As redes sociais têm sido um amplo espaço de debates sobre diversos temas. Plataformas como Facebook, Twitter e Instagram, permitem a exposição de pensamentos distintos e não é raro se deparar com discussões públicas ou privadas entre pessoas de opiniões contrárias. Certamente, em algum momento da sua vida, você já se deparou com alguém que pensa diferente e ali iniciou um diálogo.
O diálogo nasce com a necessidade de comunicação, mas para que ele seja eficaz, é necessário um objetivo em comum: A busca pela verdade. O Papa Emérito Bento XVI, em sua Encíclica Caritas in veritate (Caridade em Verdade), afirma que “Além de requerer a liberdade, o desenvolvimento humano integral enquanto vocação exige também que se respeite a sua verdade.”
A busca pela verdade, portanto, é também a busca pelo desenvolvimento do homem, que necessita dela para ser plenamente livre. A verdade, em nenhuma hipótese, deve ser ocultada ou maquiada por interesses egoístas, que podem comprometer a plena realização de um indivíduo. Quando o apego a si mesmo permeia uma conversa, não pode haver diálogo, porque a caridade pelo outro não vai ser o fim último da relação.
Cada cristão deve ser portador da verdade e da esperança, que são próprias do anúncio da Boa Nova do Evangelho. Isso vale também para aquilo que acontece na ampla esfera das redes sociais. Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudim (A alegria do Evangelho), afirma que “com a negação de toda a transcendência, produziu-se uma crescente deformação ética, um enfraquecimento do sentido do pecado pessoal e social e um aumento progressivo do relativismo; e tudo isso provoca uma desorientação generalizada.”
Um cristão necessita, portanto, combater o relativismo com humildade, ciente de que ser portador da verdade não deve ser sinônimo de arrogância, mas sim de um cumprimento fiel de um dever que lhe foi dado.
Encontrar os mais necessitados: um mandato missionário
Mencionamos anteriormente que o diálogo pressupõe humildade. Mas como isso pode acontecer, na prática, especialmente em tempos de relações tão superficiais?
É necessário ouvir o outro e as suas motivações, as suas dores escondidas, ajudá-lo a retirar os excessos e tentar encontrar, em seu íntimo, a necessidade que ele deseja comunicar. Ir ao encontro de alguém é como realizar o trabalho de um minerador em busca de um grande tesouro: ele trabalha de forma serena e atenta, ainda que encontre pedras grosseiras no caminho. As pessoas que estão distantes da verdade do Evangelho devem ser os verdadeiros tesouros escondidos de todo cristão – e elas também estão nas redes sociais.
São João Paulo II, na Encíclica Redemptoris Missio (sobre a validade permanente do mandato missionário), afirma que “a Igreja dirige-se ao homem no pleno respeito da sua liberdade: a missão não restringe a liberdade, pelo contrário, favorece-a. A Igreja propõe, não impõe nada: respeita as pessoas e as culturas, detendo-se diante do sacrário da consciência Aos que se opõem, com os mais diversos pretextos, à atividade missionária, a Igreja repete: Abri as portas a Cristo!”
Dialogar à luz da caridade, portanto, não é sinônimo de imposição, mas de escuta e de compreensão. Somente um coração atento, compassivo e aberto ao Espírito Santo pode encontrar as ovelhas perdidas e retirá-las do fundo do relativismo e da idolatria às ideologias que podem ser muito nocivas aos homens.
Que possamos identificar, sem rótulos, aqueles que necessitam do anúncio da Boa Nova que não passa: Jesus Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida.