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Médicos em Missão: para além do assistencialismo

Médicas voluntárias de Expedições promovidas pela Comunidade Shalom, partilham sobre experiências missionárias.

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FOTO: COMSHALOM

O dia do médico é comemorado neste 18 de outubro por ser a data de nascimento de São Lucas Evangelista que exercia a medicina. Por isso, para além do assistencialismo, celebra-se a vocação do médico.

Na prática do seu ofício, esses profissionais da saúde dedicam esforços e tempo para a prevenção, cura e tratamento de enfermidades humanas. A medida que o tempo passa, sobretudo após a pandemia de Covid-19, os médicos têm se revelado como profissionais essenciais para a existência humana. 

Em 2016, no discurso aos Médicos Católicos Italianos, o Papa Francisco os encorajou a praticarem a compaixão evangélica do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37):

Encorajo-os a serem bons samaritanos, tendo cuidado especial com os idosos, os enfermos e os portadores de deficiências. A fidelidade ao Evangelho da Vida e ao seu respeito, como dom de Deus, exige, certas vezes, escolhas corajosas e ir contracorrente“, exortou o Pontífice. 

Em sua maioria, os médicos “incorporam” esse personagem bíblico no seu dia a dia, nos leitos de hospitais, nas salas de cirurgia, mas alguns sentem o chamado de cuidar daqueles que estão mais carentes de recursos humanos e sociais. Para isso, se lançam na aventurar do trabalho voluntário em regiões onde a vulnerabilidade está mais presente, como nos países africanos e na região amazônica brasileira, no Pará. 

Amar o Cristo Crucificado

Uma delas é Sara Alcântara, consagrada da Comunidade de Aliança e médica de Fortaleza (CE). Quando ainda estava cursando a faculdade de medicina, soube da Expedição Missionária para Cabo Verde.Prontamente Deus gerou em meu coração o desejo de ir! Pensei que seria uma ótima oportunidade de exercer minha futura profissão e amar o outro“, revela a estudante de Pediatria.

Cheia de desejo em colocar em prática o que estava aprendendo na Faculdade, Sara foi surpreendida com o que encontrou durante os atendimentos: “eu vi que na verdade o enfermo é que tanto me ensinava“, assume a missionária. 

A médica, Sara Alcântara, foi uma das voluntárias da Expedição Cabo Verde em 2019.

A experiência vivida em 2019, quando ainda era só universitária, foi essencial para a profissional que é hoje, “em quantos eu pude ver a alegria e o abandono em Deus mesmo vivendo em condições tão adversas e, até hoje, isso me renova mais e mais no amor à minha profissão”.

“O enfermo é uma excelente oportunidade de amar o Cristo crucificado, de sair de si para amar, de realmente entender o que é ‘estar nas mãos de Deus’, declara Sara.

Convite ao abandono

Outra médica que também fez uma experiência voluntária foi a mineira de Belo Horizonte, Rayssa Reis. Em junho de 2022 ela se aventurou com outros profissionais, pelo Rio Amazonas, o destino foi Chaves (PA).

Católica desde o berço, Rayssa trazia consigo uma certeza no coração, Deus havia a chamado para a medicina. Em sua adolescência, em meio aos desafios para ingressar na Faculdade, ela pediu a Jesus uma palavra na Bíblia que confirmasse o caminho que queria seguir. Então, em espírito de oração, ela abriu a passagem de Eclesiástico 38:

O Altíssimo deu-lhes a ciência da medicina para ser honrado em suas maravilhas

A Expedição de Chaves durou mais de dez dias, tempo suficiente para ela perceber que Deus iniciava uma “obra nova” em sua vida. Rayssa encontrou-se novamente com o “amor de Deus”, desta vez no contato com os pobres e com fraternidade vivenciada na Comunidade Shalom. Ela que foi formada para cuidar, sentiu-se cuidada pelos missionários e pela população.

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Mesmo tendo retornado para sua terra natal, uma semente de amor foi lançada. Apesar da distância, os laços com os missionários de Chaves se estreitaram. Ela havia deixado seu coração e tinha de ir para onde ele permanecera.

Então, quase um ano depois da experiência da Expedição, ela retornou a Chaves para morar.

A intenção dela ela realizar uma nova experiência “pontual” de voluntariado em Chaves, onde ficaria por somente dois meses e meio, mas ao mergulhar “profundamente no mistério de Chaves, em suas carências, mas também no grande mistério de amor e providência Divina” ela escutou o convite de Deus a permanecer por mais tempo e completar um ano de missão.

A princípio me pareceu uma loucura, pois tenho minhas responsabilidades em minha cidade natal, mas Deus me convidava a um abandono profundo em Sua Vontade para minha vida, que foi além do voluntariado, foi também um encontro com o carisma e com a minha vocação“, revela a médica missionária.

Depois da experiência com a Expedição Voluntária em 2022, Rayssa percebeu que Deus deseja mais.

Rayssa está morando em Chaves desde março de 2023, vive com a Comunidade de Vida e participa da sua espiritualidade. O seu apostolado é no Espaço de Paz, onde presta atendimento médico aos assistidos do EP e a população em geral. 

“Deus me mostrava que havia muito a ser feito em Chaves é que Ele ama muito aquele povo. Então, eu me abandonei em Sua Vontade”, afirma a médica.

Para Rayssa, ser uma médica em missão “é um ato profundo de abandono e entrega, em todos os sentidos“. A mineira revela que estava acostumada a trabalhar em lugares bem equipados, com tecnologia moderna, com acesso aos exames e medicamentos que o paciente precisasse.

 

 
 
 
 
 
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Em Chaves não é assim. Estar em missão é dar o seu sim confiando que Deus proverá o restante. E assim tem sido. Quando cheguei em Chaves não tinha a menor estrutura de atendimento, atendia em uma das salas de aula do espaço de paz, aonde improvisamos um consultório. Levei os medicamentos frutos de doações”, 

O consultório médico do Espaço de Paz está sendo reformado com as doações que chegam a missão de Chaves (PA). “Deus tem feito muito mais do que sonhamos, pois este sonho antes de ser meu era Dele“, reconhece ela.

Ao longo dos meses de missão, ela já atendeu cerca de 800 crianças, além de jovens e idosos. 

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Rayssa já promoveu junto ao Espaço de Paz cursos de capacitação para os profissionais de saúde locais, para os professores, barqueiros, pais e para as crianças assistidas pela Comunidade Shalom.

Os cursos realizados foram: primeiros socorros, amamentação, capacitação em atendimento pediátrico, Método de Ovulação Billings, entre outros.

Desse modo, o trabalho de Rayssa é feito pensando não apenas em seu serviço atual, mas visa estruturar o consultório médico para possibilitar que outros profissionais da saúde possam se ofertar em Chaves durante o ano e também nas expedições, bem como estruturar o atendimento por telemedicina. 

Programa de Voluntariado Shalom

As Expedições acontecem em diferentes lugares, na Amazônia e África, planejadas em lugares  estratégicos onde a Comunidade Católica Shalom atua com trabalhos de Promoção Humana.

Nessas localidades, com alto índice de pobreza material e vulnerabilidade social, os voluntários, junto aos missionários, realizam diversas atividades em um determinado período  de tempo estabelecido no edital.

Você pode conhecer mais sobre as expedições a partir do edital e se inscrever para ser um voluntário SH. Saiba mais.

 


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