“Sede Santos, porque Eu, o vosso Deus, sou Santo.” Esse é o chamado que o Senhor faz ao povo de Israel em Levítico 19, 2 e no hoje da nossa história se atualiza. Somos impelidos a largar tudo aquilo que não condiz com a nossa identidade de Filhos de Deus. Ele nos separou, nos escolheu e nos “libertou do Egito”, estabeleceu uma aliança e agora nos chama a viver de forma santa, como Ele é santo.
Em tudo, devemos imitar a Cristo! No nosso modo de ser, de agir, de pensar, de sentir, de se relacionar. “Em tudo deve brilhar o novo de Deus!” Isto diz Moysés Azevedo, nos Escritos Shalom, diante da grande obra de santidade que o Ressuscitado realiza em nossas vidas. Com coragem, precisamos largar tudo aquilo que diverge do chamado a uma vida nova, uma vida beatífica.
Devemos ter claro em nossa mente e coração que não pertencemos mais a este mundo e que a nossa grande meta é o Céu. Carlo Acutis, um jovem de 15 anos, que desde a mais tenra idade compreendeu o seu chamado, dizia que o seu maior desejo, a sua meta de vida, era estar totalmente unido a Jesus. Isso deve ser a maior vontade e anseio do meu coração.
Devo me unir tanto a Cristo que a minha identidade e a d’Ele tornar-se-ão uma só.
Como cristãos, devemos trazer na nossa personalidade o diferencial da santidade. O homem de hoje, que não conhece o amor de Deus, já está cansado de encontrar pessoas iguais a ele, com os mesmos problemas e sofrimentos. Por isso, nós precisamos ser homens e mulheres diferentes, que resplandecem em si a face de Cristo.
Santidade e Oferta de Vida: Palavras que se confundem
A cruz, a oferta de vida, é uma das grandes vias que nos elevam aos céus. Alguns santos nos dizem que, no fim de tudo, seremos julgados pelo amor. Deus, em sua infinita sabedoria, nos deu um imenso dom: o serviço, a oferta de vida. Por meio desta grande graça, podemos concretamente, no ordinário santo das nossas vidas, amar a Deus e, assim, nos unirmos completamente a Ele.
O serviço nos coloca em estado de saída, EM CONSTANTE ESTADO DE OFERTA. Partimos, então, para anunciar que Cristo Ressuscitou e, com alegria, gastarmos toda a nossa vida pelo Reino. Caminhamos na contramão do mundo, na lógica do amor que, se preciso for, ama até as últimas consequências. É aí que está a nossa felicidade. Infeliz é o homem que não sabe amar, que vive preso a si mesmo, aos seus queixumes e egoísmos.
Olhando mais uma vez para a vida do Apóstolo da Internet, Carlo Acutis, podemos contemplar o quanto ele viveu em constante estado de oferta. Ele entendeu o que Jesus disse em Mateus 16, 24-25:
“Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por causa de mim, a encontrará.”
É “perdendo” a nossa vida por conta do Reino que conquistamos a vida eterna. Carlo dedicou-se aos pobres, ofertou a sua vida ensinando os que tinham dificuldades de aprendizagem, catequizou muitas crianças e evangelizou por meio de um blogger. Ele não tinha “tempo para si”, pois estava bastante preocupado em amar a Deus por meio do serviço.
Salta-me aos olhos que muitos santos e homens que trazem em si a fama de santidade morreram em estado de oferta. Eles estavam onde deveriam estar e carregaram a sua cruz até o fim. Irmã Clare Crockett, no dia da sua Páscoa, estava evangelizando jovens e partilhando os seus dons minutos antes de ir para o encontro do Pai. Ronaldo Pereira, primeiro irmão da Comunidade Shalom a ir ao encontro do Pai, derramou até a última gota de sangue pelos jovens. Assim deve ser a nossa oferta, até as últimas consequências.
>> Assista ao documentário “Tudo ou Nada” sobre a vida da Irmã Clare Crockett
Tudo ou Nada
Na escola do amor, devo dar tudo por Deus e aos irmãos. Se Deus me chama a gastar a minha vida servindo aos pobres, devo dar o melhor. Seja na faxina ou na música, na evangelização pelas mídias ou na cozinha, na estrutura de um evento ou nas artes, o melhor.
“A medida do amor é amar sem medidas”. Frase célebre de Santo Agostinho, que traz em si uma grande verdade da dinâmica da doação. Devemos não por limites, mas dar tudo! Amar, amar, amar sempre cada vez mais, pois o amor não se calcula. Pelo contrário, no altar da oferta, tudo se consome até o fim.
As ideologias atuais nos conduzem a olhar somente para o grande “Eu”. O egoísmo à frente do Amor, o prazer como limite para a oferta, o conforto ao invés do serviço. Pensar somente em si tornou-se regra de vida. Todavia, a lógica de Cristo é outra. Quanto mais eu gasto a minha vida, mais me torno pleno e feliz. Carlo Acutis dizia:
“A tristeza é o olhar voltado para si. A felicidade é o olhar voltado para Deus.”
A oferta de vida nos salva de nós mesmos, pois coloca o nosso olhar voltado para o outro. Nesta via da doação total de si, somos pouco a pouco configurados àquele que em tudo nos amou, e amou ao extremo. No nosso dia a dia, necessitamos abraçar cada oportunidade para amar, para gastar a nossa vida pelo Reino dos Céus. Santa Teresinha dizia: “Para amar-Te, ó meu Deus, neste mundo, só tenho o momento presente!” Por isso, cada instante é uma oportunidade que temos para nos tornar mais santos, uma oportunidade para amar.