Sexta feira Santa, o dia do silêncio!
O dia silencioso que nos diz mais do que os dias do ano inteiro, ou de uma vida inteira.
O dia silencioso, que nos permite escutar os tremores da agonia do Amor, em meio ao suor e o sangue, que nos permite escutar os passos firmes e certos daquEle que se entrega a uma injusta condenação.
O dia silencioso, em que ouvimos os chicotes e os açoites confrontarem uma carne divina e humana, em que ouvimos a coroa de espinhos ser cravada sob a perfeita face, que nós desejamos ardentemente um dia contemplar.
O dia silencioso, em que nos atentamos aos detalhes do sublime caminho: a mulher que enxuga o rosto, o homem que ajuda a carregar a cruz, cada queda, cada levantar.
O dia silencioso, de silêncio rompido por martelos que cravam espinhos nas santas mãos, pelas santas vestes que se rasgam e pela Santa voz que nos diz: “Tenho sede”.
O dia silencioso, em que ouvimos que temos uma mãe, que tudo está consumado, e que o Espírito de quem amamos está entregue às mãos do Pai.
O dia silencioso, que no fundo disponta apenas o último estalo do ponteiro de um relógio que se desliga pois é chegada a hora marcada por Deus: o Filho de Deus salvará a humanidade da escravidão do pecado.
O dia silencioso, que é rasgado pela memória de Adão escondido e envergonhado.
O dia silencioso, que é rasgado pela voz dos corações desejosos em retribuir o infinito Amor de
cruz com o “Eis-me aqui” que faltou no jardim.
Por Catarina Casseb