Hoje vamos recordar com gratidão o testemunho fiel de São Lucas. Esse gigante da fé fez parte dos primeiros anunciadores de Jesus e é o autor de um dos Evangelhos sinóticos e do livro dos Atos dos Apóstolos. Segundo alguns grandes teólogos e biblistas, seus textos estão entre os de maior expressão literária do Novo Testamento. Vamos descobrir, então, qual é a origem desse servo fiel.
Lucas nasceu no século I da era cristã, em Antioquia, na Síria, região situada próxima à costa do Mediterrâneo, atual sudeste da Turquia. Pelo tom mais instruído de seus escritos, acredita-se que pertencia a uma família culta e com boa condição financeira. Segundo informações da Tradição, ele era muito habilidoso na arte da pintura e exercia ainda a profissão de médico. As primeiras referências a São Lucas constam das epístolas de São Paulo, nas quais ele é chamado de “colaborador” e de “o médico amado” (Cl 4,14). Acredita-se que ele tinha por volta de 40 anos de idade quando foi evangelizado.
Lucas não conheceu pessoalmente Jesus, mas fez parte do numeroso público que foi evangelizado pelos Apóstolos, tornando-se, assim, um exímio colaborador do anúncio da Salvação. Ele participou das ações evangelizadoras da Igreja nascente em Jerusalém, tornando-se depois um grande apoiador e discípulo de São Paulo.
O Evangelho de São Lucas
Em resumo, o Evangelho, expressão grega que significa “boa nova”, porta a feliz mensagem da Salvação obtida pela Encarnação, Morte e Ressurreição de Jesus. O Evangelho atribuído a São Lucas provavelmente foi escrito entre os anos 50 e 60 d.C. e contém vinte e quatro capítulos. O escrito é dividido em três partes: da infância de Jesus até João Batista; a atividade de Jesus na Galileia; e Jesus em Jerusalém, onde os acontecimentos de Sua Paixão, morte e Ressurreição se desenvolvem.
Apesar de ser um dos Evangelhos sinóticos, ou seja, que traz muitas semelhanças com a narração de Mateus e Marcos, o texto lucano apresenta algumas passagens exclusivas e até palavras de Jesus que não se encontram nos demais Evangelhos. Por exemplo, Lucas é o único a narrar a promessa de Jesus Crucificado ao bom ladrão: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43).
Ele foi ainda o evangelista que mais falou sobre a Virgem Maria e, a partir disso, traçou um relato importante sobre a infância de Jesus. Lucas nos mostra segredos e detalhes sobre a Anunciação, a Visitação e o Nascimento de Jesus, deixando a entender que obteve informações particulares diretamente da Mãe do Senhor ou de alguém muito próximo a ela.
Destaca também aspectos relevantes sobre a personalidade de Jesus: seu amor pelos pobres, pelas crianças, pelas mulheres e pelos pecadores, como nas parábolas do bom samaritano, do amigo inoportuno, da ovelha perdida e do filho pródigo. Ressalta, ainda, temas como a piedade, a oração, a alegria nascida da fé e a ação do Espírito Santo.
Os Atos dos Apóstolos
O livro dos Atos dos Apóstolos está disposto imediatamente após os Evangelhos na Bíblia, relatando os acontecimentos entre o desfecho da vida terrena de Jesus, com sua Ascensão, e os primeiros tempos da Igreja nascente, que tem sua origem na grande manifestação do Espírito Santo, que foi o acontecimento de Pentecostes, e a consequente e destemida evangelização promovida pelos apóstolos e discípulos de Jesus por todo o mundo.
Na narrativa, que provavelmente foi escrita em meados dos anos 80 d.C., os feitos de Pedro, Paulo, Filipe, Estevão, Barnabé e dos demais discípulos de Jesus foram protagonizados pelo Espírito Santo, o qual Jesus havia prometido e que é a força propulsora que move e conduz a Igreja até hoje. Em meio às perseguições e aos grandes desafios para anunciar a Boa Nova, os apóstolos percorreram muitas regiões para atestar que o tempo da Salvação havia chegado.
Como Jesus tinha prometido, muitos sinais acompanharam os Seus discípulos: curas, milagres, dons do Espírito Santo e, por fim, o martírio, sinal máximo da perseverança e fidelidade ao Evangelho, que os uniu perfeitamente a Cristo e fecundou com precioso sangue a missão da Igreja que, ao invés de definhar pelo medo das torturas e da morte, cresceu sobremaneira, atraindo inúmeros homens e mulheres a abraçar a fé.
A páscoa de São Lucas
Após ter anunciado incansavelmente a Boa Nova de Cristo à humanidade, finalmente o Evangelista deveria terminar a sua caminhada nesta terra. Existem várias versões sobre a morte de São Lucas. Em uma delas, diz-se que foi martirizado em Patras; outra, em Roma, ou mesmo em Tebas. A Tradição, no entanto, diz que ele morreu martirizado após ser pendurado sob uma árvore na Acaia, no ano 84.
Que Deus derrame sobre toda a Igreja, por intercessão deste santo servo, um renovado ardor missionário. Que a seu exemplo, possamos anunciar a paz, até o fim.
São Lucas, rogai por nós.