Sacerdote, por que tu és sacerdote?
Lembras quando o Senhor te chamou?
Tu relutaste, mas não teve jeito,
Foi um chamado insistente, contínuo,
Que não pudeste, como Maria em Nazaré,
Dizer não aos tantos Anjos
Que o mesmo Deus enviou
Para te convencer que era necessário dizer SIM.
Um sim de entusiasmo, sofrido, mas foi um sim
Que te levou para longe de tua casa, de tua família…
Um grande adeus aos amigos, parentes;
Houve quem te olhasse como um estranho
E quem perguntasse com uma certa desconfiança
Que aconteceu? Desilusões no amor?
Falta de coragem para enfrentar a vida?
Medo de trabalhar? Ou simplesmente
Uma maluquice que não se entende…
Mas tu foste.
Caminhos duros, lutas e dificuldades,
Ou quem sabe tudo tranquilo.
Caminhaste anos a fio, sonhando, desejando.
Apareceram dificuldades e nuvens
Que ofuscaram por breves instantes
A beleza de tua vocação…
Pensaste em voltar atrás, em desistir,
Mas uma força dentro de ti te chamava,
Impulsionava a continuar o caminho.
Lembras? Caíste em tentações,
Sentiste que o ser sacerdote era maior do que tu,
Viste que o celibato não era doce e leve como imaginavas,
Que não era fácil obedecer aos homens,
E que tu não serias capaz de viver com poucas coisas.
Te debateste, choraste, mas o ideal do sacerdócio
Era mais forte e gritava dentro de ti…
Caminhaste, e um dia subiste ao altar.
Foi festa, grito de alegria;
Todos estavam felizes por ti
Mas no momento em que tu estavas prostrado,
Sozinho, com o rosto por terra,
Uma lágrima nasceu, um soluço silencioso,
Uma angústia te pegou de surpresa.
Mas eras feliz, eras sacerdote para sempre!
Voz trêmula, desejo de ser, de te doar a todos, sem reserva.
E começou o teu caminho de entusiasmo e de amor.
Foste feliz; onde passavas deixavas rastros de amor e de felicidade,
Caminhaste, os anos se foram.
Novas dúvidas, novas solidões, novos momentos de martírio.
Olhaste com desejo de mártir, de apóstolo, os campos do teu apostolado…
Mas também outras lágrimas e outros sonhos
Entraram dentro de ti… Mas tudo superaste
E continuaste o caminho.
Cada passo mais lento, mas não com menos amor.
Cada palavra mais pesada, mas não com menos entusiasmo,
Cada missa mais sofrida, mas não com menos sangue de mártir.
Tu és sacerdote para sempre… Embora que seja duro e pesado,
Sem mais o entusiasmo de então, não mais o fervor de ontem,
Mas, com o mesmo amor, tu queres viver a tua adesão a Cristo.
Não tenhas medo, caminha, e um dia Cristo, Sumo e Eterno sacerdote,
Te fará sentar à Sua direita, porque tu, Sacerdote, foste servo bom e fiel.