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Moysés Azevedo: “Todo o resto é consequência da decisão de ser discípulo de Jesus Cristo”

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2O fundador da Comunidade Católica Shalom, Moysés Azevedo, falou aos jovens do Festival Halleluya, em Fortaleza, sobre santidade e felicidade, nesta sexta-feira (25). Ao responder perguntas do público, Moysés destacou a necessidade de a humanidade buscar a santidade, que não é a perfeição moral, mas a simples e ordinária vivência do Evangelho.

“O intelectual cristão não nasce simplesmente porque ele é fantástico, mas porque ele é fruto de uma família cristã, de um povo de Deus que verdadeiramente busca a santidade. Todo o resto é consequência dessa decisão fundamental de ser discípulos de Jesus Cristo”, afirmou.

Confira trechos da partilha:

O que é ser santo

A verdadeira felicidade é ser santo. Não é todo mundo que busca ser feliz que tá buscando a santidade, mas eu digo uma coisa: Quem busca a santidade está, no fundo, buscando a verdadeira felicidade. Então, vale a pena ser santo, porque ser santo é ser feliz.

Uma das coisas que eu acho que a gente precisa perder é a noção que muitas vezes a gente traz da santidade. Às vezes, a gente pensa que ser santo é ter uma cara bem piegas, assim, aquele que falta só sair as asas, bater e voar. Às vezes, a gente pensa que ser santo, então, é a pessoa que sofre muito.

Ser santo é se deixar transformar pelo Amor de Deus. Deus quer transformar a nossa história, quer nos fazer felizes.

O santo não é a pessoa feita, que nasceu santo.

Santidade não é predestinação, é uma obra que Deus vai fazendo na nossa vida, é uma obra de transformação, onde nós vamos nos parecendo cada vez mais com Jesus Cristo. Na verdade, a santidade não é uma perfeição moral, mas é uma decisão de sermos discípulos de Jesus Cristo.

O que é ser maduro

A gente, às vezes, pode pensar que a maturidade é algo que a gente só vai alcançar quando estiver velho. Mas existe uma maturidade para cada tempo da nossa vida. Por exemplo, eu não posso exigir que uma criança tenha uma consciência e responda como um jovem, nem que um jovem responda como um adulto ou como um idoso. O que importa é eu dar o meu sim a Deus no estágio de vida e na situação de vida em que eu me encontro. Por isso é possível ser santo criança, porque há uma maturidade em que eu dou o meu sim por completo, como criança, a Deus.

Também um jovem ele é maduro para a santidade, quando como jovem, na realidade de jovem dele, com a família, com os estudos, com os amigos, com o namoro dele, ele procura fazer incondicionalmente a vontade de Deus. Aí eu posso ser santo. Aí reside uma maturidade, que não é simplesmente a idade, mas aquela que faz eu dizer sim a Deus.

“Convencer” através do testemunho

Se o testemunho for uma vida, se for algo vivido, não vai ser contraditório. Às vezes a gente confunde testemunho com aquilo que a gente fala somente, contar pra pessoa como é a minha vida. Sim, sem dúvida isso é um testemunho. Mas o testemunho mais convincente é quando a pessoa olha pra minha vida e vê a coerência do meu seguimento a Jesus Cristo. Viver o Evangelho. Isso transforma a vida das pessoas. O meu falar tem de estar ancorado na minha vida.

O Papa Paulo VI dizia que o mundo de hoje precisa de anunciadores, sim, mas precisa de anunciadores que sobretudo sejam “testemunho” de vida, porque o testemunho de vida arrasta. Quando a gente é coerente, quer ser um discípulo de Jesus Cristo na nossa vida, no dia a dia, perdoando, buscando ser casto, dizendo não ao pecado, tolerando e tendo paciência com os outros, vivendo a misericórdia, isso impressiona, porque não é isso que a gente vê em cada esquina do mundo de hoje, e as pessoas, olhando a nossa vida, são convencidas pela graça de Deus encarnada em nosso viver.

Fé e razão

O Papa João Paulo II nos ensina que a fé e a razão são duas asas de que o homem precisa para poder voar. A nossa fé não é irracional, porque Deus, pra se revelar, se revela em nossa inteligência. Claro, a nossa inteligência não pode compreender inteiramente Deus, porque Ele é uma inteligência superior, mas a nossa inteligência perscruta Deus, e pode conhecer a Deus. E Deus se faz conhecido pra nossa inteligência. Seria um absurdo a gente achar que Deus, que é um Deus de amor, não fala. Ele se faz compreensível. Ele se fez tão compreensível, que assumiu a nossa humanidade, se fez homem para nos fazer compreender quem é Ele e quem nós somos, quem é o verdadeiro homem.

Por isso, a razão anda ao lado da fé, e uma razão sem fé, com toda licença da palavra, é uma razão burra. Muitas vezes a gente acha que só a nossa razão pode nos fazer dar o entendimento de quem é o homem. A razão sem a fé é incompleta. Somos intelectuais à medida em que o povo de Deus vai vivendo o Evangelho de uma maneira simples, concreta, na medida em que o povo de Deus vai gestando uma geração nova, marcada pelo Evangelho. Essa geração vai poder produzir artistas cristãos, intelectuais cristãos, famílias cristas.

Na verdade, os intelectuais são o fruto de um povo de Deus santo. O mundo de hoje tem muitos intelectuais ateus, ou as vezes, até que afirmam coisas absurdas a respeito do homem, mas eles são fruto de uma sociedade não cristã, pagã, que chega ao ponto de gerar uma pessoa assim. Nós, como cristãos, devemos gerar o povo de Deus vivendo humildemente, ordinariamente a santidade, vai gerar intelectuais santos, capazes de fazer pensar pensar e nos fazer compreender para o mundo da razão da nossa fé. Na verdade, isso é fruto da vida ordinária do cristão. Na verdade, o intelectual cristão não nasce simplesmente porque ele é fantástico, mas porque ele é fruto de uma família cristã, de um povo de Deus que verdadeiramente busca a santidade.

Todo o resto é consequência dessa decisão fundamental de ser discípulos de Jesus Cristo.

Muitas vezes, o mundo de hoje diz que é impossível ser santo, que não dá pra ser santo, que “do jeito que as coisas estão”, os desafios, “que o mundo lá fora”… Eu quero dizer para vocês que isso é mentira, é mentira. É possível ser santo, sim, porque ser santo é seguir Jesus Cristo. E é Ele quem nos dá a força e a graça, não somos nós, não somos santos por nossas próprias forças, porque sabemos quem nós somos: pecadores. Mas com a graça de Deus hoje é possível ser santo, e para isso temos três fontes. A primeira fonte é a Palavra de Deus, meditar a Palavra, comer com o coração a Palavra de Deus. A segunda fonte é a oração, rezar todos os dias, abrir um espaço para me relacionar com Deus, me tornar amigo de Deus. A terceira fonte são os sacramentos, a confissão, a Eucaristia. Tem uma quarta fonte: estarmos juntos no grupo de oração, na comunidade cristã. Ninguém é santo sozinho. A vida cristã é algo que vivemos juntos. Engajar-se na paróquia, na comunidade, no grupo de oração para juntos trilharmos o caminho da santidade.

 

Transcrição: Emanuele Sales

(mantido o tom coloquial)

 


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