Formação

Santo Afonso de Ligório, dócil e fecundo servo de Deus

O Santo do dia, foi um bispo, escritor e poeta italiano. Fundou a congregação religiosa dos Padres Redentoristas. Estudou na Universidade de Nápoles e aos 16 já estava formado em Direito Civil e Canônico.

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Hoje a Igreja celebra a memória litúrgica de Santo Afonso Maria de Ligório. Ele nasceu em 1696, perto de Nápoles, na Itália, e morreu em 1787. Era membro de uma das mais antigas e nobres famílias napolitanas. Seu pai era um oficial da Marinha Real e sua mãe uma comprometida serva de Deus, católica piedosa e fiel.

Um acontecimento significativo a respeito da vida de Santo Afonso foi justamente a declaração profética feita por São Francisco de Jerônimo, um piedoso membro da Companhia de Jesus. Na época, afirmou o santo: “Esta criança, não morrerá antes dos 90 anos. Será bispo e realizará maravilhas na Igreja de Deus.”

Seu pai empenhou-se muito em sua formação, tanto que ele estudou artes liberais, ciências exatas e até disciplinas jurídicas. Sua habilidade com os estudos foi tão surpreendente, que com apenas 16 anos recebeu o título de doutor em direito civil e eclesiástico, dando início a trabalhos junto ao fórum. Seu pai já tinha preparado uma noiva rica e nobre para ele, mas Deus, de forma silenciosa e profunda, estava reservando uma outra via de santidade, tão bela quanto a matrimonial, a vida religiosa.

A mudança de direção e de metas

Já com grande nome no mundo da advocacia, venceu uma causa de muita relevância do Duque Orsini contra o Grão-duque de Toscana. Estudou com afinco a causa processual, reviu os autos, analisou os documentos. Resultado: fez uma brilhante defesa no fórum. Sua coleção de vitórias parecia estar prestes a crescer, quando algo decisivo aconteceu. Afonso notou nos autos do processo uma pequena falha que lhe passara despercebida.

Desse modo, deparou-se com os próprios limites e as imperfeições das leis humanas, e exclamou: “Ó mundo falaz, agora eu te conheço! Adeus tribunais!” Esse acontecimento determinou uma profunda reviravolta em sua vida. Afonso, o jovem promissor e brilhante advogado abandonou definitivamente sua profissão, dedicando-se a partir daí exclusivamente a Deus e à sua Igreja. Após concluir seus estudos teológicos, recebeu a ordenação sacerdotal no dia 21 de dezembro de 1726. Esta mudança de meta e de vida custou-lhe muitas dores. Uma, em particular, foi a relação com seu pai, que ficou comprometida. Esse senhor não se conformava com a escolha feita pelo filho de renunciar às honras e aos títulos de nobreza, assim como aos bens e à herança familiar.

Pregador eloquente da Palavra, comunicador dos mistérios de Deus

A Partir desse dia, Afonso canalizou todo o seu conhecimento e a sua capacidade discursiva para servir a Cristo. Tornou-se um exímio pregador, que tinha como alvo e público preferido os pobres, os doentes e as crianças abandonadas. Tanto, que sempre repetia: “Deus me enviou para servir os pobres e as criancinhas.” Sua dedicação tornou-se tão comprometida que estava decidido a morar num hospício que era administrado por sacerdotes Chineses. Não obstante, Deus parecia ter outros planos, terminando por conduzi-lo a um convento feminino, em Scala, perto de Amalfi, devido a uma enfermidade e necessidade de cuidados.

Nesse convento, a Irmã Maria Celeste Crostarosa revelou-lhe as visões que tivera no dia 03 de outubro de 1731. Entre outras coisas, essas visões sugeriam que “Afonso estava designado por Deus para fundar uma Congregação.” Ele foi impactado por essas revelações e começou ali o duelo entre as propostas de Deus e a consciência das próprias fraquezas. A santa Irmã chegou mesmo a repreendê-lo e falar com mais firmeza: “Afonso, Deus não o quer em Nápoles, chama-o para fundar um novo Instituto.” Já no início, precisou enfrentar a primeira oposição, a do próprio pai, que o censurava nessas escolhas, depois, precisou vencer a si mesmo, a fim de entregar-se inteiramente à vontade divina. Por fim, a graça venceu. Então, no dia 9 de novembro de 1732, Afonso fundou, em Scala, a Congregação dos Padres Redentoristas, que no começo tinha o nome de Instituto do SS. Salvador. Seus primeiros companheiros eram todos sacerdotes, assim, começaram logo a dedicar-se ao serviço da pregação.

Os combates e purificações

Mesmo nesse grupo de almas desejosas de Deus, não faltaram conflitos e tensões a respeito das ideias e inspirações. Por exemplo, uns queriam que o Instituto, além da pregação, pudesse se dedicar também ao ensino, enfim, havia muitas e muitas ideias. Afonso, porém, insistiu na exclusividade da pregação aos pobres nas regiões mais distantes e abandonadas, na forma de missões e retiros. Teve apoiadores e suas inspirações venceram. Assim, em 1749, receberam a aprovação de suas regras pelo Papa Bento XIV. Deveriam ter, a partir dali, como via pessoal e comunitária de santidade a imitação de Jesus Cristo, atuando no serviço da pregação, missões e retiros, de preferência atendendo às classes mais abandonadas.

Afonso ia, desse modo, percorrendo cidades e vilas do Sul da Itália, convertendo pecadores, reformando costumes, edificando as famílias. Mais do que com palavras, pregava com seu exemplo e testemunho de vida. As cidades disputavam por sua presença e pregações. Um dia, chegou ao seu conhecimento que o queriam nomear arcebispo de Palermo. Pediu orações para que se evitasse “o grande escândalo” desta nomeação. No entanto, precisou render-se à vontade de Deus. Assim, em 1762, o Papa Clemente XIII impunha-lhe a mitra de Santa Águeda dos Godos. Diante da nomeação, rendeu-se afirmando: “Vontade do Papa é a vontade de Deus.”

Atuação episcopal e os exigentes exercícios na academia da graça

Por 13 anos liderou como pastor zeloso e atento sua diocese, reformou o clero, os costumes e a vida espiritual dos fiéis. Contribui com notórias transformações na vida dos religiosos dos mosteiros e conventos. Os fiéis de sua diocese não demoraram a vê-lo como um santo pastor do rebanho de Deus. Sua pobreza de alma e coração o fez vender até as alfaias e os móveis de seu pobre palácio, para socorrer as pobres ovelhas de seu rebanho. Nem seu anel de bispo foi poupado. Em 1775, com a consciência de ter cumprido sua missão, colocou sua função e liderança da diocese à disposição do Santo Padre. Seu pedido foi atendido pelo Papa Pio VI, voltando, assim, para seu pobre e simples convento. Esse servo de Deus sofreu ainda o desgosto de ver a cisão do Instituto que fundara, sendo ele mesmo excluído da congregação que havia fundado.

ESCRITOR PROFUNDO E CONSISTENTE

Santo Afonso foi ainda um prodigioso escritor. Seus últimos doze anos de vida foram dedicados à escrita, enriquecendo seus leitores com obras de temática ascética e teológica. Deixou para os sacerdotes a sua célebre Teologia Moral. Para o povo cristão, deixou livros de “Meditações sobre a Paixão de Jesus”, “Glórias de Maria”, “Visitas ao S.S. Sacramento” e “Tratado sobre a oração.” Além de escritor, foi historiador, pregador, poeta e músico. Deixou muitas canções com letras e melodias profundas. Mesmo hoje em dia, algumas de suas letras são usadas em canções natalinas.

Santo Afonso Maria de Ligório teve seu encontro eterno com Deus no dia 1 de agosto de 1789, no convento de Pagani na Itália. Foi canonizado em 1831, pelo Papa Gregório XVI, e declarado Doutor da Igreja. Que Deus abençoe, por intercessão desse servo fiel, todos os sacerdotes, bispos e tantos escritores católicos que colocam seus dons a serviço da Igreja e anúncio do Evangelho.

Santo Afonso de Ligório, rogai por nós.


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