Há uma verdade incontestável que define nossa vida: somos filhos de Deus. Negar ou esquecer esta verdade acaba por destoar a nossa identidade, a nossa essência mais profunda.
No episódio da traição de Judas, por exemplo, o discípulo, que havia acompanhado o Mestre por tantos lugares, agora o vende por 30 moedas de prata, o preço de um escravo. É normal que a nossa consciência se questione:
“Como ele teve coragem de fazer isso? Mesmo vendo tantos milagres que Jesus realizou, mesmo tendo sido escolhido por Ele, mesmo acompanhando sua bondade tão de perto?”.
O fato é que Judas esqueceu quem era. Esqueceu sua essência mais profunda e, esquecendo quem se é, cometeu a mais famosa das traições.
E é exatamente dessa forma que traímos a Deus. Quando nos esquecemos dos Seus feitos nas nossas vida, do Seu amor, da Sua misericórdia, somos capazes de trocá-Lo até mesmo por menos de 30 moedas.
Esquecendo quem é Deus, esquecemos quem somos. Esquecemos que temos um Pai e aderimos a uma condição de órfãos sem o sermos.
Judas e Pedro passaram por isso. O negaram, esqueceram quem Ele é.
Mas Pedro caiu em si, recordou-se de quem é filho e soube recorrer e suplicar aquilo que é próprio do Pai: sua misericórdia.
Temos a tendência de julgar a Deus segundo as nossas fraquezas.
Esquecemos quem Ele é, O comparamos a nós, igualando-O às nossa limitações. Julgamos que Ele é o que na verdade nós somos.
A crise dessa verdade rouba a nossa identidade e a identidade de Deus. Assumimos tantas falsas verdades sobre nós, – criadas por nós, ditas pelos outros ou apresentadas pelas situações – que ofuscamos o que é real em nós e não buscamos saber, de Quem realmente nos conhece, quem somos.
São Francisco de Assis tantas vezes em sua oração repetia: “Quem és Tu? Quem sou eu?”, e assim colocava a si mesmo e a Deus em seus respectivos lugares. Recordava a sua condição limitada, fraca, pecadora, infiel.
Isso tudo a partir da gratuidade, fidelidade, misericórdia e amor do seu Senhor.
E assim, e somente assim, assumindo e aderindo à verdade, pôde confiar e abraçar a vontade de Deus. Ele aceitou sua condição limitada, não para justificar as suas faltas, mas para admitir com humildade a sua imperfeição.
A nossa alma grita pela verdade. É ela que nos deixa inteiros, plenos. Quando negamos em nosso coração a identidade de Deus e a nossa, a consequência é a insatisfação, a dor, o sofrimento.
Lembrar-se de quem Deus nos move a Ele, gera louvores mesmo diante das dores, nos permite clamar por Ele em meio às quedas do pecado, enche-nos de esperança e confiança.
Deus sabe das nossas inconstâncias mais do que julgamos saber, e mesmo assim nos chama a estar perto do Seu coração. Ele não nos exige perfeição, Ele nos quer santos.
E o que é a santidade a não ser abraçar, mesmo com nossas imperfeições, a perfeição que é própria somente de Deus?
Que possamos, nesta Quaresma, nos esvaziar de quem supomos ser e recordarmos a verdade de quem Deus é.
Participe do Retiro Quaresmal da Comunidade Shalom
Participe do Retiro Quaresmal da Comunidade Católica Shalom, Do Deserto à Ressurreição. Por meio da página comshalom.org/quaresma, você tem acesso a conteúdo exclusivos para viver melhor esse tempo: pregações semanais com Padre João Chagas, formações, orações, salmos dominicais, homilia diária e conselhos dos santos disponíveis diariamente.
Além disso, temos um roteiro completo para aprofundar ainda mais sua experiência quaresmal de encontro com Deus: BOX Do Deserto à Ressurreição. Saiba mais:
VEJA TAMBÉM:

