Formação

No Mistério da Cruz a Misericórdia do Pai

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É no mistério da Cruz que se revela plenamente o poder incontível da misericórdia do Pai celeste. Para reconquistar o amor da sua criatura, Ele aceitou pagar um preço elevadíssimo: o sangue do seu Filho Unigênito. (Bento XVI mensagem para Quaresma 2007)

Iniciaremos dia 21 de fevereiro (em 2007, a quarta-feira de cinzas) o tempo litúrgico da Quaresma, este tem por finalidade nos preparar para a Páscoa do Senhor. A liturgia desse tempo conduz tanto os catecúmenos pelos diversos graus de iniciação cristã, como os fiéis, através da lembrança do Batismo e Penitência, para a celebração do mistério pascal.

A duração de quarenta dias da Quaresma encontra seu simbolismo na Bíblia: os 40 dias de jejum de Jesus no deserto (Mt 4,1s), os 40 anos de peregrinação do povo hebreu no deserto até chegar a terra prometida, os 40 dias de jejum de Moisés no monte Sinai (Ex 34, 28), os 40 dias em que o gigante Golias desafiou o povo de Israel até sua morte por Davi, os 40 dias que o profeta Elias caminhou até a montanha de Deus, o monte Horeb, sustentado pelo pão cozido e água (I Rs 19, 5-8), os 40 dias do dilúvio, os 40 dias em que o profeta Jonas pregou a penitência aos ninivitas (Jn 3, 4).

São 6 os domingos da Quaresma, denominados de I, II, III, IV, e V domingos da Quaresma; o 6° domingo é o que inicia a Semana Santa e é chamado Domingo de Ramos ou da Paixão do Senhor.

Neste ano de 2007, ano C a liturgia propõe para a Quaresma um caráter penitencial. “Apresenta-nos uma catequese da reconciliação, tema que encontra seu ápice na Páscoa, sinal supremo da nossa reconciliação com o Pai” Nesse período teremos a graça de mergulharmos profundamente no evangelho de Lucas, aonde a misericórdia é o tema principal.
A Quaresma aparece como este tempo de aprofundamento do discipulato de Cristo, nós seus discípulos, participamos intimamente da sua vida, e nos unimos a Ele nesse caminho de deserto, nesse caminho do grão de trigo que cai na terra para morrer e dar frutos, é tempo de conversão para Deus, de reordenar a vida para o Senhor, de dar espaço para o homem novo.
Neste tempo a Igreja nos convida pelas obras de penitência a se deixar purificar por Cristo, nosso esposo e destaca como meios para isso o jejum, a oração e a caridade, estas devem ser realizadas como participação do mistério de Cristo.

Jejum:
Este deve expressar o desejo de uma conversão interior, pois não adianta abster-se de qualquer alimento, se não se dispõe concretamente a lutar contra o pecado.
A ascese da Quaresma não se restringe ao jejum, mas engloba toda atitude que leve a virtude da temperança, nos libertando dos vícios e pecados, para uma vida nova, fruto da Paixão de Cristo. A ascese cristã tem em vista a renovação interior do homem pelo dom do Espírito Santo, a fim de lutando contra o pecado pela mortificação, sejamos dóceis à ação salvífica de Deus em nós, cujo ápice é a Páscoa de Cristo. O fundamento da ascese cristã é Cristo e sua Paixão. E esta ascese tem por finalidade gerar em nós a “pobreza de coração”, que se entrega sem restrições, plenamente, ao Pai em Cristo e não apenas oferece “coisas” exteriores; o que o Senhor quer de nós na verdade, é um coração contrito e humilhado, livre da auto-suficiência que se manifesta no apego à riqueza e no orgulho; quer que façamos como o publicano que disse, batendo no peito, e foi justificado: Senhor, tende piedade de mim que sou um pobre pecador.

Oração
O período da Quaresma é tempo de oração, de orarmos mais demoradamente e mais profundamente, de orarmos segundo seu significado mais profundo que é a participação na oração de Cristo. Orar para que sejamos dóceis, completamente abertos à vontade de Deus, seja nossa oração um dobrar-se, prostrar-se diante de Deus numa postura interior de entrega plena a Deus. Tempo de escuta atenta da Palavra de Deus, pois é esta Palavra que penetra e é capaz de infundir em nós a luz para reconhecermos a nossa condição de pecador, ela nos convida a conversão e também é ela que gera no nosso coração a confiança na misericórdia de Deus. Por ser a Igreja uma comunidade orante e penitente, esta oração deve ser não só pessoal, mas também comunitária, se valorize mais a graça de rezar junto como Corpo de Cristo.
O Sacrossanctum Concilium recomenda que especialmente neste tempo, não se deixe de interceder pela conversão dos pecadores.

Caridade
A exemplo do Cristo “que tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” também nós seus discípulos possamos movidos por este amor, nos dar aos nossos irmãos em total abertura, lutando contra o egoísmo que nos fecha em nós mesmos e indo ao encontro dos que sofrem, dos pobres.

Orientações práticas para a Quaresma:
Não são permitidas flores sobre o altar. Devido ao espírito penitencial, os instrumentos musicais só podem ser usados para acompanhar os cantos. O silencio dos instrumentos musicais e a ausência das flores indicam austeridade, penitência, conversão em preparação às festas pascais, bem como a cor roxa das vestes sagradas.
Os cantos devem ser adequados a esse tempo e preferivelmente estejam em sintonia com os textos litúrgicos.

Sejam estimulados os exercícios de piedade mais consoantes com esse tempo como a Via Sacra.
A Quarta feira de Cinzas é dia de jejum e abstinência.
No 4° domingo da Quaresma (Domingo Laetare) e nas solenidades e festas é permitido o uso de instrumentos musicais, bem como de flores no altar. As vestes sagradas nesse domingo podem ser de cor rosa.


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