As últimas 24 horas do Papa Francisco mostram uma vida de oferta total. Em sua última aparição pública, no Domingo de Páscoa, leu sua mensagem aos que estavam na Praça São Pedro, acenou e abençoou o povo. Foi ao seu encontro com o papamóvel, acolhendo bebês que lhe estendiam para uma benção. Ainda neste dia, também recebeu autoridades políticas, como o vice-presidente dos Estados Unidos, James David Vance. Não se reteve apesar da doença que o abatia há cerca de dois meses. Viveu seus momentos derradeiros como nos inspira o profeta: “Mesmo o enfermo diga: ‘Eu sou guerreiro’” (Joel 4,10).
Para nós, da Comunidade Shalom, este testemunho final do Papa também nos recorda a inspiração que Deus deu para o Conselho Geral no retiro de escuta de 2022. Nesta ocasião, o fundador da Comunidade, Moysés Azevedo falou:
“o altar do Senhor é o altar da oferta total. Enquanto o altar de Baal é o altar da retenção, do voltar-se para si mesmo, da idolatria das coisas, o altar do Senhor é o altar da oferta total. Ele [o Senhor] nos mostrou isso através da seguinte palavra profética: ‘Reuni o Meu povo em torno do altar do sacrifício e permiti que o povo coloque no braseiro as suas ofertas. Permiti que o Meu povo oferte tudo, tudo! Nada menos que tudo! Mesmo que suas ofertas estejam encharcadas pela água, pelos limites, pelas suas adversidades e suas imperfeições. Que o Meu povo oferte tudo!'”.
Oferta total e esponsal
Um ano depois, no retiro de escuta de 2023, Moysés Azevedo voltou a falar da oferta total e esponsal, a partir também das inspirações de Deus para o Conselho Geral da Comunidade. Ele disse:
“para crescermos em tudo aquilo que Deus tem preparado para nós, Nosso Senhor nos convida a voltarmos às nossas origens. Qual é a nossa origem? Historicamente é aquela celebração eucarística no dia 9 de julho de 1980, na qual nós vivemos um ofertório especial. […] Todos nós nos unimos à oferta de Cristo, à oferta pascal de Cristo, à oferta Eucarística de Cristo. Nós entramos naquela procissão de oferta, ofertamos a nossa vida, para nos unir a Cristo e – por Cristo, com Cristo e em Cristo – dar a nossa vida a Ele, à Igreja e à humanidade. Nós nos voltamos para aquele ponto fundamental e central: a oferta de Cristo. É bom sempre lembrarmos: a Comunidade nasceu na oferta de Cristo. […] A oferta de vida é um mistério central da vida de Cristo e da nossa Vocação”.
Glória de Deus
Em 2024, também no retiro de escuta, Moysés volta a fala deste tema, mas desta vez, sob uma nova perspectiva. Ele disse:
“Nosso Senhor está nos chamando a viver a dimensão da oferta sacrificial, da oferta de vida, de tudo o que vivemos e de todos os desafios e dores, não de uma maneira vitimista e centralizada em nós mesmos, mas oferecermos tudo isso em união ao mistério de Cristo, unindo-nos à Sua Paixão, a fim de gerar força e potência de Ressurreição em nossa vida e em todo o corpo comunitário. Deus nos deu 4 dons, a fim de enraizarmos nosso coração na eternidade: a oração, a Eucaristia – como também a adoração a Jesus no Santíssimo Sacramento do Altar – o Evangelho e os holocaustos de intercessão. Unir nossas dores e nossos sofrimentos ao mistério da Cruz de Cristo, para gerar vida e Ressurreição. Algumas pessoas serão chamadas pelo próprio Senhor para, com alegria, viverem de uma maneira particular: para todos no todo. Algumas pessoas, em especial, atenderão a este chamado de ofertar suas dores para gerar vida e fecundidade no corpo da Comunidade, a fim de manifestar a glória de Deus”.
Era a perspectiva da glória de Deus que se manifestava nas inspirações de Deus para a Comunidade Shalom.
Neste ano do Jubileu de Esperança, no primeiro dia das oitavas de Páscoa, o Papa Francisco, por sua morte, nos mostra a oferta total para a glória de Deus. O Papa testemunhou em sua carne aquilo que o Senhor tem nos inspirado: viver a oferta total, manifestar a glória de Deus.
Por Carol de Castro
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