A oração é a meu ver um dos componentes mais essenciais de uma vida espiritual autêntica, madura e sadia. Muitos e muitos cristãos até engajados nas comunidades e movimentos paroquiais se queixam de não conseguirem rezar, de modo satisfatório. Como você, eu também preciso aprender e aprofundar minha vida de oração.
Nesse texto, então, convido você a vir comigo para juntos mergulharmos nesse grande oceano espiritual que é uma vida séria e autêntica de oração. Minha sugestão é consultarmos uma grande santa da Igreja e deixar que ela nos instrua. Ela está no céu, numa relação íntima e profunda com Deus, porém seu testemunho e ensinamentos fazem parte do grande patrimônio espiritual da Igreja. Se você deseja, vamos juntos, ansiosos por crescermos na graça.
Eu: Olá, Santa Teresa de Ávila, como eu, muitos precisam ser orientados nesse grande dom que é a vida de oração, o que a senhora teria a nos dizer, o que é vida de oração?
Teresa: “A oração é um trato de amizade, estando, muitas vezes, a sós, com Quem sabemos que nos ama. A oração é uma resposta de amor que se fundamenta, na fé, no amor e na confiança. A iniciativa é sempre do Amigo”
Eu: O que eu preciso fazer para melhor rezar? Preciso ler muitas coisas, ter muita concentração?
Teresa: “A oração não consiste em pensar muito, mas em amar muito”.
Eu: E quando a pessoa é agitada, ansiosa, preocupada e com muitos afazeres?
Teresa: “Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa! Só Deus não muda. A paciência, por fim, tudo alcança. Quem a Deus tem, nada lhe falta, pois só Deus basta”.
Eu: Sabe, querida santa, eu me sinto às vezes tão triste. Eu me esforço, me empenho, mas parece que não saio do lugar, minha oração não flui, me faltam palavras.
Teresa: “Falas tão bem com outras pessoas, por que te faltariam palavras para falar com Deus?”
Eu: Sinto-me às vezes envolvido por tristezas, como se noites e sobras interiores me atormentassem.
Teresa: “Em tempos de tristeza e inquietação, não abandones nem as boas obras de oração nem a penitência a que estás habituado. Antes, intensifica-as. E verás com que prontidão o Senhor te sustentará”.
Eu: Tenho medo às vezes de perder o foco, errar o caminho.
Teresa: “Quem não deixa de caminhar, mesmo que tarde, afinal chega. Para mim, perder o caminho é abandonar a oração”.
Eu: Mas e se eu passar por algum combate, algum problema de saúde e não produzir resultados satisfatórios?
Teresa: “O Senhor não olha tanto a grandeza das nossas obras. Olha mais o amor com que são feitas”.
Eu: Me sinto tão inseguro, parece que nunca consigo alcançar o objetivo proposto, seja na família, trabalho, Igreja, etc.
Teresa: “O verdadeiro humilde sempre dúvida das próprias virtudes e considera mais seguras as que vê no próximo”.
Eu: Isso não seria complexo de inferioridade, se passando por humilde?
Teresa: “A humildade é a verdade”.
Eu: Sinto-me sem direção, desnorteado, não sei o que fazer.
Teresa: “Espera um pouco, filho, e verás grandes coisas”.
Eu: Será que Deus falaria comigo? Como posso ouvi-lo?
Teresa: “Vocês pensam que Deus não fala, porque não se ouve a Sua voz? Quando é o coração que reza, Ele não responde, mas grita”.
Eu: Minha vida anda tão corrida, família, trabalho, compromissos da Igreja, etc.
Teresa: “O Senhor sempre dá oportunidade para oração quando a queremos ter”.
Eu: Sabe, querida santa, é que às vezes me falta tempo. O que a senhora aconselharia para resolver isso?
Teresa: “Que te falte tudo, mas se não te faltar o Senhor você não será desamparado, Ele não deixará faltar nada”.
Eu: Queria fazer muitas coisas por amor a Deus, sabe, mas tenho medo de cair, de decepcioná-lo.
Teresa: “Se você tiver humildade, não tenha receio! O Senhor não o permitirá que se engane nem engane os outros”.
Eu: Mas e se eu cair, os outros não se sentirão enganados? Meus amigos, família e os irmãos na fé?
Teresa: “Uma prova de que Deus esteja conosco não é o fato de que não venhamos a cair, mas que nos levantamos depois de cada queda”.
Eu: Às vezes, me sinto surdo, insensível a voz de Deus.
Teresa: “Se não dermos ouvidos ao Senhor, quando Ele nos chama, pode acontecer que não consigamos encontrá-Lo quando O quisermos”.
Eu: Sinto-me às vezes cansado, tenho medo de estafar, de adoecer, sei lá…
Teresa: “São felizes as vidas que se consumirem no serviço da Igreja”.
Eu: Quero muito essa decisão, as graças de um coração doado e disposto a amar.
Teresa: “Basta uma graça dessas para transformar uma alma por inteiro”.
Eu: E a senhora experimentou dessa ação da graça na sua vida?
Teresa: “Parecia que eu nem conhecia a minha alma, tão transformada eu a via”.
Eu: A senhora fala de Deus de um jeito que dá vontade de fazer a mesma experiência.
Teresa: “O olhar de Deus consiste sempre em amar e conceder graças. Quem quer ver Deus, é necessário morrer. Porém, ao morrer, na verdade entrou na vida”.
Eu: Senti-me muito alcançado por seu testemunho, obrigado por conversar comigo e me orientar. Confesso que o sofrimento e a morte me assustavam um pouco, mas a senhora falou de um jeito que me deixou em paz.
Teresa: Que bom fico feliz!
Eu: A senhora poderia me ensinar uma oração, ou mesmo rezar comigo?
Teresa: “Bendito sejais, Senhor, para sempre, porque, mesmo quando Te deixamos, o Senhor não se afastou de nós por inteiro, ao contrário, deu-nos sempre a mão para que nos levantássemos e começássemos de novo. Muitas vezes, não queríamos nos levantar, rendamo-nos diante do desespero, mas o Senhor com paciência, sempre nos chamava de novo. Ó infinitos tesouros de sua bondade Divina, ó delícia dos anjos, que, ao ver isso, todo o meu ser gostaria de se desfazer em Vosso amor! Como é certo que sofreis com quem sofre por ter-Vos junto a si. Que bom amigo sóis, Senhor meu! Como vais brindando a minha alma, e sofrendo, à espera de que ela alcance vossa condição, suportando a sua, até que ela o consiga! Considerais, Senhor meu, os instantes em que ela o quer e, por um vislumbre de arrependimento de sua parte, esqueceis que ela vos tem ofendido. Amém”.

