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Dom Benedicto deUlhôa Vieira
Nos contatos freqüentes, que a vida pastoral nosproporciona, é comum encontrarmos pessoas, que nos pedem orações, paraconseguirem desejados favores do céu. São pedidos de graças, de saúde, deemprego, de mil outras necessidades que se nos antolham. É claro que Deus, porser Pai cheio de bondade, nos ama e nos dá muito do que precisamos.
Mas, embora possamos pedir, deveríamos sempre viver em açãode graças, pelo que recebemos das mãos generosas de Deus. Dias atrás, o SantoPadre, em visita pastoral a uma cidade italiana, recordava exatamente isto.Demos graças ao bom Deus (lembrava Bento XVI) pelas coisas mais importantes davida que nos foram doadas: “o sol e a sua luz, o ar que respiramos, a água, abeleza da terra, o amor, a amizade e a própria vida”. Viver pois em ação degraças.
Há outras coisas – é ainda o pensamento do Papa – queninguém nos pode tirar: nem as ditaduras da terra nem outras forçasdestruidoras. É sermos amados por Deus que em Cristo ama a cada um de nós. Istonos faz ricos, muito ricos de uma riqueza que não é terrena.
Mas, estes dons amorosos recebidos do Alto, vêm exigir denós que saibamos também doar, tanto no plano espiritual, oferecendo amor ebondade, como no plano material, que o Evangelho sintetiza na expressão:“fração do pão”. Temos pois de doar, exatamente porque recebemos. Assim, nossasociedade, nosso ambiente, nosso relacionamento, tudo isto fica mais humano e,por certo, mais perto de Deus.
A vida dos primeiros cristãos ilumina o que estamos tentandodizer. A gratidão pelo dom da fé e da vida cristã é que fez dos que, porprimeiro, abraçaram a novidade do Evangelho uma única família. Eram todosunidos como irmãos. Repartiam os seus bens, viviam em comum a alegria de suafé, a tal ponto que se podia dizer deles que eram uma única família no amor e naadesão a Deus.
Porque recebemos muito, temos de doar, diz o Santo Padre. Eé isto que torna o cristão uma pessoa intimamente feliz. São João Crisóstomo, omais famoso pregador da língua grega, falando a seu povo sobre esta largueza dedoar, invectiva seu auditório: “Sacia primeiro o faminto e depois, do quesobrar, adorna a sua mesa”, isto é, a mesa de Cristo. E termina dizendo:“Enquanto adornas a casa, não desprezes o irmão aflito”.
Coração aberto para agradecer, mãos também abertas para doara quem precisa.