“E chamou os que Ele quis!” (Mc 3,13). João, Pedro, Mateus, Judas, Tomé […] enfim, os 12 alvos da eleição misericordiosa de Deus. Penso que nenhum deles conseguiria transcrever – porque talvez não tenham compreendido — a graça de ter escutado a Doce Voz que tão decididamente e pessoalmente os chamou a uma vida inteiramente ganhada, à medida que se é perdida.
Quanta consolação dos discípulos que, diante do cansaço, podiam contemplar tão de perto Aquele que é o próprio Descanso; que ao lidar com o abismo de suas misérias sabiam que caminhavam ao lado dAquele que tudo pode purificar; que no reconhecimento do seu nada, estavam com o Único capaz de tornar fecunda toda pobre oferta que deles recebia. Que graça, por este Amor, não querer mais segurança alguma por ter entre eles a única Segurança.
Quão grande é este mistério de Amor que durante toda a história continuou suscitando novos discípulos, a exemplo dos santos, que atraídos pelo inebriável perfume de Jesus não quiseram outra coisa senão unir-se completamente ao Divino Amigo e Esposo na terra e, finalmente, no Eterno Céu.
Na dimensão insondável da Misericórdia Divina, quis o Senhor somar as nossas vidas — mesmo que diante de uma correspondência ainda tão fraca e lenta – à lista dos Seus discípulos. Diante disso, reconheço quão concretas foram as palavras de Santa Teresinha, quando disse: “mas, à lei do temor sucedeu a lei do amor, e este escolheu-me para holocausto, criatura tão fraca e imperfeita! Parecerá a alguém menos indigna do amor esta escolha? Não; o amor para ficar plenamente satisfeito, precisa abaixar-se até ao nada e transformar em fogo esse mesmo nada. Bem sei, ó meu Deus, que amor só com amor se paga!”
Buscando satisfazer o Amor, nesse Doce abaixar-Se que nos eleva, chegou o tempo de externar o que durante toda a nossa história de vida esteve pirografado em nossos corações: a Vocação, o nosso lugar no Coração de Deus e da Igreja, a Paz que ninguém será capaz de roubar, o Leito das almas esposas, a via Pascal por meio da qual o Senhor deseja nos salvar.
Quero ser discípula do Ressuscitado que passou pela Cruz e, com Ele, aprender a amar até as últimas consequências. Quero seguir nessa estrada, cujo caminho desconheço, deixando-me guiar somente pela Luz que sobre mim decidiu brilhar. Quero acolher a cada dia a supracitada consolação de ser discípula do Amor e, assim, poder entoar jubilosa, em cada amanhecer: “ó, Jesus, meu Amor! Encontrei, afinal, a minha vocação!”
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