção ao Céu é um mistério que foge à nossa compreensão. A Igreja demorou para proclamar esta verdade.

O dogma

Foi no dia 1º de novembro de 1950. Eu me recordo, embora vagamente, deste acontecimento. Era menino de cinco anos, mas na paróquia e na minha casa se festejou e houve procissão, uma festa simples do povo de roça, mas que amava Maria. Minha mãe Domênica, analfabeta, mas apaixonada pela Virgem Maria, me transmitiu que o amor a Maria não se discute e que tudo o que se pede a ela se recebe. Na verdade, o sim de Maria comprometeu toda a sua liberdade, e foi pelo sim dela que o Verbo eterno se fez carne, habitou entre nós e assim pudemos contemplar o rosto do Pai refletido em Cristo Jesus. Maria assunta ao céu não se distancia de nós, mas está sempre perto, e a ela nós podemos nos dirigir como filhos à mãe, sabendo que sua missão é interceder e suplicar por nós. “Nunca se ouviu dizer que alguém tenha recorrido a Maria e que sua prece não fosse escutada”, diz o grande místico e apaixonado de Maria, Bernardo de Claraval.

O sinal

Mulher vestida de sol: os padres da Igreja nos recordam uma belíssima verdade: Maria não é aliança, ela é arca; não é pão, ela é mesa; não é a luz, ela é o candelabro. O centro de todo o anúncio do Evangelho é Jesus e só Jesus. Mas Maria é aquela que nos convida a entrar no centro da fé. O sinal que aparece no céu é uma “mulher vestida de sol”, soberana, maravilhosa, luminosa, mas não dominadora, aos seus pés há luz, uma coroa de doze estrelas.Quem são as estrelas? As tribos de Israel, a memória dos doze apóstolos? As doze Igrejas? Creio que podemos também entender que estas estrelas são o símbolo de cada virtude de Maria, com as quais ela está preparada para vencer o mal. Ao lado da Virgem, isto é, ao lado do amor, do bem, sempre apareceu a força destruidora do mal. O dragão, símbolo do mal, não poderá vencer o Filho da mulher vestida de luz, que é Cristo.A mulher que foge no deserto: esta imagem nos recorda que Maria caminha conosco em todos os momentos nos desertos de nossa vida. Como nós nos relacionamos com Maria? Nós a temos como mãe carinhosa, certos da proteção dela, que nos nossos desertos é refúgio para nós? Ou quem sabe temos por Maria um “devocionismo” vazio de conteúdo que diminui a grandeza da mãe de Deus? O nosso amor a Maria deve ser um amor teologal e filial, ao mesmo tempo, forte e corajoso. E a melhor maneira para manifestar o nosso amor é viver como ela viveu, lutando em favor da vida e contra a morte.

O cântico de Maria

Maria, primícia da glória: Havia na comunidade “grupos” dissidentes que colocavam em discussão a ressurreição de Jesus. Segundo eles, Jesus não teria ressuscitado e, portanto, o ser humano caminhava no fim de sua existência para a morte. E que no sacrifício da vida a nossa fé em Cristo seria só uma adesão passageira enquanto nós estamos vivos e nada mais. Paulo reage com firmeza a esta ideia que estava se difundido em Corinto e que provocava muito mal estar nos cristãos. Ele afirma com clareza: “Cristo ressuscitou dos mortos. Ele está vivo!” A lógica de Paulo não admite dúvida. A morte entrou no mundo pelo erro de Adão, pelo pecado de um homem, mas a vida entrou no mundo pela ressurreição de um homem: Cristo. Nele todos nós vivemos e para sempre. Se Cristo é primícia da ressurreição, com Ele todos nós um dia iremos ressuscitar e estaremos gloriosos no Céu. Deus elevou os humildes: O Evangelho de hoje nos é familiar. É o cântico no qual Maria eleva a Deus o seu pensamento e canta a alegria de ter sido escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador. O cântico de Maria não começa na casa de sua prima Isabel, mas com a sua resposta ao anjo que a convida a acolher o convite de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!” Naquele mesmo instante, o Verbo nela se fez carne e vida. E começa Deus ahabitar entre nós, a ser o Emanuel, o Deus conosco. O Magnificat nos faz descer na profundidade da alma de Maria que,na simplicidade revela quem é: uma mulher simples, agradecida, cheia de fé, disposta a ser cooperadora de Deus e pronta para servir a todos os que necessitam de ajuda.


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