Mesmo que já tenhamos passado pelas Oitavas de Páscoa, estamos vivendo o Período Pascal, e seguimos recebendo de forma mais direta as graças da Ressurreição de Jesus. Segundo a antiga etimologia bíblica, a palavra “páscoa” significa “passagem”. Essa passagem tem três etapas, que vivemos durante este período Pascal:
1. A Páscoa do Senhor, Deus de Israel: Na noite em que feriu os primogênitos do Egito, “Ele passou” adiante, poupando os primogênitos dos israelitas: “É a Páscoa do Senhor. Naquela noite passarei pela terra do Egito…” (Ex 12,11-13). A passagem do Senhor significou salvação, libertação, vida e alegria para o povo eleito.
2. A Páscoa do povo de Israel: Sustentados pelo braço forte do seu Deus, o povo deixou o Egito e, atravessando o mar e o deserto, “passou” da dureza da escravidão para a liberdade: “Este dia será para vós um memorial, e o celebrareis como uma festa para o Senhor; nas vossas gerações a festejareis, é um decreto perpétuo” (Ex 12,14).
3. A Páscoa de Cristo Jesus, que realiza e cumpre a Páscoa de Israel: “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a Sua hora de ‘passar’ deste mundo para o Pai, tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Jesus faz Sua Páscoa passando desta vida limitada e mortal para a plenitude da vida do Pai, a vida plena e eterna. A morte, que era como uma caverna escura e sem saída, tornou-se apenas um túnel: Jesus entrou nela, saindo deste mundo, arrombou-lhe a parede de fundo e saiu do outro lado, na plenitude infinita do Pai. Ele ressuscitou!
4. A nossa Páscoa de cada dia, que é unida a do mundo: Nós “passamos” e tudo passa. Somos essencialmente “passageiros”, somos “passantes”, pois nascemos e vivemos em constante passagem. Para quem crê, para quem sabe que o Cristo ressuscitou, a vida é passagem, mas não para o nada, mas para o abismo do não-ser, da morte, da falta de sentido. Passamos, é verdade, mas como Jesus, passamos deste mundo para o Pai. E passamos com Jesus e em Jesus, como membros do Seu corpo, que é a Igreja. Mais ainda: Nós cremos e esperamos que, um dia, no “Dia do Senhor”, no “Último Dia”, no “Terceiro Dia” ou no “Dia da Ressurreição”, toda a criação passará desta situação precária para a glória de Cristo. A nossa Páscoa, portanto, é um fruto bendito da única e eterna Páscoa de Cristo! Estamos todos de passagem para a vida eterna!
Que a Páscoa do Nosso Senhor Jesus Cristo permaneça para sempre — e que apesar das idas e vindas da vida, nós não corramos sem rumo, mas sigamos certos da vitória — que é a vida em plenitude que Cristo Ressuscitado deseja nos dar, a coroa da glória que jamais passará.
+ Dom Henrique Soares
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