Formação

O anúncio do evangelho

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A exortação apostólica “Evangelii Nuntiandi” do Santo Padre Paulo VI, publicada na sequência do Sínodo sobre a Evangelização, é um documento indispensável para compreender e realizar uma autêntica evangelização do mundo atual. Neste sentido, em momentos em que querem calar a voz dos cristãos, tentando proibir cidadãos brasileiros de exercer o direito de expressar as suas convicções, que, além de atualizar os valores humanos, são inspirados no Evangelho que ilumina a Vida, também defendendo a vida desde o ventre materno até o seu termo natural, queremos reafirmar que a missão da Igreja é evangelizar, propondo a todos uma boa notícia, contando com a assistência do Espírito Santo de Deus, que é quem dirige a Igreja de Cristo.

Nesse documento, destacam-se duas ideias basilares desta exortação, que são a relação íntima entre a evangelização e a vida do dia a dia, e os laços profundos entre a evangelização e a promoção humana que, para o Papa Paulo VI, são de três ordens: antropológica (o homem que há de ser evangelizado não é um ser abstrato, mas é sim um ser condicionado pelo conjunto dos problemas sociais e econômicos); teológica (nunca se pode dissociar o plano da criação do plano da redenção; um e outro a abrangerem as situações bem concretas da injustiça que há de ser combatida e da justiça a ser restaurada) e evangélica (que é da ordem da caridade: como se poderia, realmente, proclamar o mandamento novo sem promover na justiça e na paz o verdadeiro e o autêntico progresso do homem?)

Pode-se dizer ainda que a evangelização implica em três aspectos essenciais: o primeiro é a renovação interior da humanidade: A finalidade da evangelização, portanto, é precisamente esta mudança interior; e se fosse necessário traduzir isso em breves termos, o mais exato seria dizer que a Igreja evangeliza quando unicamente firmada na potência divina da mensagem que proclama, ela procura propor a conversão ao mesmo tempo da consciência pessoal e coletiva dos homens, a atividade em que eles se aplicam e a vida e o meio concreto que lhes são próprios.

Já o segundo aspecto fala sobre a transformação dos critérios e estilos de vida: para a Igreja não se trata apenas de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação.

Por fim, o terceiro aspecto nos fala de uma conversão radical: importa evangelizar, não de maneira decorativa, como que aplicando um verniz superficial, mas de maneira vital, em profundidade, e isto até às suas raízes, a civilização e as culturas do homem, numa verdadeira inculturação, pois o Evangelho e a evangelização, independentes em relação às culturas, não são necessariamente incompatíveis com elas, mas susceptíveis de impregná-las a todas, sem se escravizar a nenhuma delas. Por isso, conclui Paulo VI, a ruptura entre o Evangelho e a cultura é sem dúvida o drama da nossa época, como o foi também de outras épocas. Isso foi muito bem apresentado no Documento de Aparecida, quando recorda que a mudança de época atual é cultural.

O Papa Paulo VI apresenta nesse documento sobre a Evangelização os meios mais adequados ao apostolado: o testemunho de vida, o anúncio explícito feito de uma forma viva e atraente, e a adesão vital numa comunidade eclesial. Note-se a prioridade dada ao testemunho, principalmente para a nossa juventude, que procura a Igreja e o jeito de viver a fé particularmente a partir do testemunho de nossos evangelizadores. É famoso esse tema: os homens de hoje escutam muito mais as testemunhas que os mestres e, se escutam os mestres, é porque são testemunhas!

Assim sendo, a evangelização é um processo complexo em que há variados elementos: renovação da humanidade, testemunho, anúncio explícito, adesão do coração, entrada na comunidade, aceitação dos sinais e iniciativas de apostolado.

É, por isso, que as técnicas da evangelização são boas, obviamente, mas, ainda as mais aperfeiçoadas, não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem Ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem Ele permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E, ainda, os mais bem elaborados esquemas com base sociológica e psicológica, sem Ele em breve se demonstram desprovidos de valor, porque o Espírito Santo é o agente principal da evangelização: é Ele, efetivamente, que impele para anunciar o Evangelho, como é Ele que no mais íntimo das consciências leva a aceitar a Palavra da salvação. Mas pode dizer-se, igualmente, que Ele é o termo da evangelização – de fato, somente Ele suscita a nova criação, a humanidade nova que a evangelização há de ter como objetivo.

Nestes tempos atuais é muito bom recordar esse documento conclusivo do Sínodo sobre a Evangelização e, com as realidades atuais, vivermos com entusiasmo a nossa vida de discípulos missionários, para que, em Cristo, todos tenham vida e a tenham em abundância!

É muito importante, neste mês e dia mundial das missões, termos bem claro essa nossa missão e a sua importância para o mundo atual, pois as pessoas têm o direito de conhecer a Salvação e isso interessa a todos e tem consequências na sociedade, levando à verdadeira justiça e construindo a paz!


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