Formação

Para Santo Agostinho, tudo fala de Deus

Confira a continuação do resumo do capítulo X de Confissões de Santo Agostinho. Desta vez, veja como ele se começou a se relacionar com a criação e perceber que toda ela falava de Deus

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O céu, a terra e tudo que neles existem falam de Ti, de modo que ninguém pode esquivar-se de uma revelação de Deus presente no mundo natural. Aos que o encontram, são objeto de misericórdia que excede outra misericórdia. Se assim não fosse, o céu e a terra pronunciariam os louvores de Deus a surdos. O que ele quer dizer com este trecho? Quem encontra a misericórdia de Deus se surpreende que, ao olhar para trás, esta presença já se supunha ao contemplar a criação? Supondo que ninguém alcançasse a revelação divina, a primeira revelação seria como palavras ditas a surdos.

Indaga-se: o que se ama, quando se ama a Deus? E cita vários prazeres sensíveis, atraentes à natureza humana: a beleza corporal, o esplendor da luz, doces melodias, o suave odor das flores, dos unguentos, dos aromas, o maná, o mel ou às carícias carnais?. Não, nada disso se ama perfeitamente, quando não se ama a Deus.

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Qualquer pessoa sentirá deleite ainda nestas coisas ainda que não conheça a Deus. No entanto, reconhece que ama a luz, a voz, o perfume, o alimento, o abraço, quando ama a Deus e adicionalmente descobre neste amor, contentamento de outra ordem: uma luz, um odor, um alimento, um abraço do homem interior, numa luz que nenhum espaço contém, onde ressoa uma voz que não se extingue, um perfume que não se dissipa, uma comida que se saboreia sem diminuir o apetite e um contato com uma sociedade que não se desfaz.  O alcance dos prazeres do espírito, que  são os mais deleitáveis à alma, aí se reconhece quando se ama a Deus. 

A segunda pergunta é: O que é isto? ou dito de outro modo: tu és Deus? E aí, indagando a vários elementos da natureza: a terra, o mar, os abismos, os seres vivos, o vento que sopra e toda a atmosfera com seus habitantes e a todos os seres que o rodeiam e todos, um a um, dizem: “não somos o teu Deus”. Agostinho indaga-os, então, para que falem alguma coisa do seu Deus, e eles respondem: “foi Ele quem nos criou.” Após passar pelos seres da criação, vai ao centro de si mesmo, indagar-se.

O corpo e todas as criaturas já haviam dado a resposta. A alma, que preside o corpo e o dirige, também foi informada, de modo que o homem responde também a si próprio: também não sou Deus, mas foi ele quem me criou. Conclui esta parte dizendo que a alma é superior a tudo o que é criado, sendo ela quem dá vida ao corpo e Deus, a vida da vida.

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