A Virgem Maria é o eixo temático de uma exposição que levou a Portugal algumas obras de artes dos Museus Vaticanos, em uma iniciativa rara, com grandes nomes que passam por Fra Angelico, Rafael Sanzio, Michelangelo, entre tantos outros.
A exposição ‘Madonna — Tesouros dos Museus do Vaticano’ está aberta ao público no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa desde maio e estará à disposição dos visitantes até o próximo dia 10 de setembro.
Conforme assinala o site do Museu português, trata-se da “primeira vez em Portugal” que se recebe “um conjunto de obras das famosas coleções dos Museus do Vaticano”.
A exposição inclui pinturas, tapeçarias e códices iluminados do acervo da Biblioteca Apostólica Vaticana, além de algumas pinturas das Galerias Borghese e Corsini. Há também um núcleo de obras de autores italianos oriundas de diversas instituições portuguesas, públicas e privadas.
São 73 obras, das quais 50 provenientes do Vaticano, algo que, como assinala o diretor adjunto do MNAA, José Alberto Carvalho, “é muito raro e, nesta escala, penso que é realmente raro”.
Carvalho contou ao programa 70 x 7, da agência Ecclesia do episcopado português, que o centenário das aparições de “Fátima e a visita do Papa Francisco foram dois motivos fortes para que essa exposição fosse feita”.
Por sua vez, o diretor da instituição, António Filipe Pimentel, assegurou à agência do episcopado português que se trata da concretização de “um grande sonho”.
Segundo ele, o tema crucial da exposição que liga todas as obras é “a rica e copiosa iconografia gerada pelo culto mariano ao longo dos séculos”, o que foi possível realizar devido a uma “feliz e generosa cooperação” entre os Museus do Vaticano e o Museu Nacional de Artes Antigas, “no ano do centenário das aparições de Fátima”.
Pimentel explicou que o percurso das salas se faz, “quase sempre, segundo uma progressão no tempo que foi das próprias obras expostas, dando por vezes, a impressão de que se está a percorrer as salas da Pinacoteca Vaticana”.
‘Madonna’ é “uma grade e magnífica exposição que evoca, devidamente, a personalidade dominante da Virgem na cultura cristã e ocidental”, expressou.
Ao programa 70 x 7, José Alberto Carvalho mostrou algumas das obras dessa exposição, entre as quais estão as “peças mais antigas, com quase 2 mil anos”. São “dois fragmentos de sarcófagos do século IV”. Um deles descreve “de forma sedutoramente sintética os reis magos, junto com uma cena do Antigo Testamento” e outro “traça uma cena da natividade”.
Já em relação às obras dos séculos XIV a XVI, garantiu que “o público tende, de fato, a passar aqui mais tempo diante de um quadro menor de Fra Angelico, uma Virgem da Rosa, uma Virgem em um trono entre São Domingos e Santa Catarina. É uma obra de 1435 e que pode ter sido feito para a Igrejade Santa Maria das Flores”.
Não poderia faltar também grandes nomes do Renascimento, Rafael Sanzio e Michelangelo Buonarroti. Do primeiro, Carvalho destacou o ‘Retábulo Oddi’, “que são três compartimentos com cenas da vida da Virgem”.
Já em relação a Michelangelo, o destaque fica por conta cópia da Pietà. “Essa obra que ele fez em três anos constitui certamente uma de suas obras mais impressionantes e conhecidas”.
Como observou o diretor adjunto do MNAA, a cópia presente na exposição é “extremamente fiel”, não só nos detalhes, como também na textura da superfície. “É a mais ‘enganadora’, ainda mais para quem ainda não viu a original”, sublinhou.
A exposição tem a curadoria de Alessandra Rodolfo, dos Museus Vaticanos, e de José Alberto Carvalho, diretor adjunto do MNAA.