Não obstante às minhas quedas, vejo um levantar em todas, sobretudo, hoje.
A pequena árvore seca que teve seus galhos e folhas destruídos com o passar das estações enxergou-se em um processo doloroso de crescimento durantes os últimos (40) dias. Mas hoje amanhece mais bela do que antes de toda a poda. Inúmeros galhos com folhas e frutos são distribuídos à terra para os que passam colher. Sua sombra agora pode dar a outros o descanso que vezes não tivera em meio às estações. Ela não reclama do que passou, pois sabe que precisou viver tudo e “ah, se não as tivesse vivido”.
A árvore que com o passar do tempo fincou suas raízes ao chão, hoje vento algum abala. Sua copa pode até balançar, mas seu corpo e raízes não pendem para lugar algum, pois sabem onde devem estar.
Reconheço muito mais a árvore que sou, as inúmeras fases que passei e no fundo, no cerne desta madeira, há muito mais do que qualquer um pode ver, há muito maisforça e desejo de simplesmente ser quem é e para o que foi criada. E não obstante às minhas quedas, quero levantar em todas elas. Quero continuar assim. Sendo uma árvorepropensa a deixar que minhas folhas caiam novamente, na certeza de que o Sol que entre todas as estações, vezes se escondeu, vezes ofuscou, sempre me deu todas as razões para permanecer firme ao solo. Que enfim, é fértil.
Hoje vejo uma nova primavera. O raiar de um sol que aquece e ilumina toda e qualquer escuridão ou visão deturpada de felicidade. E quando o outono e inverno chegarem, lá estará Ele, fazendo com que tudo tenha sentido em meio ao silêncio ou dor, tornando calor em motivos para recomeçar todo o processo, que é constante. Reaquecendo toda a frieza que contenho em mim e acendendo de novo toda a luz de amor que se perdeu. E será constante. Será amor. Será Ressurreição. Será Deus.
Ingrid Helena
Discípula da Comunidade de Aliança – Missão Santo André (SP)