Quem acompanhe a série de mangá Death Note, escrita por Tsugumi Ohba e ilustrada por Takeshi Obata, talvez nunca tenha imaginado que o roteiro tem escrito lições valiosas sobre o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. É em meio às páginas do Anime que o chamado a “buscar primeiro o Reino do Céus” aparece.
A história centra-se em Light Yagami, um estudante do ensino médio que descobre um caderno sobrenatural chamado Death Note. O livro tem um poder especial, que pode matar pessoas se os nomes forem escritos nele enquanto o portador visualizar mentalmente o rosto de alguém que quer assassinar. A partir daí, Light tenta eliminar todos os criminosos e criar um mundo onde não exista o mal, mas seus planos são contrariados por L, um famoso detetive particular.
Viver sob o Senhorio de Cristo
A história, cheia de altos e baixos, tem uma cena clássica que ilustra o Evangelho atual, cheio de vigor, nas páginas de uma obra ficcional: Light lavando os pés de L, e Light querendo ser Deus. Uma característica forte de Light é sua inteligência. Ele, o estudante mais brilhante do Japão, descobriu o Death Note e começa a bolar um plano de eliminação dos criminosos, se tornando o novo Deus.
No caminho de conversão, quantas vezes se faz necessário revisar nossas atitudes e ajustar aquelas decisões que tanto insistem em retirar o Senhor de seu lugar. A escolha de viver a partir das próprias convicções, cheio de si, é como pensar ter um “livro” capaz de decidir os destinos de tudo e todos que estão ao nosso redor. Procurar o Reino do Céus por primeiro é viver insistentemente o abandono, no reconhecimento de quem nós somos.
Os desejos de Prazer, Possuir e Poder
Determinado a “tomar o mundo”, Light cai no famoso três pontos de corrupção do mundo: Prazer, possuir e poder. Em posse do poderoso livro, o personagem sente imenso prazer em eliminar os assassinos, possuir em ter tudo com o Death Note e poder para “mudar o mundo”. No desejo de transformar as coisas, acaba escolhendo pela corrupção, mesmo sem perceber. Uma prova dessa corrupção é o assassinato do casal de agentes do FBI, Rey Penbar e Naomi Misora, somente porque eles poderiam se opor a seu objetivo, também toda a manipulação da Misa, policiais junto com L e a morte do L.
O Papa Francisco tem, insistentemente, falando sobre a corrupção em suas homilias. “Pecadores sim, corruptos não” é um rhema destes últimos tempos para o Santo Padre. A luta por uma vida cristã coerente passa, também, por reconhecer o quanto cansamos de suplicar o perdão de Deus, mesmo que Ele nunca canse de nos perdoar. O Reino de Deus também é um exercício cotidiano de humildade, de abaixamento. Mesmo que tudo queira nos convencer que temos um Death Note em mãos. Não temos e nem o somos. ”O mundo é salvo pelo Crucificado, e não por quem crucifica”, como diz-nos o Papa emérito Bento XVI.