Conta-se de Dom João Becker, ex-arcebispo de Porto Alegre, que ele insistia no estudo e na formação permanente do clero. Em resumo dizia: “Padre que não estuda vira boi”. Eu me pergunto: E bispo que não estudo, vira o quê? Para não obrigar ninguém a responder, irei a Roma por duas semanas participar de um evento internacional de cristãos e bispos a fim de partilhar desafios e esforços de evangelização no contexto do mundo globalizado.
Em primeiro lugar trata-se da renovação interior, pessoal. O Apóstolo Paulo escreveu a Timóteo, que pertence à primeira geração de bispos, sucessores diretos dos Apóstolos: “Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que está em ti”. E ao povo tessalonicense: “Não apagueis o espírito” (1 Ts 5, 19).
Quando se extingue o espírito, a mente fica no escuro, sem luz, incapaz de distinguir entre o certo e o errado. A própria agitação cotidiana desgasta a pessoa e exige recomposição periódica.
É célebre o desabafo de São Gregório Magno, um dos maiores Papa da Igreja: “Depois que tomei sobre os ombros a responsabilidade pastoral, o espírito não consegue recolher-se tão assiduamente como queria, porque se encontra solicitado por muitas preocupações”.
Mas há também a evolução contínua da história, com rápidas mudanças sociais e culturais. O Papa João Paulo II aconselhava o clero a “acertar o passo” com o caminho da história. Literalmente escreveu: “Hoje não existe profissão, compromisso ou trabalho que não exija atualização, se quiser ser credível e eficaz” (Pastor Dabo Vobis, nº 70).
E aos Bispos o mesmo Papa escreveu: “É evidente que, como acontece na vida da Igreja, também o estilo de ação, as iniciativas pastorais, as formas de ministério do Bispo vão evoluindo. Também deste ponto de vista, resulta a necessidade duma atualização” (Idem, nº 24).
Em Roma estarei orando pelo povo diocesano e pelo Brasil junto aos túmulos dos Apóstolos São Pedro e São Paulo. Naturalmente, direi ao papa Bento XVI da beleza e das dificuldades do nosso povo, pedindo que o abençoe.
De minha parte, peço oração também. Digo com o salmista: “O Senhor tem compaixão dos que o temem, porque sabe de que barro somos feitos, e se lembra que somos apenas pó” (Sl 102, 13-b-14).