Há alguns meses, meu coração vinha se inquietando com a falta de evangelização de minha parte. O medo e o respeito humano me paralisavam. Perguntava-me como eu poderia ser Shalom, e não viver aquilo para o qual fui criada: evangelizar. As formações, as palavras de Moysés e Emmir pareciam rasgar meu coração, me consumiam por dentro. Cada pessoa na rua não era mais alguém por quem eu deveria apenas rezar o terço, a humanidade ganhava rosto. A inquietação tomava conta de mim e cada vez mais o medo e a vergonha se tornavam inimigos a serem vencidos.
“Afinal, tô servindo para o quê? Apenas para pastorear minhas ovelhas? Ir à célula? Ir à universidade?”.
Eu cantei, eu clamei, eu pedi para ofertar minha vida. Tudo isso (ok!) é ofertar a vida também, mas o principal alvo, o fim último, é só um: “levar ao homem de hoje a experiência com o Ressuscitado que passou pela cruz”. De uma forma mais simples, vivemos tudo o que vivemos, apenas para uma coisa: evangelizar. Peguei-me desviando o foco de tudo isso e me centrando no “eu ir para o céu”, mas percebi que de nada vale uma vocação que não arrasta para o céu uma multidão consigo.
Participar do Ignition Party, para mim, foi isso: encontrar minha “utilidade”. Não foi simplesmente entregar panfletos, convidar para um evento ou “evangelizar” pessoas de paróquia, pois isso tudo é fácil. Foi uma experiência de ir ao encontro dos filhos que tantas vezes são rejeitados, tocar feridas da humanidade que ninguém quer tocar; foi sair de mim, rezar e conversar com uma humanidade que naquela noite ganhava não apenas rostos, mas nomes, histórias de vida, feridas e, acima de tudo, um coração que ansiava por algo para preenchê-lo.
Meu papel nessa noite? Apenas ser um instrumento fraco e ineficaz, mas do qual o Senhor quis se utilizar para mostrar que não é algo, mas alguém, Ele, Jesus Cristo, quem vai preencher esse vazio.
Ver jovens deixando suas bebidas, cigarros e afins, para nos permitir falar de Deus para eles, rezar com eles e por eles, fez tudo fazer sentido: cada célula, formação e grupo.
A humanidade geme esperando a manifestação dos filhos de Deus e responder a esses gritos silenciosos de socorro fez tudo fazer sentido. Eu nasci e entreguei minha vida para isso, para evangelizar.
Amanda Coimbra, 20 anos
postulante da Comunidade de Aliança Shalom em São Luís