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No meu matrimônio eu me entregaria totalmente para o meu Amado, junto com a minha amada

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Olá, me chamo Pierre Marques e, impulsionado pelo testemunho de outros tantos, me pus a escrever um pouco sobre a historia da minha vida.

Criado em família espírita, meu pai era presidente de um centro que ficava na minha casa. Tínhamos uma relação muito boa e quando eu tinha 12 anos ele faleceu. Sofri muito com essa situação e encontrei nos “amigos” e no mundo meu refúgio. Com 13 anos já tinha uma vida de baladas, sair sozinho e chegar de manhã em casa bêbado, ficar com uma e outra. Achava que tinha a maior felicidade do mundo, era popular, podia sair e tinha muitos amigos.

No dia 24 de junho de 2003, dia de São João Batista, padroeiro de nossa Paróquia da Posse em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, minha vida começaria a tomar um rumo totalmente diferente no qual nunca mais olharia para trás.

Estávamos os meninos da escola rodando em volta da Igreja Matriz, como era de costume na festa do padroeiro, para tentar ficar com alguma garota. Tinha um amigo que queria muito ficar com certa menina, e toda vez que passava por ela se sentia frustrado por não conseguir puxar assunto. Então tivemos uma ideia, eu disse para ele:

– Vai até aquele grupinho de meninas, pede para falar com uma delas e fala que eu quero ficar com ela, assim você vai ter um assunto para chegar lá.

Ele me respondeu:

– Qual delas?

Eu disse prontamente, sem saber que aquela frase mudaria a minha vida pra sempre:

– Qualquer uma, a que você escolher! – Sem saber que Deus já a tinha escolhido em seu coração.

Então esse meu amigo foi até lá e escolheu a Mayara. Na mesma hora ela disse não, sabendo da minha fama, não quis conversa. Ele veio me falar que o plano tinha dado errado e aquilo feriu o meu ego, afinal tinha tomado um “toco” de uma garota que nem sabia quem era. No outro dia na escola, para minha surpresa, ela estudava em frente à minha sala e mesmo assim nunca tínhamos trocado um olhar sequer. Tanto eu quanto ela não nos lembramos um do outro até aquele dia (24/06/2003).

Na hora do recreio fui ate duas amigas que tinha na sala dela e pedi para convencerem ela de me encontrar na hora da saída. Depois de muita conversa a convenceram. Pensei comigo:” Pronto, a gente troca umas duas palavras e a beijo”.

Mero engano meu. Ela de tão envergonhada só respondia sim, não e talvez. Logo vi que não daria muita conversa e pedi para ficar com ela, e ai veio minha surpresa, a resposta dela:

– Claro que não, eu nem te conheço direito.

Levantou e foi embora.

Pensei comigo: “Essa menina é louca, é assim que a gente faz”. Mas ela era diferente e isso já tinha me chamado a atenção.

E assim continuamos conversando, sempre no final da aula. As conversas já foram fluindo melhor e a gente via que se dava muito bem. O fruto daquelas conversas era quando algum amigo me chamava pra alguma festa e eu pensava: “O que será que a Mayara vai pensar se eu for?”. Confesso que nas primeiras vezes até cedia ao chamado, mas a cada dia as festas foram se tornando menos constantes na minha vida e naquele período vi que não tinha ficado com mais nenhuma garota.

Como o único lugar que conseguia vê-la fora do colégio era a igreja, passei a ir à missa para ver se conseguia impressioná-la. E veio fevereiro de 2004, Retiro de Carnaval do grupo de adolescentes da paróquia. Logo pensei: “Imagina cinco dias com ela? É agora que eu consigo!”. Mal sabia eu que aquilo era uma desculpa, uma maneira que Deus usava para mudar a minha história.

Namoro (2)Fui para o retiro e ali Deus me transformou por completo. Logo que sai comecei a trabalhar neste mesmo grupo, ser muito atuante na paróquia. Começamos a namorar, éramos coordenadores do grupo depois de um tempo, tínhamos uma vida “perfeita” até que começaram as minhas crises vocacionais. Sentia-me atraído pelo altar, o zelo pela casa de Deus me chamava atenção, queria me doar mais e mais para o Senhor. Fazia os encontros vocacionais no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino, da diocese de Petrópolis. Até que no dia 21 de setembro de 2006, junto com o meu Diretor Espiritual, cheguei a conclusão que deveria terminar aquilo que me fazia muito bem, aquela que tinha sido usada para mudar a minha vida. Tão contraditório aos olhos do mundo, ter começado a participar da igreja através dela e agora terminar com ela por Deus. E ai me vem a cabeça a frase de um amigo que na época era seminarista, hoje já padre, logo assim que soube da notícia:

– Pierre… – disse-me ele chorando – o mais importante você já fez, não importa o final, mas você esta livre para fazer a vontade de Deus, seja ela onde for!

No dia 21 de setembro de 2006, sentado nas escadas da Igreja Matriz, naquele mesmo pátio que nos conhecemos, eu terminei com ela, uma quinta-feira.

As vésperas de minha mudança para o seminário em oração e discernimento junto com meu diretor, em um misto de querer fazer a vontade de Deus e muito medo, decidi que não seria ali a minha entrega total a Deus. Ainda sem saber se era o certo, liguei para o meu diretor e chorando (aqueles dias era o que mais sabia fazer), disse: “Padre não vou mais para o seminário!”. Ele com a voz muito terna, respondeu: “Fique calmo meu filho, eu sempre soube disso, só na sabia que seria tão próximo da mudança. Arrume uma mochila e venha aqui pra casa!”

Brigava com Deus, em minhas orações gritava com o Senhor no sacrário querendo entender o porquê daquilo. E jovens, briguem com Deus como se briga com um amigo! Só quem tem intimidade, tem a coragem de dizer a verdade, de brigar sabendo que daqui a alguns minutos tudo estará normal como era antes, mas é importante ter essa ousadia.

Depois disso tudo Mayara e eu não tínhamos mais contato. Fiz discernimento vocacional em outras comunidades católicas querendo entender o que Deus tinha de fato para minha vida e essa vontade de me entregar totalmente. Tivemos outros relacionamentos curtos neste período e no dia 21 de setembro de 2007, exatamente um ano depois, um amigo ligou para casa dela e quando alguém atendeu ele me deu o telefone. Sem saber, falei e era ela. Conversamos um pouco e marcamos de nos encontrarmos para conversar. Voltamos a conversar e ficamos como amigos um longo tempo, até que propus de voltarmos a namorar e ela me disse não, que estava muito confusa e que não era a hora. Aquilo me feriu o coração, nos distanciamos um pouco, mas ainda assim tínhamos contato como amigos. Eu conheci uma outra garota e comecei a namorar, por alguns motivos não deu certo e logo depois o meu diretor, o Padre João, me disse uma frase que ele repetiria no dia do meu casamento: “Pierre, a sua vocação é a Mayara!”. Dias depois ela me procurou, nos reaproximamos e voltamos a namorar.

Dou o meu testemunho da alegria que senti quando, uma semana antes do meu casamento, em uma missa de sábado à noite, no momento de Ação de Graças, tocou “Quero e Preciso”, do Dunga. No início da música pude cantar olhando pra toda essa história:

Eu sei que teu Espírito esta agindo, passo a passo eu sei que encontrarei Tua vontade em minha vida…”.

Era eu encontrando a vontade Deus na minha vida e entendendo que era ali a minha entrega total a Deus. No meu matrimonio eu me entregaria totalmente para o meu Amado, junto com a minha amada. Vale a pena fazer a vontade de Deus, seja ela qual for, em qualquer tempo, em qualquer situação! Se o peso que esta sobre as minhas costas é grande, infinitamente maior é a força com a qual eu posso contar.

Hoje estamos com quase 3 anos de casados, vivendo e testemunhando que a família vale a pena e Casamento (1)que acreditamos firmemente na família e no amor de Deus. Ainda trabalhamos neste grupo de adolescentes, exerço o meu ministério de pregação na paróquia testemunhando e fazendo a vontade de Deus.


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