Eu me chamo Apoena Reis, tenho 23 anos e sou discípula da Comunidade Católica Shalom como Comunidade de Aliança, na Missão de Aracati (CE). Certamente, eu começaria esse breve testemunho sobre ser artista, dizendo que entrei no mundo das artes aos oito anos de idade, quando comecei a fazer parte do grupo de teatro do colégio Salesianas. Porém, depois de uma pregação da Emmir Nogueira, cofundadora do Shalom, no Congresso de Artes de 2014, digo que “sempre estive no mundo das artes”, desde que fui pensada por Deus. É dela essa frase, que foi o inicial da sua pregação no sábado de manhã: ‘’Você faz arte desde que Deus criou você para isso’’.
Deus me criou para isso, elegeu-me por misericórdia e sou imensamente feliz e profundamente grata. Cresci nesse grupo de teatro, tive professores fantásticos, era apaixonada pelas técnicas e pela arte que fazíamos, mas quando conheci a Arte Shalom fiquei fascinada, porque não era uma representação em palco que eu via, era a minha vida! O primeiro espetáculo que assisti foi providencialmente “O canto das Írias”. Eu não apenas assisti como uma espectadora, porque as perguntas que o homem fazia a Jesus também eram as minhas perguntas, e Jesus as respondia, não respondia apenas a ele numa interpretação cênica, mas respondia a mim, ao anseio do meu coração, como em oração profunda.
Estou no Projeto Artes desde 2010, quando começaram os primeiros trabalhos na missão. O que vivi e vivo a cada dia, nesse ministério, é uma obra intensa de conversão e abandono em Deus, de voltar ao essencial sempre.
Não há uma só apresentação que fizemos que não tenhamos passado por provações e fortes tentações. É um caminho onde aprendemos a ser pobres, e todas as vezes em que paramos de lutar com nossas forças e entendimentos, que paramos de ser independentes e voltamos ao louvor e confiança Naquele que está a frente, experimentamos fortemente da providência e do cuidado de Deus. Com a turnê do “Canto das Írias” que fizemos em algumas cidades do Ceará tenho muitos testemunhos. Um deles foi quando, muito cansados de tantos ensaios, em determinado dia, pelo socorro do Espírito, fomos “arrastados” a uma Adoração, onde Deus claramente nos disse: ‘Quero os vossos corações, não quero o fazer, quero o ser’. Percebemos que não podíamos dar Deus às pessoas, porque não o tínhamos naquele momento.
Descansados em Deus e com Ele à frente, seguimos os preparativos, mas se importando muito mais em rezar do que com qualquer outra coisa. No dia do espetáculo, muita coisa deu errada: palco muito pequeno, erros durante a execução da peça. Mas estávamos imensamente gratos, um pouco tristes, mas cheios de louvor. Ao final, uma senhora me procurou aos prantos, abraçou-me e disse: “Sou fascinada por teatro. Sou de São Paulo e já assisti a muitas peças com atores famosos, mas ao ver essa peça que vocês fizeram hoje percebi que nada foi tão lindo. Deus é realmente tudo isso que vi aqui hoje, e eu o pude encontrar!’
O que fica sempre forte pra mim é que nós, muitas vezes, não temos dimensão do que Deus pode realizar e até de que é Ele mesmo quem realiza e não nós. Mesmo que não saia tudo tão perfeito, se formos amigos de Deus, será belo e o nosso único objetivo de evangelizar será alcançado.
Ser artista, pra mim, é evangelizar através do meu corpo, da minha expressão, é levar o coração do homem ao encontro da beleza de Deus, mas principalmente ser sustentada pelo Amor e arrastada pela misericórdia, porque sou eu a primeira a ser evangelizada, sempre.