Quem nunca se fez essa pergunta: Por que eu nasci? Caso você ainda não tenha feito, provavelmente uma hora vai fazer. Porque não fomos educados para sofrer os desgostos da vida, os amores desencontrados, a fatura do cartão que não conseguimos pagar, a promoção do trabalho que nunca chega, o carro XYZ que não temos, altura, peso, cabelo, enfim, parece que tudo está contra nós, o mundo perde as cores e a visão só enxerga preto e branco.
Parando para pensar, mesmo se tivessem nos ensinado que a dor existe e que não precisamos esperar que ela nos devore, a sensação é que ela não vai ter fim. A intensidade é muito grande, faz perder o ar, o sentido de viver. Penso que toda dor deve ser respeitada, não existe um sofrimento maior que o outro, do tipo “ah o meu sofrimento é maior que do fulano” ou “nossa porque o beltrano está tão depressivo? Ele não tem motivo, só morreu o passarinho dele”.
É sobre isso que não entendemos que a dor chega para todo mundo e cada um vai filtrar de uma proporção diferente. E quando você se depara com essa pergunta “por que eu nasci?”, existe uma história por trás dela. Existe dor em viver, existe até mesmo razões plausíveis para isso, existem lágrimas que expressam palavras que não conseguimos dizer.
Deixa um pouco o celular de lado
Ninguém pensa em parar de viver do nada. “Sei lá, acordei hoje com vontade de morrer”. Como assim Brasil? Aliás, ninguém fala que quer morrer porque de fato querer morrer é só um jeito de expressar a dor que esmaga o peito, a chance que gostaria que a sua real situação fosse transformada. O mundo não tem cor, não sei de onde vim e nem para onde vou. É uma dor silenciosa.
Então, caso você chegue perto de alguém assim, deixa um pouco o celular de lado e olhe nos olhos da pessoa. Você vai perceber que já não existe mais o brilho no olhar, porque quem sofre diz no semblante do rosto a sua dor. Ela pode até tentar disfarçar, mas quando você olha nos olhos, tudo desmorona, não tem como não perceber. Vejo que aí mora o segredo.
Muitas pessoas se escandalizam, quando alguém diz: “Meu Deus! Fulano, tinha um emprego bom, o carro do ano, casa na praia, jovem, todo um futuro pela frente e suicidou-se”. Isso se dá porque criamos estereótipos das pessoas, porém não as conhecemos, estamos tão conectados nas redes sociais, preocupados com o nosso próprio umbigo, que não conseguimos perceber que aquele olhar frio, aquela voz seca, aquele desânimo, só era um jeito de pedir ajuda.
É uma dor gradativa ou instantânea, o fato é que não sabemos lidar. É um ciclo que não tem fim, os pensamentos vêm, só não sabemos controlar a solidão, o vazio interior grita dentro de nós e a tristeza resolve fazer morada.
Como acabar com essa dor?
Dê a volta por cima! E se a volta for longa não tem problema. A caminhada é sempre indicada e faz bem para o nosso corpo, ver sentido nas coisas grandes realmente é deslumbrante e começar pelas pequenas coisas é desafiante, mas acredito em você.
Agora chega de dar volta e me responde logo “Por que eu Nasci?”. Para Amar. Sério? Que babado! Não é o contrário, ser amado primeiro? Não. Sei que dói esperar amor do outro, atenção dos pais e tantas coisas que nos atormentam, mas venhamos e convenhamos que não tem como amar sem ser amado. O segredo é que não precisamos ficar esperando o amor bater na porta e dizer: levanta desse sofá.
Que tal começar amando-se para amar e receber amor? Caso você seja a pessoa dessa pergunta, saiba que você não está sozinho. A dor chega, mas tem prazo para ir embora. Tô contigo viu? Desiste não, vale a pena viver! Olhe para dentro de você, existem dons que são só seus, e o mundo precisa deles para ficar colorido de novo!
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Ariane Matos
Missionária da Comunidade Católica Shalom