No dia da abolição a escravatura, peçamos a intercessão da virgem negra de Aparecida
Em comemoração aos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, nas águas do Rio Paraíba do Sul, em Guaratinguetá –São Paulo, a Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil – CNBB, instituiu o Ano Nacional Mariano, para juntos como igreja celebrarmos a Padroeira do Brasil.
Foi em meados de 1717, o povoado de Vila de Guaratinguetá organizou uma recepção para Dom Pedro de Almeida, governante da província de São Paulo e Minas Gerais, que passaria por lá a caminho de Vila Rica. Mesmo fora de época propícia, os pescadores, Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves, foram convocados a saírem à procura de peixes no Rio Paraíba.
Sabendo da responsabilidade, os pescadores rezaram pedindo o auxílio à Mãe de Deus. Assim feito, não obtiveram sucesso na pesca, e já desanimados, lançaram as redes próximo ao Porto Itaguaçu, e apanharam o corpo de uma imagem e em seguida a cabeça. Ao lançar as redes novamente, foram surpreendidos com a quantidade de peixes que pescaram.
Ao voltarem para o vilarejo, emocionados com o acontecimento, a população compreendeu o fato como uma intervenção divina, atribuindo o milagre a Nossa Senhora da Conceição. Que em 1930 foi intitulada Padroeira do Brasil pelo Papa Pio XI.
Em um período que o Brasil explorava a mão de obra escrava, a mão de Deus veio a nós através de uma imagem negra. A história do desenvolvimento industrial do nosso país é marcada por três séculos de dor e sofrimento. Enquanto os países Europeus se industrializavam e exploravam a mão de obra assalariada, o Brasil investia no tráfico de pessoas, ferindo a dignidade humana.
Em 13 de maio de 1888, aproximadamente 170 anos após a aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a Princesa Isabel assinava a Lei Áurea, fruto do movimento abolicionista, que libertaria os escravos. No entanto, apesar do marco para o fim da escravidão no país, não houve nenhuma ação do governo para amparar os alforriados, gerando assim, inúmeras dificuldades para a inserção deste povo na sociedade.
Neste Ano Mariano, nós, enquanto irmãos e igreja, devemos nos manter unidos em oração, suplicar a Deus a graça da compaixão e erradicação da escravidão que a humanidade ainda vive. Que Nossa Senhora, a Virgem de Aparecida, nos mostre os caminhos para darmos passos em busca da paz no mundo.
Que saibamos da nossa responsabilidade enquanto cristãos e que não fechemos nossos olhos, nem as portas dos nossos corações, que Deus nos dê a graça de ações concretas em prol da sociedade que vive em meio à fome, desigualdade e as guerras. Que pelas mãos de Maria, não tenhamos medo de sermos missionários em busca da paz, da liberdade e dignidade para todos os filhos de Deus.
Alice Morais