Sobre o cumprimento das promessas de Deus e a entrega da família Sales através da adoção.
Somos abertos à vida desde que nos decidimos por ser família. Sofremos por muito tempo, por não conseguir engravidar, por não conseguir ter os nossos filhos. Rezávamos sempre nessa intenção, pois sempre foi um desejo dos nossos corações, porém Deus e seus mistérios nos fez esperar.
Somos discípulos da Comunidade Católica Shalom e em 2015 estávamos em um dos nossos retiros e Deus nos fez um chamado um tanto inusitado, nos chamou a paternidade e maternidade de uma forma diferente, diferente do que nós imaginávamos, mas já estava em Seus planos para nós.
Durante um momento de oração, Deus, através de um irmão, disse ao Alexandre que os nossos filhos já estavam à nossa espera, sim eles já nos aguardavam, e neste mesmo momento outra pessoa rezava por mim e dizia que Deus nos dava Santa Gianna como intercessora neste tempo. Ele logo se perguntou – que tempo Senhor? – mas deixamos os questionamentos e finalizamos a oração.
Todos saíram da capela e em um momento sozinha, na presença de Nossa Senhora, eu olhei fixamente dentro dos seus olhos e a desafiei, fui corajosa e desafiei Maria dizendo: “Maria estou cansada de tantas promessas, de tanta espera, eu preciso saber se um dia teremos filhos, se viverei a maternidade. Se essa for realmente a vontade de Deus, me mande um sinal.”
E fui embora.
Maria, a mãe que não falha
No final do nosso retiro (terceiro e último dia), uma irmã foi até a frente e disse que Nossa Senhora tinha mandado um sinal como resposta ao questionamento feito por uma mulher, e sim era pra mim, Maria não me deixou sem respostas, mandou para mim uma rosa como sinal de que eu viveria a maternidade, como sempre tinha sonhado.
Passamos quase dois anos rezando com o chamado a adoção, que pra mim ainda era um processo de difícil aceitação, por não entender a dimensão do amor, mas a condução de Deus e a entrega a Sua vontade foram tornando estes sentimentos cada vez mais concretos e certos no meu coração, transformação essa que aconteceu devagar, mas ao mesmo tempo foi muito intensa e forte em mim, em meu coração.
Um itinerário
Em 01/08/17, demos entrada no processo na 1º Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (DF), foi quando entregamos toda a documentação. Como esse foi um chamado de Deus, decidimos fazer da forma mais correta possível. Não queríamos o que era fácil, pois Deus morreu na cruz por nós, e tínhamos que ser honestos, não só conosco, mas também com as famílias que esperam na fila e o que representamos dentro da Comunidade.
No dia 02/10/2018, iniciamos o curso de habilitação para a adoção e no dia 12/03/2019 Deus fez sair a nossa habilitação, estávamos prontos legalmente para viver essa aventura. Depois de habilitados, ficamos apenas em nosso silêncio e esperando.
A voz de Deus que fala ao coração
Uma semana depois, recebemos uma ligação em que nos falaram de um grupo de irmãos que estavam prontos para a adoção. Perguntaram se tínhamos o desejo de conhecer as suas histórias e fomos até a vara da infância. Escutamos falar de cada um deles, porém meu coração não se acalmou, não acolheu aquele grupo (cinco irmãos) e passamos uma semana para dar a resposta, foi muito difícil, mas dizemos não, optamos por não continuar o processo com eles, foi uma semana, foi incrivelmente difícil para o Alexandre, pois dizer não a algo que era uma condução de Deus era inexplicável. Rezamos tanto para Deus pedindo filhos, e quando Ele nos manda através da adoção, dizer que não queríamos era simplesmente ilógico.
Alexandre foi rezar e tentar entender de Deus o porquê meu coração não se acalmou, e Deus mais uma vez, com o Seu Amor, fez ele entender que estávamos vivendo uma gestação com todas as suas particularidades, inclusive o gestar em meu coração teria que acontecer, ou até mesmo um aborto espontâneo poderia acontecer, que foi o nosso caso, isso acontece quando o corpo da mãe não está preparado para receber aquele ou aqueles filhos.
Rezamos por eles, mas permanecíamos aguardando.
Foi então que fomos mais uma vez chamados na Vara da Infância, um mês após o acontecido acima. As psicólogas disseram que tinham um grupinho de irmãos para a adoção e perguntaram se queríamos conhecer as suas histórias, e prontamente dissemos que sim.
Nota: Um pouco antes de começarmos o processo, Alexandre estava em uma reciclagem (retiro de 10 dias da Comunidade Católica Shalom), e uma irmã de Comunidade, que não sabia de nada da vida dele, rezando por ele leu a seguinte passagem: Isaías 7, 10-14, em que Deus disse: “A jovem está grávida e dará à luz a um filho e dar-lhe à o nome de Emanuel”.) Guardem isso.
O momento tão esperado
Voltando à segunda chamada da Vara da Infância: Dessa vez, meu coração já estava acelerado e eu estava com vontade de chorar, pois já sabia que eram eles, os nossos filhos que estavam à nossa espera. Nossos seis filhos, sim seis filhos lindos e vindos do coração de Deus para a nossa vida, para nos tirar da nossa comodidade, para nos tirar de nós mesmos, para nos ensinar a sermos pai e mãe, para serem amados por nós.
Não queremos romantizar o processo, é lógico que como pais de primeira viagem, surgem os medos, as incertezas, as perguntas “será que seremos bons pais?”, mas as mais importantes eram: “será que estamos fazendo a vontade de Deus a adoção? Ou era apenas a nossa vontade?”
Então, só para finalizar e confirmar que eles foram mandados por Deus e por intercessão de Nossa Senhora: nossos filhos chegaram no abrigo dia 17/05/2018, dia do meu aniversário.
No dia em que fomos conhecê-los pessoalmente, em 03/07/2019, fomos até o abrigo, e depois da euforia da chegada, abraços e muito beijos, nossa filha mais velha (de 11 anos), foi até o quarto e disse que tinha um presente para mim. E vocês sabem o que era?
Sim, era a rosa que Nossa Senhora me prometeu no dia daquele retiro. Ela saiu do quarto com uma rosa vermelha nas mãos e disse que tinha guardado para mim. Nosso filho mais novo chama Manoel, que é o mesmo que Emanuel.
Alguns pode chamar isso de coincidência. Nós, que somos cristãos e ainda caminhamos em uma Comunidade católica, não acreditamos em coincidências, nós chamamos isso de vontade de Deus, de vida de oração e de escuta.
E sim, nossa família cresceu, de um casal, viramos oito, não é um ato de caridade, nem um gesto bonito, são nossos filhos gestados na vontade de Deus e da maneira que Ele escolheu para nós. Somos extremamente felizes e gratos a Ele por isso, pois não poderia ser de outra maneira.
“Esperar significa crer na aventura do amor, ter confiança nas pessoas, dar o salto no incerto e abandonar-se a Deus totalmente.”
(Santo Agostinho)
Crísteni Sales | Discípula da Comunidade de Aliança
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Meu Deus que testemunho da escuta e da vivencia da vontade de Deus, meus irmãos. Muito obrigada pelo sim generoso de vcs a Deus. Sejam santos! Conte com minhas orações. Deus os abençoe e os conduza em santidade!
Parabéns ao casal pela linda família!? escolhida a dedo por Deus pra vocês, no tempo Dele. Eu também sou mãe de 6 filhos, todos gerados no meu coração. Foram 2 processos de adoção. Me identifiquei em muito do que li, a história. Eu e meu esposo também somos católicos, e como vocês, acreditamos que fomos escolhidos por Deus para viver dessa forma a chegada dos nossos filhos. Cremos que ele nos concedeu essa dádiva e nos tem capacitado a cada dia na nossa missão de pais. Com certeza, não é gesto bonito ou caridade ( talvez a consequência) e sim mais uma família que se forma. É assim que os vejo, é assim que vivo no meu dia-a-dia com meu esposo e filhos! Parabéns! Que Deus permaneça a frente da família de vocês, os guiando e abençoando!??