Caros Irmãos!
Neste período da Quaresma chama-nos atenção à palavra TEMPO, que de forma constante chega até nós por variados caminhos, vejamos:
Na Palavra de Deus rezamos com o texto: “Eis o tempo favorável” (2Cor 6,2)
No hino das Laudes (que é uma oração antiga da Igreja), cantamos: “Dai-nos no tempo aceitável um coração penitente.”
Ou ainda na bela música de Suely Façanha que diz: “É tempo de conversão, tempo de viver o amor, tempo de recomeçar.”
E ainda nas celebrações eucarísticas quando ouvimos: “Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação.”
Enfim, de todas as formas vamos sendo motivados a parar diante deste tempo. Tempo não cronológico, mas o Kairós, o
tempo da graça, o tempo de Deus. Podemos dizer que a Quaresma é o tempo da graça de Deus, Ele que vem ao encontro das nossas desgraças ( esta palavra significa sem a graça ), ao encontro do que está mais escondido, escuro, fragilizado, frio em nós. Neste encontro somos alvos da Sua misericórdia e compaixão. É o tempo de Deus que adentra o nosso tempo e muda a nossa história.
Lembro-me ainda do deserto tão falado neste período quaresmal, lembro-me sobretudo da importância dos lençóis d’água que estão nos subsolos destes desertos e das rochas que estão fincados também dentro destes solos. Há um provérbio que diz: “água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” Dentro dessa expressão comparamos a força destes lençóis com a força do Espírito Santo, que toca na dureza do nosso coração e o modifica; e quando modificado, damos acesso ao Kairós. Por nossas forças o nosso tempo não tem acesso ao mistério da GRAÇA, ao mistério do esvaziamento, da pobreza, da baixeza, da humildade. Mas pela força do Espírito Santo a conversão acontece, o abandono nas mãos de Deus se faz como fruto autêntico da Pobreza.
Então o que estamos esperando?
Corramos em direção Àquele que nos traz o NOVO! Não queiramos ficar para trás, pois os que ficaram para trás morreram afogados. Não é isso que nos remete a Palavra de Deus no Antigo Testamento quando se fala do mar Vermelho? Os soldados do Faraó ficaram para trás…
Pois bem, a graça está na nossa frente. Não nos contentemos com o que ficou pra trás! Se perdermos, perdemos por amor a Deus, como sinal de esvaziamento e não como descontentamento. EIS O TEMPO FAVORÁVEL!
por Gisélia Fernandes