O último grande concílio Ecumênico (Vaticano II) introduziu na Igreja Católica grandes reformas. Uma delas é o Sínodo dos Bispos. O Cânon 342 do Código de Direito Canônico explica que o Sínodo dos Bispos é um “organismo de cooperação com o Romano Pontífice”. Sua assembléia ordinária se reúne a cada três anos e trata de temas que o Papa define. A última assembléia tratou da Eucaristia.
Os Bispos tratam livremente o tema escolhido, mas não publicam um documento próprio. Depois pessoas encarregadas fazem a síntese e o Papa dá publicidade ao rico material sob forma de “exortação apostólica”. É o caso da discutida exortação “Sacramentum Caritatis” (O sacramento da caridade) dada a público com data de 22 de fevereiro de 2007. A exortação é, portanto, a síntese da “multiforme riqueza de reflexões e propostas sugeridas na recente Assembléia” do Sínodo dos Bispos. Não é, portanto, uma iniciativa de Bento XVI. É cumprimento do processo normal das assembléias do Sínodo.
A estrutura básica é constituída de três eixos: 1. Eucaristia, Mistério Acreditado. Trata da fé na Eucaristia. Depois da consagração, o celebrante sempre diz: “Eis o mistério da fé”. Os antigos imolavam o cordeiro pascal, era figura do Cordeiro de Deus, imolado por nós no Calvário. Agora não é “figura”, é realidade. O próprio Jesus disse: “Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do céu” (Jo 6, 32). Por isso a fé na Eucaristia é defendida, explicada, proclamada e testemunhada com ardor pela Igreja.
2. O segundo eixo diz: Eucaristia, Mistério Celebrado. A fé que nós cremos, nós celebramos. É claro, este mistério merece ser celebrado com todo o esplendor na Liturgia. O documento pede respeito pela tradição; ao mesmo tempo pede a inculturação. Só repetição, gera monotonia. Mudanças superficiais e apressadas podem trair a fé e a beleza do mistério celebrado. Por isso fala-se do canto, da proclamação da Palavra de Deus, inclusive da homilia e das várias partes da Missa.
Quanto à participação pessoal, repete as orientações já conhecidas, o que causou decepção na imprensa. O mesmo se diga da participação ecumênica. Porém, chama a atenção para a admissão de não católicos à comunhão, dentro de “precisas condições”, já determinadas no Diretório Ecumênico da Igreja Católica.
Causou certo desconforto a recomendação de celebrar em latim, especialmente também algum canto litúrgico e orações comuns. Mas isto nós praticamos nos encontros internacionais. Apenas deseja-se que os jovens não desaprendam esta tradição, muito boa para celebrações internacionais.
3. A terceira parte é: A Eucaristia, Mistério Vivido. Visa aprimorar a devoção à Eucaristia. Trata também das celebrações sem padre, dos ministérios dos leigos, mulheres e homens. Bem pastoral. Inclusive missionário. João disse: “Nós vos anunciamos o que vimos e ouvimos” (1 Jo 1, 2). É o que a Igreja deve proclamar para a vida do mundo.
Dom Sinésio Bohn
Bispo de Santa cruz do Sul
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Fonte: CNBB