Estamos na reta final de agosto, nossas vidas a pleno vapor, mas ainda há tempo para refletirmos um pouco sobre o tão abordado, mas sempre atual tema da paternidade.
Uma das definições mais acertadas que já ouvi sobre o ser pai é a seguinte: “A grandeza da missão paterna não consiste em fazer alguém existir, mas em existir para quem deu a vida.” (Dom Eduardo Koaik)
E não se trata somente de existir no sentido literal, mas em fazer diferença na vida daquela pessoa a quem se chama de filho. De que forma você, que é pai, existe para seu filho?
Como filha deste tempo, posso dizer com propriedade: pais disponíveis atraem muito mais o apreço das crianças do que toda sorte de diversão online (vídeos, filmes, jogos etc). Lembro-me de ter dito várias vezes durante minha infância que preferia um dia na presença do meu pai do que vários presentes. O mesmo é válido para filhos adolescentes e adultos. Pais que se tornam companheiros e amigos de seus filhos correm menos risco de se tornarem idosos esquecidos. Acredito que a cultura que despreza os idosos não está somente relacionada ao completamente novo estilo de vida – frenética – que adotamos a partir da era digital, mas sobretudo ao relacionamento entre pais e filhos. É certo que um filho profundamente grato e reconciliado com seus pais queira garantir qualidade de vida para aqueles que lhes geraram e educaram.
Uma campanha da marca de alimentos Masterfoods, lançada já há alguns anos, que incentiva as famílias a valorizarem os jantares juntos, mostra claramente qual a primeiríssima opção da criançada: jantar com os pais, ao passo que todos os adultos escolheram pessoas famosas. Não é chocante?
Segue o link para quem quiser conferir:
https://youtu.be/TmzSXb7j9ME
Quem você escolheria para jantar?
Digam-me: por que nós adultos não continuamos a escolher nossas famílias em primeiro lugar? Ainda mais nos dias hodiernos, quando não temos tanto tempo livre para aproveitar a presença dos nossos queridos. Talvez porque não encontramos na família nosso lugar privilegiado de descanso, aquela paz e tranquilidade que só se encontram na presença de alguém que se ama.
Parece-me que estamos fadados a um cansaço eterno, porque desejamos corresponder às nossas expectativas que, por sinal, são cada vez mais numerosas e ilusórias até. Fazemos um cheklist quilométrico de “coisas que quero fazer antes de morrer” e esquecemos que a única coisa realmente importante é aquele momento simples transformado em memória base na psiquê do filho que te admira, aquele “eu te amo, pai” dito com sinceridade e não por tabela. No fundo isso é suficiente para nos sentirmos realizados.
Fazer de cada momento uma oportunidade de encontro, entendido no pleno sentido da palavra – estar um diante do outro, olho no olho – já é um primeiro passo para serem lembrados eternamente por seus filhos. O “Bom dia, meu filho, dormiu bem?”, “Como você está se sentindo?”, aquele diálogo difícil travado mais com criatividade e ternura do que com tom elevado e ríspido, aquele agrado acompanhado de um “eu pensei em você”, aquele abraço diário dado como se fosse a última vez que se se encontrasse, é essa simplicidade banhada de amor que forma filhos gratos e excelentes futuros pais.