“Uma testemunha INCANSÁVEL e CONVICTA de Jesus Cristo, ‘o Verbo de Deus encarnado’”. Esta foi uma das profundas definições que o Papa Bento XVI proferiu, ao comentar a memória do testemunho de São Cirilo de Alexandria, no dia 03 de outubro de 2007.
Cirilo foi um fiel pastor, convicto e incansável. Esse servo de Deus governou a diocese de Alexandria, no Egito, e provavelmente nasceu nesta mesma cidade, entre os anos de 370 e 380. Desde sua juventude, foi se encantando com o ministério sacerdotal na Igreja. Em 403, estando em Constantinopla com seu tio, Teófilo, participou com ele de um Sínodo, que ficou conhecido como Sínodo do Carvalho. Ele teve um papel fundamental naquele encontro e, com êxito, corrigiu equívocos que ameaçavam a comunhão e a doutrina da Igreja. Seu empenho assinalou o triunfo da sede da Igreja de Alexandria sobre a sua tradicional rival Constantinopla, onde morava o imperador.
Um jovem pastor, fiel à comunhão com a Igreja
Com a morte do seu tio Teófilo, o ainda jovem Cirilo foi eleito para substituí-lo no pastoreio da diocese, sendo sagrado bispo em 412. Governou e pastoreou seu rebanho na Igreja com grande vigor e zelo por 32 anos. Nunca se desviou dos princípios que tinha no coração: confirmar a primazia e a Tradição da Igreja no Oriente, sem se descuidar dos laços inegociáveis com a liderança da Igreja de Roma.
Numa de suas pregações, deu a Virgem Maria o título de “Mãe de Cristo” (Christotokos), unindo esse a um outro muito querido pela devoção popular, o de “Mãe de Deus” (Theotokos). Pastor atuante, muito se empenhou para que houvesse uma atuação mais incisiva dos leigos na Igreja. Seus critérios e argumentos eram de que “a fé do Povo, do fiel comum, devia ser também expressão da tradição e garantia da boa doutrina cristã”.
Grande teólogo, com um coração de místico
Em uma de suas cartas dirigidas a Nestor, Cirilo descreveu claramente suas intuições, que mostravam de modo teológico e profundo a perfeita unidade entre as naturezas humana e divina de Jesus. Entre outras coisas, escreveu: “Afirmamos, assim, que as naturezas, unidas em uma verdadeira unidade, são diferentes; delas resultam apenas um só Cristo e um só Filho”, porque “divindade e humanidade, unidas em um elo indizível e inexprimível, produziram para nós um único Senhor, um único Cristo e um único Filho”.
Nesta exposição profunda, frisou que: “Professamos um só Cristo e Senhor”. Suas teses geraram algumas discussões e represálias, entretanto, em 433, conseguiu chegar a uma fórmula teológica na qual reviu e purificou suas afirmações, junto aos fiéis de Antioquia. São Cirilo de Alexandria faleceu no dia 27 de junho de 444.
“Toda a nossa vida é uma primavera, porque temos em nós a verdade que não envelhece e essa verdade anima toda a nossa caminhada“. Em outras palavras, esse gigante acreditava que o homem vive no tempo e no espaço, mas algo dentro de si o impulsiona para realidades mais profundas e elevadas.
Que Deus nos inspire e oriente, para que busquemos sempre as realidades mais profundas e elevadas que Ele deseja para nós, segundo o espírito e fé de São Cirilo de Alexandria.
São Cirilo de Alexandria, rogai por nós.