Nesta quarta-feira, 28, o Papa Francisco interrompeu a sequência habitual de catequeses sobre o Espírito Santo, e trouxe à tona reflexões profundas sobre o drama dos migrantes.
Na catequese intitulada “Mar e Deserto”, o Pontífice destacou a dureza das jornadas enfrentadas pelos migrantes, que atravessam mares e desertos em busca de segurança e paz. As palavras “mar” e “deserto” simbolizam não apenas os desafios físicos das travessias, mas também o sofrimento dessas jornadas, nas quais os migrantes, muitas vezes, tornam-se vítimas de tragédias.
“As atuais rotas migratórias são frequentemente marcadas por travessias que para muitas, demasiadas pessoas, são mortais”, destacou o Papa.
Responsabilidade moral e defesa dos mais vulneráveis
O Papa Francisco enfatizou a responsabilidade moral de proteger os mais vulneráveis. Citando o livro do Êxodo, “Não maltratarás o estrangeiro nem o oprimirás” (Ex 22, 20), ele nos lembra que maltratar ou oprimir os estrangeiros é um pecado grave. Em um mundo onde muitas vezes se tenta afastar os migrantes, somos chamados a defender e acolher os que buscam refúgio, pois “o órfão, a viúva e o estrangeiro são os pobres por excelência que Deus sempre defende e pede para defender”, expressou o Papa.
Deus está com os migrantes
Em sequência, o Papa recordou que “O Senhor está com os migrantes” no mar e no deserto, recordando o sentido simbólico desses lugares na Palavra de Deus:
“Estes lugares testemunham o drama do povo que foge da opressão e escravidão. São lugares de sofrimento, medo e desespero, mas ao mesmo tempo de passagem para a libertação – e hoje quantas pessoas passam pelos mares, pelos desertos para se libertar – são lugares de passagem para a redenção, alcançar a liberdade e o cumprimento das promessas de Deus”.
“Nesses mares e desertos mortais, os migrantes de hoje não deveriam estar”
Diante deste cenário, o Papa criticou a abordagem de militarização das fronteiras e leis restritivas, afirmando que essas medidas não resolvem o problema, mas apenas intensificam o sofrimento. Ele defendeu a criação de rotas seguras e regulares para os migrantes e uma governança global baseada na justiça, fraternidade e solidariedade, combatendo ao mesmo tempo o tráfico de seres humanos.
Para concluir, o Papa exprimiu sua gratidão aos “bons samaritanos”, ou seja, os voluntários de tantas associações que ajudam os migrantes, destacando que: “Estes homens e mulheres corajosos são sinal de uma humanidade que não se deixa contagiar pela cultura negativa da indiferença e do descarte: o que mata os migrantes é a nossa indiferença, a atitude de descarte”.
Além disso, o Pontífice exortou os fiéis a intercederem, unindo “os corações e as forças, para que os mares e os desertos não sejam cemitérios, mas espaços onde Deus possa abrir caminhos de liberdade e fraternidade”.
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