Hoje, 19 de outubro, vamos fazer memória de mais um servo de Deus, que foi um discípulo fiel de São Francisco de Assis, cujo nome de Batismo era Juan de Sanabria. Como era costume entre os religiosos antigos, após a consagração, adotou um novo nome, Irmão Pedro. Essa mudança simbolizava a vida nova que estavam dispostos a abraçar após o ato público de consagração e pertença definitiva a Deus.
Frei Pedro, esse servo fiel e apaixonado, nasceu em Alcântara (Cáceres, Espanha) no ano de 1499. Sua mãe chamava-se Maria Vilela e seu pai, Alonso Garabito. Após três anos de estudos em Salamanca, abraçou a Ordem do Pobrezinho de Assis, Ordem Franciscana da Custódia do Santo Evangelho. Em Majarretes (Badajoz), lugar de seu noviciado, realizou um mergulho profundo na intimidade com Deus e no espírito da Santa Pobreza, de seu pai espiritual, São Francisco. De fato, como ele mesmo partilhou mais tarde, nasceu um novo homem: Juan de Sanabria se transformou em Pedro de Alcântara.
Em 1519, antes mesmo de ser ordenado sacerdote, foi nomeado superior de um novo convento em Badajoz, obra local a ser fundada por ele. Completados os estudos de filosofia, teologia, direito canônico, moral e homilética, conforme as determinações da época, foi ordenado sacerdote em 1524. Tornou-se superior em Robledillo, depois em Placencia e novamente em Badajoz, até que em 1532 obteve permissão para recolher-se a uma vida mais contemplativa no convento de Santo Onofre da Lapa. Sentia-se muito atraído para uma vida mais entregue à oração e à intercessão pela Igreja.
Deus sabe o que pedir e a quem pedir
No entanto, esse repouso e mergulho em Deus, por meio de uma vida mais ascética, foi interrompida. Frei Pedro foi mais uma vez indicado para outros serviços. Em 1538 foi eleito Ministro Provincial da Província de São Gabriel. No período em que desempenhou essa tarefa, redigiu para seus religiosos um estatuto mais austero, tudo aprovado no Capítulo de Plasencia, em 1540. Em 1555, junto com outros irmãos, construiu o célebre convento de Pedroso. A partir deste momento, seus esforços de reformas frutificaram-se amplamente, tanto que, em 8 de maio de 1559, o Papa Paulo IV permitiu sua difusão também no exterior.
O desejo profundo de Pedro de Alcântara, com essas reformas, era o de um retorno da Ordem Franciscana à genuína observância da Regra, que Deus havia inspirado ao Pobrezinho de Assis. Mediante a suma pobreza, a rígida penitência e um sublime espírito de oração, alcançou os mais altos graus de contemplação e pôde, assim, atrair muitos outros frades àquele caminho de reforma que se propunha fazer.
Diga-me com quem andas e te direi quem és!
Foi um grande confessor e diretor espiritual, procurado por muitas almas desejosas de Deus, uma, inclusive, muito conhecida e amada em nossa Comunidade Shalom, Santa Teresa de Ávila. Seu apoio foi de muito auxílio na reforma da Ordem Carmelita. Teresa sentiu-se tão apoiada, que deixou escrito algo muito belo e significativo sobre ele: “Modelo de virtudes era Frei Pedro de Alcântara! O mundo de hoje já não é capaz de uma tal perfeição. Este homem santo é de nosso tempo, mas seu fervor é forte como de outros tempos. Tem o mundo a seus pés. Que valor deu o Senhor a este santo para fazer durante quarenta e sete anos tão rígida penitência!”
Depois de uma grande atividade eremítica e apostólica, morreu em Arenas de San Pedro, Ávila, no dia 18 de outubro de 1562, aos 63 anos. Em 1622, foi beatificado por Gregório XV e, em 1669, foi canonizado por Clemente IX. Sua memória é celebrada um dia depois de sua morte, pois no dia 18 a Igreja se volta para contemplar os grandes feitos de Deus na vida e missão de São Lucas evangelista.
Em 1826, ele foi declarado Padroeiro do Brasil, pois o imperador Dom Pedro I desejava que o nosso país tivesse um protetor entre os santos oficialmente reconhecidos pela Santa Sé, embora o País já fosse consagrado a Nossa Senhora Aparecida. Com o advento da República, esse título de São Pedro de Alcântara como padroeiro do Brasil foi um pouco esquecido pelos novos governantes, talvez pela semelhança do seu nome com os nomes dos membros da família imperial, no entanto, ainda podemos pedir a sua intercessão pelo povo brasileiro, pois é um santo de um grande espírito de oração, piedade e mortificação, virtudes tão necessárias para crescer na amizade com Deus e na santidade.
Que Deus batize nosso coração, por intercessão de São Pedro, num amor apaixonado. Que a seu exemplo, não poupemos esforços no anúncio de Jesus, o Shalom do Pai.
São Pedro de Alcântara, rogai por nós!
Parabenizo pela matéria, porém tomo a liberdade de fazer uma correção: a informação de que Nª Sª Aparecida já era padroeira do Brasil é equivocada, pois São Pedro de Alcântara se tornou padroeiro em 1826, enquanto Nossa Senhora foi proclamada nossa padroeira em 1930.