Hoje, com o coração agradecido, façamos memória de um grande cristão e missionário exemplar. Seu nome era Roque González e nasceu em Assunção, capital do Paraguai, no ano 1576. Embora tenha nascido naquele país, seus pais eram naturais da Espanha. Sua mãe chamava-se Maria de Santa Cruz e seu pai era Bartolomeu González Vila Verde. Eles eram um casal de origem nobre, educados nas virtudes, por meio de uma vida de fé.
Assim, com o exemplo de amor a Deus recebido em sua casa, aos 15 anos de idade, o adolescente Roque pediu ingresso no seminário, pois desejava dedicar toda sua vida ao serviço à Igreja. Aos 24 anos, concluiu os estudos e foi ordenado sacerdote. Ardia em seu coração o desejo de trabalhar na evangelização e formação espiritual dos índios que ocupavam as áreas do outro lado do rio Paraguai. Deus, desse modo, abençoou seus esforços missionários. Ele foi tão bem sucedido, que o bispo de Assunção quis que passasse a ser o pároco da catedral e, logo depois, assumisse o cargo de vigário geral daquela Diocese.
O padre Roque, porém, sentia que Deus tinha outros propósitos para a sua vida, tanto que renunciou a essas nomeações e pediu ingresso na Companhia de Jesus. Seu desejo se realizou em 1609, quando recebeu o hábito religioso dos jesuítas. A Partir daí, dedicou-se totalmente ao serviço de evangelização dos nativos de diversas regiões do Paraguai, Uruguai, Argentina, Brasil e até mesmo de algumas partes da Bolívia.
Comunhão à serviço da missão
Padre Roque González encontrou outros dois missionários tão apaixonados quanto ele e, unindo seus esforços, puderam colher frutos abundantes do anúncio do Reino de Deus. Os três padres, seguindo programas pastorais dos padres jesuítas, promoveram juntos missões entre os índios das tribos Guarani. O objetivo era evangelizar e formar os nativos, ensinando-os os princípios básicos e salvíficos da mensagem de Jesus, contidos no Evangelho.
Além disso, também buscavam manter a segurança e a proteção das vidas dos nativos. Os três jesuítas empenharam-se para que os elementos sadios da cultura deles fossem conservados. Entre outras ações, estava também a alfabetização, a catequese, o ensino de técnicas de plantio e a domesticação de animais.
As provações na vida de um missionário fiel
Apesar de sua vida dedicada à evangelização e à prática do bem, houve quem se opusesse ao trabalho dos jesuítas, assim, alguns índios de uma tribo mais perigosa, a mando do feiticeiro Nheçu, que dominava a região gaúcha onde o padre Roque estava evangelizando, assassinaram-no, junto com seus companheiros.
As mortes aconteceram no dia 15 de novembro de 1628, após a celebração da Santa Missa. Padre Roque estava construindo uma pequena torre para o sino, na nova capela. Então, os índios rebeldes chegaram, atacaram a redução e uma outra vizinha, chamada São Nicolau. Ali, mataram a muitos e incendiaram tudo. Padre João de Castillo foi morto em São Nicolau. Padre Afonso Rodrigues e padre Roque Gonzáles estavam juntos em Caaró e morreram ali, com golpes de machado e pedras na cabeça.
Na ocasião, cinquenta e três pessoas foram testemunhas da morte do padre Roque González. Segundo elas, um índio cheio de fúria arrancou-lhe do peito o coração com as próprias mãos. Nesse momento, porém, uma voz soou, dizendo: “Matastes a quem tanto vos amava e queria bem. Matastes, porém, só o seu corpo, porque sua alma está no Céu!”
Após ouvirem aquela voz, os índios assassinos enfureceram-se ainda mais, dilacerando o coração de Padre Roque com uma flecha. Depois, arrancaram-no e o jogaram ao fogo. No entanto, milagrosamente, o fogo não queimou seu coração. Ainda hoje o órgão é venerado como uma preciosa relíquia. O Papa Pio XI os beatificou, no ano de 1934. Em 1988, o Papa João Paulo II presidiu a cerimônia de canonização, instituindo o dia 19 como data oficial para celebrar a festa desses três santos servos de Deus.
Que Deus abençoe, por intercessão desses servos fiéis, todos os missionários, sacerdotes ou leigos. Que jamais arrefeça o ardor e a parresia em seus corações.
São Roque González e seus companheiros mártires, rogai por nós.