«A Santa Missa é absolutamente o centro da minha vida e de todos os meus dias». Não existem dúvidas que Karol Wojtyla, eleito Papa em 16 de Outubro de 1978, seja reservado a passar para a história como São João Paulo II, o grande. De fato, o seu pontificado, marcado como o Papa Mariano e Eucarístico, foi um dos mais longos da história. Tempo esse dedicado com energia e força à Igreja a aos homens.
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Uma parte consistente de tal grandeza é formada pelo seu Magistério Eucarístico. Enquanto guardião do dom e mistério que é a Eucaristia, São João Paulo II se esforçou com profundidade e testemunho de vida a promover a sã doutrina Eucarística, e a lutar contra tendências contrárias que escureciam a beleza e o fulgor de tal mistério.
Carta aos sacerdotes
Entre os textos principais desse precioso Magistério, se elencam as suas Cartas aos Sacerdotes. Cartas escritas em cada Quinta-Feira Santa aos Presbíteros. Suscitou grande estupor no início do seu pontificado o tom e a forma de tais cartas, pois o Papa se expressava em diálogo fraterno «No início do meu novo ministério na Igreja, sinto a profunda necessidade de me dirigir a vós». O conteúdo e a profundidade das cartas são vários: oração, Virgem Maria, família, jovens, celibato, existência sacerdotal, relação pessoal, Paróquia, e sobretudo o Papa oferece um belíssimo minitratado sobre a Eucaristia.
A tal iniciativa, os sacerdotes do mundo inteiro entraram em diálogo com o Santo Padre «E muitos de vós, veneráveis e caros Irmãos, houveram por bem dar-me conhecimento disso em seguida, acrescentando pessoalmente também palavras de agradecimento». A partir da leitura das Cartas, alguns pontos parecem mais evidentes: Eucaristia e Sacerdócio; Eucaristia e penitência; Eucaristia e sacrifício; e os efeitos da Eucaristia para a vida da Igreja.
Encíclica sobre a Eucaristia
A outra coluna do Magistério Eucarístico de São João Paulo II é a sua última Encíclica Ecclesia de Eucharistia. Documento tido como a síntese do Magistério da Igreja sobre a Eucaristia. Aqui, o Papa convida a Igreja a viver de Eucaristia, afinal, a Igreja primitiva nasceu em torno dela, também a Igreja hoje se desenvolve e cresce com ela e a partir dela. Entre os temas tratados na Encíclica, podemos brevemente elencar dois argumentos: Maria, Mulher Eucarística e os Aspectos pastorais.
O título do último capítulo da Encíclica é: Na escola de Maria, Mulher Eucarística. O Papa não pode esquecer o seu fio Mariano. Do seu próprio lema Totus tuus se entende que tudo nele fazia referência a Mãe do Salvador. Para muitos na época, foi uma surpresa encontrar no final de uma Encíclica, todo um capítulo dedicado à Mãe de Deus. Do outro lado, se poderia esperar que um Papa profundamente Mariano evidenciasse Maria com o centro Sacramental da vida Cristã.
Maria, modelo e mãe da Igreja
Para São João Paulo II, se alguém deseja redescobrir o mistério Eucarístico em sua totalidade e a íntima relação da Igreja com a Eucaristia, se deve recordar Maria, modelo e mãe da Igreja. A mãe de Deus tem uma profunda relação com a Eucaristia. Embora o Evangelho à primeira vista se cale sobre esse tema, o Papa coloca na mesma linha dois momentos do livro dos Atos dos Apóstolos «unânimes, perseveravam na oração» (At 1,14) e «à fração do pão e às orações» (At 2,42). O vínculo de Maria com a carne de seu Filho pode-se delinear «indiretamente a partir da sua atitude interior. Maria é mulher “eucarística” na totalidade da sua vida».
O Papa compara o Fiat de Maria com o Amém que o cristão Católico pronuncia quando recebe o corpo do Senhor. Cada um deve-se colocar em continuidade com a fé Mariana. Em determinado momento da Encíclica o Papa reflete «Impossível imaginar os sentimentos de Maria, ao ouvir dos lábios de Pedro, João, Tiago e restantes apóstolos as palavras da Última Ceia: “Isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós” (Lc 22, 19). Aquele corpo, entregue em sacrifício e presente agora nas espécies sacramentais, era o mesmo corpo concebido no seu ventre! Receber a Eucaristia devia significar para Maria quase acolher de novo no seu ventre aquele coração que batera em uníssono com o d’Ela e reviver o que tinha pessoalmente experimentado junto da Cruz».
A fragmentação
Em um outro documento, O Papa traz à tona ainda um dos maiores males da sociedade contemporânea: a fragmentação. Seja no interior do homem ou naquilo que ele mesmo faz experiência. Como remédio para o homem despedaçado do nosso tempo, o que poderia indicar São João Paulo II senão a Eucaristia? «Cada esforço de santidade, cada iniciativa para realizar a missão da Igreja, cada aplicação dos planos pastorais deve extrair a força de que necessita do mistério eucarístico e orientar-se para ele como o seu ponto culminante». Ora, a Eucaristia não conhece divisão nem discórdia.
Concluímos trazendo um claro desejo do Papa: «Vamos para testemunhar com humilde alegria que naquela pequena Hóstia cândida está a resposta aos interrogativos mais prementes, está o conforto de todas as mais torturantes dores, se encontra, como penhor, a saciedade daquela ardente sede de felicidade e de amor que cada um traz dentro de si, no segredo do coração».
Matheus Braga
Bacharel em Filosofia, Teologia na Universidade de Lugano
Consagrado da Comunidade de Vida