Igreja

Papa: restaurar a natureza danificada significa restaurar a nós mesmos

Neste dia Mundial do Meio Ambiente, o pedido do Pontífice é que possamos assumir nossas responsabilidades e reparar de forma rápida e consciente o nosso ecossistema.

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Com criatividade e coragem, tornemo-nos uma “geração da restauração” para os ecossistemas. “Restaurar a natureza que danificamos”, na verdade, significa em primeiro lugar, restaurar “a nós mesmos”.

Esta é a exortação do Papa numa vídeo-mensagem lida em inglês pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, dirigida a Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), nesta sexta-feira (04/06), e a Qn Dongy, diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O foco é o Dia Mundial do Meio Ambiente que será celebrado hoje. É uma celebração especial porque se realiza no ano em que começa a Década da Restauração de Ecossistemas, promovida pelas Nações Unidas.

Pouco tempo, não continuar com a destruição

“Temos pouco tempo”, dizem os cientistas, “para restaurar o ecossistema”. Daí a importância de assumir compromissos de dez anos, intensificando os esforços para reverter a degradação dos ecossistemas, que foram explorados por muito tempo. “Corremos o risco de inundações, fome e graves consequências para nós e para as gerações futuras”. Por isso, é necessário “cuidarmos uns dos outros e dos mais vulneráveis entre nós”. “Injusto e insensato” é continuar no caminho da destruição do homem e da natureza. “Isto é o que uma consciência responsável nos diria”, enfatiza o Papa na mensagem.

Responsáveis com as gerações futuras

Portanto, é necessário agir “com urgência” para nos tornarmos administradores cada vez mais responsáveis com as gerações futuras: todos nós fazemos parte do “dom da criação”, como nos lembra a Bíblia. Esta interconexão com referência à ecologia integral é o fio condutor da mensagem de Francisco, na qual é mencionada várias vezes a Laudato si‘.

Muitas advertências

Olhando ao redor, vê-se de fato uma crise que leva à crise, à destruição da natureza, “assim como uma pandemia global que leva à morte de milhões de pessoas”, mas também as consequências injustas de alguns aspectos de nossos sistemas econômicos atuais e de numerosas crises climáticas catastróficas “que produzem graves efeitos nas sociedades humanas e até a extinção em massa das espécies”. São “muitas” as “advertências” que impelem a tomar medidas urgentes. Estas incluem a “Covid-19 e o aquecimento global”. Em termos concretos, espera-se que a COP26 sobre as mudanças climáticas, que será realizada em Glasgow, na Escócia, em novembro próximo, ofereça as respostas justas. Outra frente importante sobre a qual intervir é a dos sistemas econômicos. Precisamos rever o modelo de desenvolvimento atual, destacando o ponto chave de que “a degradação do ecossistema é um resultado claro da disfunção econômica”.

A esperança de um compromisso renovado

Apesar da preocupação, há esperança. A tecnologia pode ser direcionada para um progresso mais saudável. Há também um novo compromisso por parte de Estados, autoridades e sociedade civil, voltado para a promoção da ecologia integral. A palavra-chave é o conceito “multidimensional”, que “exige uma visão a longo prazo”, evidenciando também a inseparabilidade entre “preocupação pela justiça natural para com os pobres, compromisso com a sociedade e paz interior”, ressalta o Papa na mensagem, exortando a todos a assumirem responsabilidade para consigo mesmo, para com o próximo, a criação e o Criador.


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