Neste mês de junho, celebramos como Igreja a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Celebrar o Coração de Jesus é mergulhar na sua caridade ardente por cada um de nós, é entrar no mistério do amor de um Deus que “subsistindo na forma de Deus, não considerou como privilégio o ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses 2,6–7).
Ao aparecer à Santa Margarida Maria Alacoque (1647–1690) em junho de 1675, Jesus disse: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou até se esgotar e consumir para lhes testemunhar o seu amor. E, em reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, por meio de irreverências e sacrilégios, e pela frieza e desprezo que têm por Mim neste Sacramento de amor.” O Senhor revela seu amor, assim como a sede de ser amado pelo coração do homem.
O cerne da espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus é o amor. O amor divino e humano que Jesus tem por nós, mas também o amor ardente ao qual somos chamados a oferecer ao Senhor, como descreve Pio XII: “…exige de nós uma plena e inteira vontade de entrega e consagração ao amor do divino Redentor” e, em sentido mais perfeito, “a correspondência do nosso amor ao amor divino” (Haurietis Aquas, n. 2).
O Sagrado Coração de Jesus e o Sacerdócio
São João Paulo II, em 1995, com a Carta aos Sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa, instituiu que o “Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes” deve ser celebrado todos os anos na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Portanto, o dia em que se celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é também o dia em que os fiéis rezam por seus sacerdotes, mas é também o dia em que cada sacerdote é animado a refletir sobre o dom do sacerdócio recebido por Deus e confirmado pela Igreja.
Mas você pode se perguntar: de que modo esta Solenidade se relaciona com o Sacerdócio?
Na ocasião da abertura do ano sacerdotal, em 2010, o Papa Bento XVI nos esclarece: “Vem-me imediatamente à mente uma bela e comovedora afirmação, referida no Catecismo da Igreja Católica: ‘O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus’ (n. 1589). Como não recordar com comoção que diretamente desse Coração manou o dom do nosso ministério sacerdotal? Como esquecer que nós, presbíteros, fomos consagrados para servir, humilde e autorizadamente, ao sacerdócio comum dos fiéis? Nossa missão é indispensável para a Igreja e para o mundo, que exige fidelidade plena a Cristo e uma incessante união com Ele; isto é, exige que busquemos constantemente a santidade, como fez São João Maria Vianney.”
Na cruz, Jesus, ao se entregar por amor a nós, transforma aquele sacrifício cruento em oblação de amor. Neste momento vemos uma ponte entre o céu e a terra, o coração sacerdotal de Jesus, que ao amar perfeitamente o Pai, transborda este mesmo amor a nós. Este é o núcleo do sacerdócio, o sacrifício de amor ao Pai, porque o sacerdote, unido ao Cristo Sacerdote na cruz, torna-se o sacrifício de um homem.
Santo Agostinho, em seu tratado sobre o evangelho de São João, afirma que “do lado de Cristo morto nasceu a Igreja, assim como Eva nasceu do lado de Adão adormecido. A água representa o Batismo, e o sangue, a Eucaristia” e São João Crisóstomo complementa que “destes (sangue e água) fluem todos os mistérios”. Os sacramentos nascem do Coração de Jesus, desta forma podemos dizer que nasce também o sacerdócio.
Neste dia, convido você a rezar por todos os sacerdotes, assim como pelos que caminham para o sacerdócio e por aqueles que se sentem chamados a esta tão sublime vocação.
Por isso, rezemos juntos:
Senhor da Messe e Pastor do Rebanho,
nós Vos louvamos e bendizemos por todas as vocações ao ministério ordenado que vivem o Carisma Shalom.
Vos suplicamos que sustenteis estes nossos irmãos na fidelidade ao chamado que receberam,
concedendo-lhes perseverança no caminho da santidade
e zelo no serviço ao povo que, por Vós, lhes foi confiado.
Não permitais que faltem, em nossas missões, pastores segundo o Vosso Coração,
que se dediquem com zelo ao cuidado das ovelhas
e que sejam verdadeiros instrumentos de reconciliação na Comunidade.
Nós Vos pedimos, por intercessão da Virgem Maria, Mãe dos Sacerdotes,
que nossas famílias, grupos, células e casas comunitárias
sejam geradoras de boas, santas e abundantes vocações às Ordens Sacras,
para maior glória do Vosso Nome e edificação do Vosso Reino. Amém!
São João Paulo II, rogai por nós!
São Cura D’Ars, rogai por nós!
Por João Victor Montenegro Ribeiro.