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Card. Odilo P. Scherer – Arcebispo de S.Paulo
Aproxima-se a Assembléia do Sínodo dos Bispos sobre aPalavra de Deus. Bispos do mundo inteiro, convocados pelo Papa, estarãorefletindo em Roma de 5 a26 de outubro sobre “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. O tema éda máxima importância, uma vez que a Igreja vive da Palavra de Deus, da mesmaforma que vive da Eucaristia; sua razão de existir e sua primeira missão é oanúncio da Boa Nova da salvação “a toda criatura”.
Setembro, no Brasil, é o “mês da Bíblia” e a Igreja promoveespecialmente a pastoral bíblica, convidando todos a lerem cada dia a SagradaEscritura, a rezarem com ela e a buscarem um conhecimento maior da Palavra doSenhor. Aconselho, pois, a ler algo daquilo que a Igreja diz sobre sua fé naSagrada Escritura: a Constituição Dogmática Dei Verbum, do Concílio VaticanoII, sobre a Palavra de Deus, ou o capítulo II do Catecismo da Igreja Católica(“Deus vem ao encontro do homem”).
Neste Ano Paulino, aconselho especialmente a leitura dosAtos dos Apóstolos, a partir do capítulo 9°, sobre a conversão e a atividademissionária do grande São Paulo; evidentemente, depois ler as Cartas Paulinas,passando este ano em companhia de Paulo. Estou certo que será de grandeproveito. A CNBB orienta especialmente para a leitura da 2ª. Carta aosCoríntios; publicou até um subsídio para a leitura, a oração e o estudo dotexto nos círculos bíblicos. Pode ser encontrado nas livrarias católicas.
Ser cristão e católico é o mesmo que ser discípulo de JesusCristo. Mas como pode alguém ser discípulo, se desconhece Jesus Cristo ou nuncateve na vida um encontro pessoal com ele? A Igreja recordou, na Conferência deAparecida, que o encontro com Cristo se dá de diversas maneiras. Um dos“lugares” privilegiados para esse encontro é a leitura e acolhida da Palavra deDeus, com fé. Encontramos Jesus na Escritura, lida com fé na Igreja e também em particular. O mesmoEspírito de Deus que inspirou os escritos sagrados também age no coração dequem os lê e acolhe com fé verdadeira e com o desejo sincero de “ouvir Deus”.
Se queremos renovar a fé e nossa vida cristã, precisamostornar-nos discípulos, que ouvem, acolhem e aprendem com a Palavra de Deus,deixando-nos orientar por ela. Desconhecer a Sagrada Escritura seriadesconhecer a Cristo, caminho, verdade e vida; e desconhecer a Cristo,significa viver ainda longe da salvação. Como conseqüência, seria tambémrenunciar à missão de anunciá-lo aos outros e ao mundo inteiro.
Por isso, o Papa Bento XVI convidou a Igreja, em Aparecida:“ao iniciar a nova etapa missionária que a Igreja da América Latina e do Caribese propõe a empreender, a partir desta Conferência em Aparecida, é condiçãoindispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus, educandoo povo na leitura e na meditação da Palavra: que ela se converta em seualimento para que, por experiência própria, veja que as palavras de Jesus sãoespírito e vida (cf Jo 6,63). Do contrário, como vão anunciar uma mensagem cujoconteúdo e espírito não conhecem profundamente? É preciso fundamentar nossocompromisso missionário e toda a nossa vida na rocha da Palavra de Deus” (cf.Doc. Aparecida n° 247).
Os cristãos, discípulos de Jesus, precisam alimentar-sediariamente com o “pão da Palavra” e compartilhar esse pão com o mundo famintoe sedento da Palavra de Deus (cf Am 8,11). Nossas comunidades eclesiais enossas famílias precisam ser lugares onde a Palavra do Senhor tem um lugar dedestaque. Os pais, que têm filhos pequenos ou na idade da catequese, poderãoiniciar os filhos no amor à Palavra santa do Senhor. Nossas liturgias sejamsempre momentos de bela proclamação e alegre acolhida da Palavra da salvação. Eo tesouro da Palavra divina confiado à Igreja encha cada vez mais de bênção ocoração das pessoas.