Formação

São Josafá, um pastor fiel do rebanho de Deus

Além de promover com o seu testemunho a caridade para os pobres, desgastou-se por inteiro na promoção da unidade da Igreja Bizantina com a Romana; por isso conseguiu levar muitos a viverem unidos na Igreja de Cristo.

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Hoje te convido a vir comigo para meditarmos sobre a vida e testemunho de São Josafá, um bispo fiel e pastor dedicado do rebanho de Deus. Porém, antes de entrarmos em sua biografia propriamente dita, te convido a ler de modo atento essa oração proposta pela Igreja em sua memória.

“Suscitai, ó Deus, na vossa Igreja o Espírito que impeliu o bispo São Josafá a dar a vida por suas ovelhas e concedei que, por sua intercessão, fortificados pelo mesmo Espírito, estejamos prontos a dar a nossa vida pelos nossos irmãos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. São Josafá, rogai por nós.”

Viu que profundo? Esse servo de Deus tinha por nome de batismo Kuncewicz e nasceu no ano de 1580, num lar muito cristão. Eram fiéis membros da Igreja Ortodoxa da Ucrânia. Já na juventude, notava-se uma profunda atração à vocação religiosa. Assim, dedicou-se aos estudos de filosofia e  tendo então completado vinte anos de idade, ingressou na Ordem de São Basílio. Após a consagração e votos, adotou o nome de Josafá. Mesmo sendo tão jovem, destacou-se pelo forte senso de pertença, compromisso, espírito de oração, sabedoria e grande capacidade de amar.

Sabedoria potencializada pela relação com Deus

A luz, quando brilha forte, atrai corações confusos pelas noites da vida, assim, algum tempo depois de seu ingresso na vida religiosa, mesmo sendo ainda tão jovem, São Josafá recebeu a função de superior do mosteiro. Em seguida, foi nomeado monsenhor de uma cidade de grande valor histórico, Polotsk, na Rússia. Depois, com apenas 37 anos, mesmo a contra gosto foi nomeado arcebispado de Polotsk. Seus biógrafos evidenciam que a brilhante carreira de São Josafá, tinha respaldo em seus grandes dotes intelectuais, mas também em sua santidade de vida.

Era um exemplo notório de virtudes, na prática da caridade e obediência total à disciplina de sua vocação monástica. Conta-se que, numa ocasião, notou que uma senhora pobre e viúva vivia alguns sofrimentos. Sem condições no momento para socorrê-la, penhorou o próprio pálio, um adereço litúrgico caro, por sinal, e assim obteve o dinheiro necessário para socorrê-la.

Ministro incansável da unidade eclesial

No ano 1595, São Josafa Kuncewicz e um grande grupo de religiosos orientais,  membros da Igreja cismática da Rússia, converteram-se à Igreja Católica Apostólica Romana. Reconheceram que a Igreja Católica era a verdadeira Igreja, historicamente instituída por Cristo. Eles decidiram conservar a liturgia oriental criada por São João Crisóstomo e passaram a ser conhecidos como Uniatas.

São Josafa Kuncewicz defendia com muita coragem a autoridade do Papa como o verdadeiro representante de Cristo e o sucessor de Pedro na terra. Ele também lutou pelo fim do cisma, isto é, da divisão, procurando a união com a sede de Roma. Pregava, ensinava e fazia de tudo para seguir os ensinamentos e a doutrina de Jesus Cristo estando em uma só Igreja, sob a verdadeira autoridade de um único pastor.

Não demorou e as provações e sofrimentos o visitaram. As pregações de São Josafa Kuncewicz em defesa do Papa e da unidade da Igreja desagradaram os divisores e cismáticos da Igreja. Sua atitude foi vista como uma traição à sua pátria, tanto que esse fiel servo de Deus sentia que poderia morrer e afirmou várias vezes: “Vereis que ainda me vão matar.” E procurava preparar os fiéis para o que aconteceria. Porém, não tinha medo e nem por um momento deixou de lutar.

Combateu o bom combate, guardou a fé.

Em uma de suas visitas a uma paróquia de sua diocese, a casa onde se hospedou foi atacada. Muitos que o acompanhavam foram assassinados, inclusive parentes e fiéis apoiadores. São Josafa Kuncewicz, então, apresentou-se corajosamente diante dos inimigos e perguntou: “Porque vocês matam meus familiares e minhas ovelhas se querem matar a mim?” Então, voltaram-se contra ele,  espancando-o e torturando-o. Após os golpes violentos, mataram-no e lançaram seu corpo num rio. Era o dia 12 de novembro de 1623. Aconteceu em Vitebsk, na Bielorússia. Seus restos mortais foram recuperados e mais tarde, os fiéis  passaram a venerá-lo com amor e respeito, pelo testemunho tão corajoso de amor e fidelidade a Deus. Tempos depois, seus assassinos foram presos, julgados e condenados. Tendo se  arrependido, buscaram reconciliação com Deus, por meio da Igreja. São Josafa Kuncewicz foi canonizado em 1876 pelo Papa Pio IX, em 1876.

Que Deus abençoe, por intercessão desse servo fiel, todos os missionários, sacerdotes e leigos, sobretudo nos lugares do mundo onde o relativismo e a indiferença religiosa têm ganhado tanto espaço.

São Josafá, pastor fiel do rebanho do Senhor, rogai por nós!

 


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