Neste tempo Pascal se rende homenagens à Mãe de Jesus de uma maneiraespecial. Nada mais justo e útil para os cristãos. Ela, com efeito,participou profundamente dos sofrimentos salvíficos de seu divino Filhoe com Ele padeceu terrivelmente desde o momento do encontro na Rua daAmargura, passando por todos os atrozes transes do Calvário, até o seusepultamento.
Ela se fez assim Co-redentora do gênero humano. Com a ressurreiçãode Jesus ela se viu imersa em gáudio extraordinário ante seu Filhovitorioso. É justo, portanto, que sejam prestadas a ela efusivashomenagens por entre o júbilo que o triunfo do Redentor a todos envolve.
Preito de gratidão mesclado com a certeza de sua proteção para queJesus Ressuscitado seja a grande realidade na história da humanidade. Aalegria, o entusiasmo, os cantos dos fiéis estão, assim, muito bemfundamentados.
Esta homenagem não é senão um episódio a mais do culto universalcujo objeto é Maria, a Mãe do Redentor triunfante. Ela esteve unida aoúnico Salvador dos homens pela comunicação de seu sangue ao Verbo deDeus Redentor. Configurada à sua dolorosa paixão, foi associadafinalmente a seu triunfo na terra e no céu.
Deus, de fato, segundo o Apóstolo Paulo, “exaltou seu Filhohumilhado, abatido, e lhe deu um nome que está acima de todo nome”.Este mesmo Deus quis exaltar também a Mãe deste Filho bem-amado e a fezmaior que todas as outras criaturas: “O Senhor fez em mim maravilhas,santo é o seu nome”, proclamou a mesma Virgem Maria. A Ela então aIgreja aplica a saudação feita outrora a Judite, a grande libertadorado povo de Deus vencedora de Holofernes: “Tú és a glória da Jerusalémceleste; a alegria do novo Israel, a Igreja de Jesus Cristo; a honra denosso povo que tanto a venera, a ama e lhe é agradecido.
O culto mariano começou no céu, quando Deus descobriu aos espíritoscelestes o plano de sua providência e os mistérios de nossa salvação. OVerbo de Deus tomaria carne no seio de uma mulher e, deste modo, o seutriunfo deveria mediar a vitória daquela que seria a Casa de Ouro naqual Ele habitaria por nove meses. Ela, a mulher por excelência, mulherforte e repleta de graças, poderosa ante as maiores tribulações, cujaalma seria atravessada pela lança da dor, mas que não sucumbiria nuncaante a dor. A vitória de seu Filho, seria sua vitória também. Duranteséculos todos os que esperaram o Messias prometido, o Libertador,entreviram a Virgem-Mãe que o devia trazer a este mundo. Em todo estetempo Maria foi associada ao louvor antecipado que a humanidade járendia a seu divino Filho. Ela fora anunciada aos nossos primeiros paisno Paraíso terrestre na hora exata em que a mão da justiça de Deuspesava sobre o homem prevaricador. Mulheres ilustres a prefiguraram noAntigo Testamento e acima se recordou de Judite, que, com inúmerasoutras, tipologicamente mostravam o papel na libertação do povo deDeus. Salomão cantou as belezas desta mulher privilegiada. Isaías eJeremias sua maternidade virginal e divina.
Preparada, deste modo, como seu Filho pelo culto das figuras e dosoráculos, Maria recebeu com Jesus a herança das nações das quais setornaria mãe espiritual lá no Calvário consumando o dolorosa e heróicaadesão de seu coração martirizado à obra redentora.
Nunca o povo cristão a louva demais e ela é merecedora de toda gratidão e nela se deve depositar toda confiança.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Marina de 1967 a 2008.