Dom Orlando Brandes
OSínodo sobre a Palavra de Deus realizado em Roma é uma ótima chancepara deslancharmos uma mobilização bíblica. Por sermos discípulosmissionários, precisamos mais de Bíblia que de projetos pastorais.Nosso povo deve ter acesso à Bíblia, formação bíblica, vivência bíblicapara que suscitemos um “catolicismo bíblico”. Eis os passos dessamobilização:
1. Ter a Bíblia.Para a maioria do povo, a Bíblia é cara. A paróquia e a diocese podemfazer campanhas para o povo ter acesso à Palavra de Deus. Há casas ondenão há Bíblia, noutras ela é um enfeite, aliás, bastante caro. Ter aBíblia nas mãos é uma boa propaganda da Palavra. Para o povo simples epobre a Bíblia é muito cara. Vamos popularizar a Bíblia com preçoacessível ao povo.
2. Saber abrir a Bíblia.O mundo da Bíblia é complexo. Como aprendemos a abrir a TV, o celular,o computador, cada paróquia, pastoral e movimento deve ensinar aspessoas a abrir o Livro Sagrado. Não ignoremos as Escrituras. Basta deanalfabetos bíblicos.
3. Saber interpretar.A Bíblia não é um livro fácil. É perigoso cada um fazer suainterpretação pessoal. Não podemos nos fixar ao pé da letra. Isso sechama fundamentalismo. Daí a necessidade de escolas bíblicas. Ouvir ecompreender, ler e compreender, eis o que produz fruto.
4. Rezar com a Bíblia.É a Leitura Orante da Bíblia. Ler, meditar, rezar, contemplar. Esta é aporta de entrada para um entusiasmo bíblico e a conseqüentetransformação da vida e da realidade. A meditação da Palavra deve serdiária e não menos de meia hora.
5. Estudar as Escrituras.São as escolas bíblicas, cursos, leituras para que a Palavra sejaentendida e nunca falsificada. É perigoso ler a Bíblia sem saberinterpretar, ler fora do contexto e desligados da Igreja.
6. Formar grupos bíblicos.Conhecemos os grupos bíblicos de reflexão, os círculos bíblicos eoutros grupos que se alimentam da Palavra. Nestes grupos acontece oensino bíblico e a vivência da mensagem. Vamos proliferar grupos bíblicos para que o povo sacie a fome da Palavra.
7. Bons microfones, bons leitores, e bons anunciadores.A Palavra deve ser bem ouvida para produzir o efeito esperado.Precisamos ter todo cuidado com o som, a proclamação e o anúncio daPalavra. Ela não pode cair por terra. A Palavra deve atrair, comover,converter. Haja o ministério que prepara os leitores porque onde se lêa Palavra, ali Deus está falando.
8. Dar primado à Palavra.A Bíblia deve vir antes do catecismo e de outros livros. Nossacatequese deve ser dada com a Bíblia. A Palavra é alma da missão, daliturgia, da teologia. Nada antepor à Palavra de Deus que é Jesus. Oprimado da Palavra irá realizar a primavera da Igreja porque dará gostoà celebração dos sacramentos e vigor à ação evangelizadora.
9. Ter ministros da celebração da Palavra bem preparados.A celebração da Palavra deve enfocar a Palavra, a homilia, a partilhabíblica. Não transformá-la numa “quase missa”. Os ministros da Palavra,os sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e leigas devem estar nasrádios, jornais, esquinas de rua, casas e templos, divulgando asSagradas Escrituras. Chegou a hora do “mutirão bíblico”, de umamobilização bíblica.
10. Transformar o catolicismo devocional e sacramentalizador em “catolicismo bíblico”.A V Conferência propõe uma “pastoral bíblica” Precisamos ir além destaproposta e vislumbrar um horizonte ainda maior que o catolicismobíblico, porque a Palavra é criadora, eficaz, regeneradora. Éhora de formar nos católico um “coração bíblico”, um apego efamiliaridade com a Bíblia para que a Igreja renove suas forçasmissionárias. A Palavra de Deus, mais precisamente a Bíblia, deve estarna mão de cada criança, de cada jovem, de cada casal, cada cristão. Nãopodemos ser analfabetos bíblicos, nem tornar rotineira a Palavra viva,fecunda e eficaz. Só podemos ser discípulos com a Bíblia na mão, nocoração e pés na missão. A Igreja será atraente e convincente a partirde uma renovação bíblica, eis que chegou a hora da mobilização bíblicanacional.