A graça do amor esponsal, que é própria a todos os que possuem a vocação Shalom, foi o tema central da pregação de Emmir Nogueira, cofundadora da Comunidade Shalom, na assembleia comunitária da última segunda-feira, 6. Os membros se reuniram no Shalom da Paz para celebrar a Semana da Vocação. A Comunidade comemora 33 anos de existência na próxima quinta-feira, 9.
Emmir explicou que todos os cristãos recebem o amor esponsal pela graça do batismo. No entanto, os chamados à vocação Shalom vivem o amor esponsal de forma única, já que é este o cerne da vocação. “Não somos chamados ao mesmo patamar de amor esponsal dos que não têm a vocação Shalom. Nós consagrados na Comunidade Shalom somos chamados a um patamar de amor esponsal que é o cerne da nossa vocação.”
Ela explicou que é pela graça de Deus, o Esposo, que somos atraídos a viver este amor. “Às vezes queremos viver o amor esponsal e nos esquecemos de que é uma graça, um dom. É Deus quem me atrai, que se abaixa para me elevar.” A cofundadora explicou que é preciso deixar que o Esposo “viva em mim o amor esponsal e eu diga SIM a Ele.”
O amor esponsal é a vontade de Deus à respeito da vocação e, por isso, não vivê-lo significa frustrar os planos de Deus. Para crescer na graça do amor esponsal e ser conduzido por Deus a um matrimônio espiritual, é preciso entregar-se à oração, lutar para permanecer com o Esposo. “Eu busco o Esposo na oração e Ele me busca na graça. Só com a graça de Deus consigo rezar. Deus não iria pedir uma oração profunda, parada aos moldes de Teresa, uma lectio divina conforme o magistério da Igreja se Ele não me desce essa graça”, ponderou.
A co-fundadora ressaltou que essa certeza de que o amor esponsal é para todos os Shalom não estava clara no começo da vocação. Naquela época, achava-se que era uma graça exclusiva para os celibatários serem almas esposas. “A ousadia da graça, da novidade do carisma foi o que me impactou de cara. Todos são chamados ao amor esponsal, todos são almas esposas”, contou.
Matrimônio espiritual
O amor esponsal é uma graça que nos faz desejar a união mais alta entre nós e Deus, o “matrimônio espiritual”, como Emmir detalhou relembrando os escritos de Santa Teresa D’Ávila. Para chegar a essa realidade, é preciso entregar-se à graça de Deus e buscar a fidelidade na vida de oração diária.
“O amor esponsal não é o ápice da minha união com Deus. O ápice do amor esponsal é nessa vida o que santa Teresa chama de matrimônio espiritual. O Senhor quer unir-se a nós no que de mais profundo Ele tem, que é o seu amor e a sua vontade”. Ela explicou que nos unimos inteiramente com Deus no matrimônio espiritual quando somos encharcados pela caridade de Deus, desejando a sua vontade.
“Quem ama com amor esponsal sempre quer mais, sempre quer dar mais. Unir-se a Deus é possível se essa for a vontade Dele”, destacou. Em sua fala, Emmir também lembrou uma catequese do Papa Francisco sobre o perigo da mundanidade. Ela explicou que é preciso lutar para que as nossas paixões não roubem nosso tempo nem nos tirem da vontade de Deus.
Lembrando as palavras do Santo Padre, Emmir destacou que é preciso lutar para que a graça de Deus não seja em vão, vivendo a humildade, a mansidão e a pobreza. “Deus nos quer unidos a Ele na oração com luta, na oração diária. Ele quer nos levar por esse caminho à união de vontades com Ele no matrimônio espiritual”, ressaltou. Ela disse ainda que vale a pena a fidelidade na oração, vivendo as provações e deixar que Deus nos dê o único amor para o qual vivemos, Nosso Senhor Jesus Cristo. “Isso é o amor esponsal aos moldes da vocação Shalom”.
Por Teresa Fernandes
