Formação

Os dez leprosos, a gratidão do samaritano

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No Evangelho deste domingo, Lc 17, 11-19, o ponto altoda narrativa é a fé do samaritano. O samaritano tem uma fé madura, que nasce daesperança, cresce na obediência à Palavra de Jesus e se manifesta na gratidão.Com isso, ele não só recebe a cura, mas é salvo. Sua vida chega à plenitude, aoreconhecer que, em Jesus, o amor de Deus leva os homens a viver na alegria dagratidão. A vida que Deus dá em Jesus Cristo é gratuita, é graça.

 No tempo de Jesus, havia rivalidades entre os habitantes daSamaria (samaritanos) e os judeus. Estes desprezavam aqueles acirradamente.Esse ressentimento era infundado e Jesus quer mostrar que pessoas de bem nãosão, necessariamente, apenas os judeus. Aqueles de quem não gostamos ou quedesprezamos, pode, de repente, ser melhor do que nós.

 Há várias parábolas em que Jesus coloca o samaritano comoaquele que age melhor, que está mais perto de Deus. Somos todos irmãos eprecisamos agradecer a Deus, a cada manhã, pela oportunidade de mais um dia devida.

 Jesus não quer que desprezemos as pessoas, mas queentendamos que aquele que desprezamos pode nos dar uma lição de vida muito maisbonita do que a que levamos.

 Os dez leprosos viram-se "curados" da sua doença,mas só um foi "salvo": aquele que, movido pela sua fé, deu glória aDeus e agradeceu a Jesus. São Lucas põe em relevo o fato de o leproso salvo serum estrangeiro. Como estrangeiro era também Naamã, comandante do exército dosArameus mas ferido de lepra. Naamã ficou curado quando, obedecendo à palavra doprofeta Eliseu, foi lavar-se nas águas do rio Jordão. A Palavra de Deus põe emevidência que "a salvação do Senhor é para todos os povos". O destinouniversal da salvação e a fidelidade a Israel, que à primeira vista podemparecer em contradição, são na realidade dois aspectos inseparáveis erecíprocos do mesmo mistério salvífico: é precisamente a intensidade e asolidez do amor de Deus pelo povo por Ele escolhido que torna este amor uma"bênção" para todos os povos (cf. Gn 12, 3). A manifestação mais altadisto mesmo está na cruz de Cristo, o máximo sinal da sua dedicação às ovelhasperdidas da Casa de Israel e, simultaneamente, da redenção da humanidadeinteira.

 São Paulo nos diz que, quando ele está fraco, aí é que setorna forte porque é na fraqueza que mais precisamos da graça e da força deDeus. E é então que a recebemos em toda a sua plenitude.

 No cumprimento das leis e prescrições mosaicas, os leprososque encontram Cristo param "à distância", sentem-se impuros, fora daconvivência humana; quem os toca também ficará impuro. O Senhor cura-os emanifesta-lhes a sua vontade salvífica com as palavras e com dois sinais muitoconsistentes: estende as mãos e toca-os. Cristo não aceita somente aproximar-seaos leprosos mas estende a sua mão, recebe-os e toca-os. Cristo identifica-secom o leproso, torna-se completamente solidário com eles. Destrói a impureza ea marginalização deles, manifesta a sua plena solidariedade com eles.

 A solidariedade coincide com a autêntica espiritualidade, ouseja: a ação do Espírito Santo, o amor. O Espírito Santo é o amor de Deus quese faz história na misericórdia solidária do Pai Eterno que nos envia o seuFilho redentor através da sua encarnação pascal. O Espírito Santo é aintercomunicação trinitária infinita no amor. A Terceira Pessoa da SantíssimaTrindade mostra-nos a natureza divina de Deus como Amor; um amor que é aentrega total do Pai ao seu Filho e do Filho ao seu Pai que, na sua totaldedicação, fazem proceder deles a pessoa Amor, a pessoa Dom, que é o EspíritoSanto. Portanto, o Espírito Santo significa a infinita posse pessoal individualtanto do Pai como do Filho em si próprios, posse que o coloca em condição de sepoder doar de modo absoluto. Aqui encontra-se a essência da solidariedade.Quando falamos da solidariedade humana, esta é autêntica somente quando é feitaà imagem de Deus. O homem torna-se filho de Deus somente através dasolidariedade, que significa receber numa doação gratuita plena tudo aquilo queé e doá-lo também sem medida a Deus e aos outros.

 Somente sob esta luz se pode entender o mistério dasolidariedade redentora: de fato, a maior doação que se possa pensar é a doaçãoaté à morte: "Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seusamigos" (Jo 15, 13). Desta doação, até à morte, o Pai cria a solidariedadeda humanidade redimida. Consequentemente, a autêntica solidariedade é aquela aque não importa o risco da perda da vida até ao ponto de poder dar a vida pelosoutros.


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